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Maju completa um ano no Jornal Hoje, sob ataques de Bolsonaro

Jornalista sofreu críticas e ofensas desde o primeiro dia como âncora


Maria Júlia Coutinho no estúdio do Jornal Hoje
Maria Júlia Coutinho no estúdio do Jornal Hoje - Foto: Fábio Rocha/TV Globo

Maria Júlia Coutinho retornará à bancada do Jornal Hoje nesta quarta-feira, 30 de setembro, uma data simbólica e especial na carreira da jornalista na TV. Há exatamente um ano, ela estreava como âncora do telejornal vespertino da Globo e acumulou posicionamentos firmes, momentos marcantes e ataques até do presidente Jair Bolsonaro.

Desde quando assumiu o Jornal Hoje, comandado por Sandra Annenberg durante 16 anos, Maju pensava que seu principal adversário era o Balanço Geral, mais especificamente A Hora da Venenosa, jornalístico da Record líder de audiência. O desafio da apresentadora estreante, no entanto, foi maior fora da guerra por ibope.

Logo na primeira semana, Maju recebeu críticas pelo nervosismo normal em uma transmissão ao vivo de TV. Sites chegaram a contar quantas palavras ela errou e culparam uma suposta "dificuldade para ler", crítica com teor racista em função da cor e da origem da apresentadora, filha de professores e cria da Vila Matilde, zona leste de São Paulo.

Na ocasião, Maju recebeu apoio de colegas e rebateu as críticas durante conversa ao vivo com Jessica Senra, apresentadora do Bahia Meio-Dia, telejornal local da Globo em Salvador: "Só erra quem se arrisca".

O apoio popular manteve o bom astral e a confiança de Maju. Em pouco tempo, o telejornal com novo formato, sem bancada, ganhou a cara de sua titular. E ela ganhou fãs, como a pequena Maria Alice, de apenas dois anos, que se sentiu representada ao ver uma negra com cabelo crespo em destaque na TV. O encontro das duas conquistou a internet.

Maju Coutinho e Bolsonaro

Com a pandemia de coronavírus e os protestos contra a violência policial, Maju ocupou ainda mais o lugar de âncora do Jornal Hoje, e opinou sobre o fracasso do Brasil no controle da Covid-19 e os atos antirracistas no Brasil e em outros países.

"Esta não é uma luta só de negros não, é de todos que acreditam que não é normal uma pessoa já imobilizada morrer e um garoto de 14 anos morrer baleado em casa", disse Maju sobre os assassinatos de George Floyd, nos Estados Unidos, e João Pedro, no Rio de Janeiro.

Sobre a pandemia, ela elogiou o presidente de Portugal, Marcelo Rabelo de Sousa, por ensinar na TV a população a se proteger do novo coronavírus. "Ah, se todos os presidentes fossem assim", afirmou, em crítica sutil a Bolsonaro.

Recentemente, a apresentadora se tornou vítima de notícias falsas. Uma dizia que Maju, em entrevista à TV de Portugal, afirmou que "trabalha até de graça por queda de Bolsonaro". A jornalista desmentiu imediatamente.

Em agosto, o presidente brasileiro acusou Maju de mentir quando noticiou que nem ele nem um integrante do governo prestou solidariedade às vítimas da Covid-19 no país. Naquele dia, Bolsonaro havia promovido um evento para celebrar o sucesso do Brasil no combate à pandemia.

Bolsonaro inflamou seus apoiadores a atacarem Maju com a tag #MajuMentirosa no Twitter. Como a apresentadora não mentiu, seus admiradores rebateram com #MajuMaravilhosa. No dia seguinte, ela esclareceu a notícia, reafirmando que nem o presidente nem o governo se solidarizaram com os mais de 100 mil mortos (até a última terça, o Ministério da Saúde registrou 143 mil óbitos, segunda pior taxa do mundo).

"Agora deixa eu fazer aqui um esclarecimento. Ontem, o JH noticiou que, durante o evento Brasil Vencendo a Covid, nem o presidente Jair Bolsonaro nem nenhuma autoridade do governo prestou solidariedade às vítimas. Mas uma médica da Bahia, a doutora Raíssa Soares, que não faz parte do governo, pediu um minuto de silêncio, e o pedido foi respeitado por todos os presentes, inclusive pelo presidente. Fica aqui o esclarecimento", disse Maju.

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