Memórias da Telinha

Há 18 anos, Record apostava em games e lançava Milton Neves no Roleta Russa

Roleta Russa foi lançado em outubro de 2002 para combater o Show do Milhão do SBT


Milton Neves em 2002 no Roleta Russa
Milton Neves à frente do Roleta Russa - Divulgação/TV Record

Filão que já foi mais saboreado na TV, os games tiveram seus dias de glória no início dos anos 2000. Os famigerados programas de perguntas e respostas viveram seu auge no início do século XXI depois do lançamento do Show do Milhão no final de 1999 e contou com vários "filhotes" (como o Jogos de Família e No Vermelho), dentre eles o Roleta Russa, lançado pela Record em 2002 sob o comando de Milton Neves.

A emissora cogitou o nome de Otaviano Costa, mas preferiu apostar no jornalista, que estava em alta após o pentacampeonato da seleção brasileira em 2002. O Roleta Russa era um formato original da Columbia e seu cenário era baseado no tambor de um revólver. O participante que errasse a resposta de alguma pergunta acionava uma alavanca, que selecionaria um dos outros jogadores ou a si. Quem fosse "premiado", acabava caindo num buraco e dando adeus ao jogo.

Antes da estreia do game, Neves disse ao jornal O Globo que seria cruel. "Não poderei ser amigo dos participantes. É uma exigência da própria Columbia. Na Espanha, o apresentador era alegre, e por isso não deu certo. Não vou prejudicar ninguém, mas tenho que contribuir para a tensão do jogo", afirmou ele.

O formato era basicamente um Show do Milhão mais tenso. As perguntas abordavam conhecimentos gerais, e o prêmio máximo era de R$ 500 mil. "Se não der audiência, quem cai no buraco sou eu", brincou Milton numa declaração ao jornal O Estado de São Paulo, dias antes da estreia em 31 de outubro de 2002.

Milton relatou à revista Isto É que chegou a gravar mais de 15 pilotos. O objetivo era claro: bater o Show do Milhão às quintas. O game-show do SBT já não gozava de tanta popularidade como nos anos anteriores e caminhava para um desgaste. "É a apresentação mais difícil que já fiz na carreira, as variáveis de desfecho são inúmeras", adiantou.

Cada episódio custava cerca de R$ 60 e contava com uma tecnologia de ponta. "Roleta Russa é complexo, mas não complicado. Atualmente faz sucesso em nove países", destacou o então diretor artístico da Record, Del Rangel.

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Os primeiros episódios do Roleta Russa geraram curiosidade do público, e grande parte torcia para que os participassem errassem e caíssem no tal "alçapão". Com médias em torno de 9 pontos, já figurava entre as atrações de maior audiência da Record, e não demorou para assustar o show de Silvio Santos.

No dia 2 de janeiro de 2003, o Roleta Russa desbancava o Show do Milhão com 8 pontos de média e pico de 14. A Record constatou que o jeito sisudo de Milton não agradava tanto, e ele se soltou um pouco mais. "Estou fazendo o programa mais do meu jeito, que é mais alegre, descontraído. O telespectador não estava gostando daquele Milton Neves sisudo. Agora eu até ajudo os participantes, quando posso", entregou ele ao jornal O Globo na edição de 12 de janeiro de 2003.

Para o titular do Roleta Russa, os participantes tinham que ralar. "As perguntas não são tão fáceis quanto as do Show do Milhão, mas quando estávamos gravando um piloto, uma assistente do programa da Adriane Galisteu [É Show] participou e acertou todas", garantiu.

O game-show ficou na Record por um ano, até outubro de 2003. A última edição contou com famosos como Christina Rocha, Alessandra Scatena, Dedé Santana, Carlos Cavalcanti e Dhomini, ex-BBB3. Segundo a Folha de São Paulo em edição de 25 de outubro daquele ano, a Sony, detentora do formato, pediu US$ 600 mil pelos direitos.

O programa acabou perdendo o fôlego, e se em seus meses iniciais rondava os dois dígitos, no final raramente passava dos 4 pontos.

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