Emicida critica racismo no Faustão: "O brasileiro finge que vive numa democracia racial"
Músico lembrou que brasileiro deveria defender igualdade social
Publicado em 14/06/2020 às 19:20
Emicida participou neste domingo (14) do Domingão do Faustão com uma entrevista inédita concedida no formato de videoconferência e falou com o apresentador sobre diversos temas, como a violência contra a mulher e a Covid-19. Além disso, o músico fez questão de criticar o racismo estrutural que aconteceu no Brasil.
Provocado por Faustão para opinar sobre a diversas manifestações antirracismo que tomaram conta do Brasil, após o assassinato de George Floyd, nos EUA, o cantor foi enfático a mostrar que há muita diferença. "A gente ta tratando de contextos diferentes, embora a opressão racial seja muito presente nas duas sociedades", iniciou.
A partir daí, Emicida criticou o que ele acredita ser hipocrisia do brasileiro ao lidar com o racismo. "A forma superficial como a sociedade brasileira lida com o racismo, a gente finge que o problema é na África do Sul ou nos EUA. O brasileiro médio finge que a gente vive numa democracia racial e isso não é verdade. A gente vive um estado de desespero, de emergência, de muito perigo e quanto mais escura for a cor da sua pele mais perigoso é", salientou.
Ele lembrou ainda é preciso que o Brasil olhe para o problema ocorrido no próprio país, além de defender a causa de outros povos. "Acho que o Brasil tem emergências que precisam fazer com que ele se debruce na realidade doméstica. Por que uma mulher abandona uma criança de cinco anos num elevador? Porque ela não reconhece a humanidade e acha que é responsável por alguém que seja igual a ela", explicou se referindo ao caso do menino de cinco anos que morreu, após cair do nono andar de um prédio em Pernambuco, após a patroa da mãe do menino deixá-lo sozinho no elevador.
Emicida defende mulheres
O músico não perdeu a oportunidade de falar no Faustão e defendeu as mulheres contra a violência doméstica. "Venho de uma realidade de bastante pobreza, me recordo nos primeiros anos da minha vida que tinha um vizinho que o marido agredia a mulher todos os dias", lembrou.
Emicida aproveitou para contextualizar para o momento. "Eu estou falando dos anos 80, mas a gente não pode agir como se isso não fizesse parte do Brasil nos dias de hoje porque a violência contra a mulher faz parte da nossa realidade
muitas mulheres estão sendo agredidas por seus companheiros durante o isolamento", lamentou.
Por fim, o cantor ainda lembrou que o problema do coronavírus no Brasil também é aumentado por conta das diferenças sociais. "O que é extremamente letal e mais letal que o coronavírus? O abismo social que a gente vive", encrrou.1