Preconceito

Assim como o “Fábrica de Casamentos”, dramaturgia já discutiu representatividade e racismo

Temas são repetidos nas novelas


Cena de Fábrica de Casamentos
"Fábrica de Casamentos" mostrou uma história que parecia de novela e falou de racismo e representatividade

O episódio do “Fábrica de Casamentos” exibido neste sábado (18) chamou a atenção por uma série de motivos. Além de ter mostrado um casamento que primou pela cultura afro, o reality show do SBT aproveitou a deixa para discutir temas que são recorrentes na televisão: racismo e representatividade.

O casal de negros que se conheceram sendo de classes sociais completamente diferentes e que tiveram a resistência das famílias para aceitar a relação é repetido mil vezes na dramaturgia brasileira e se transformou até numa espécie de clichê.

Embora o casal seja negro e isso se diferencie, a história de Carolina e Jackson, com a resistência das duas famílias por conta das diferenças sociais, já foi muito contada nas telenovelas.

Como é o caso de “Duas Caras” (2007), em que a patricinha Júlia de Queiroz Barreto (Débora Falabella), acaba se envolvendo com Evilásio Caó (Lázaro Ramos), favelado nascido na Portelinha.

Assim como o “Fábrica de Casamentos”, dramaturgia já discutiu representatividade e racismo

A história de diferenças sociais é a premissa básica de um dos grandes clássicos da dramaturgia. Em “Mulheres de Areia” (1977 e 1993), Marcos Assunção (Carlos Zara na primeira versão e Guilherme Fontes na segunda) se apaixona por Ruth (Eva Wilma e Glória Pires), uma jovem professora que é pobre, diferente da família dele.

Na Record, “Vidas Opostas” também tratou do tema. Miguel (Léo Rosa), um jovem milionário e que estuda na Europa, conhece Joana (Maytê Piragibe), uma moradora de um dos morros mais perigosos do Rio de Janeiro. O casal se apaixona e enfrenta o preconceito de todos para manter a relação.

Representatividade

A televisão brasileira também tem sido constantemente acusada de falta de representatividade. Justamente o que ocorreu com o “Fábrica de Casamentos” no último sábado ao mostrar um casamento afro.

Recentemente, a novela “Segundo Sol” foi acusada de não colocar personagens negros com papéis de destaques, mesmo com a trama sendo desenvolvida toda na Bahia, que conta com população majoritariamente negra. Um representante da comunidade negra chegou a dizer que a Globo não quis acordo sobre cota racial na novela.

Em entrevista ao NaTelinha, o ator Ícaro Silva, que atualmente vive o cantor de lambada Ticiano, comentou que faltam personagens negros com maior carga dramática na TV brasileira e isso se dá por conta do racismo institucional.

Nesta semana, “Órfãos da Terra” foi aplaudida de pé num Feira internacional ocorrida nos EUA justamente por exibir em seu clipe a história de amor de dois refugiados que perdem tudo e fogem para o Brasil.

Assim como o “Fábrica de Casamentos”, dramaturgia já discutiu representatividade e racismo

E não se trata apenas de representatividade de raças e povos que a dramaturgia vem tratando. A questão sexual e de identidade de gênero vem ganhando cada vez mais espaço nas telenovelas brasileiras.

Em “A Força do Querer”, Glória Perez discutiu a transexualidade e emocionou muita gente. Aliás, o tema vem se tornando figurinha repetida nas novelas. Várias trans vem recebendo cada vez mais espaço no formato, como ocorreu em “O Sétimo Guardião” e se repetirá em “Bom Sucesso” e “A Dona do Pedaço”.

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