Antes badalada e disputada, Amora Mautner perde espaço e deve voltar para as 18h
Diretora de Avenida Brasil não trabalha na TV aberta há 3 anos
Publicado em 07/12/2022 às 04:00
Dez anos atrás Amora Mautner vivia o auge da carreira como diretora. Dividindo o comando de Avenida Brasil com outros colegas, ela virou protagonista nos bastidores por conta do ritmo e da liberdade dada ao elenco para improvisar em cena. A partir daí, a profissional subiu de cargo na Globo e nunca mais foi a mesma, mudando de autores frequentemente, abandonando trabalhos e perdendo espaço. Agora, a ex-queridinha de todos os novelistas da casa precisa se reinventar e retorna onde explodiu, a faixa das seis. É essa a avaliação da cúpula do canal ao dar uma nova chance.
Mautner foi convidada para assumir a direção artística de uma produção das 18h em 2023 e que marcará o retorno de Lícia Manzo para a faixa. A novela, ainda sem nome definido, disputa espaço na grade como substituta de Amor Perfeito, que entrará no ar logo depois de Mar do Sertão, no primeiro trimestre do ano que vem.
Caso seja a escolhida, a trama será exibida provavelmente a partir de agosto, o que significa dizer que Amora voltará a assinar a direção de uma trama da TV aberta após quatro anos. A última vez que ela trabalhou na Globo foi em A Dona do Pedaço, em 2019. Depois, a diretora esteve à frente de Verdades Secretas II, que foi produzida para o Globoplay.
Entre Avenida Brasil e a provável volta para o horário das 18h muita coisa aconteceu. Mautner dava mil entrevistas como uma das diretoras gerais do fenômeno das 21h em 2012 e o próprio diretor artístico da época, Ricardo Waddington, atual chefão da Globo, dizia que ela era responsável pelo ritmo e pela narrativa de improviso da novela de João Emanuel Carneiro. A partir daí, ela virou a figurinha mais badalada da emissora e todos os autores queriam trabalhar com a profissional.
O problema é que, desde então, Mautner colecionou fracassos. Ela foi duramente criticada, inclusive pelas autoras Duca Rachid e Thelma Guedes, pelo tom soturno dado a Joia Raia (2013), que teve baixos índices de audiência, mas levou um Emmy Internacional. Além disso, o aguardado retorno de João Emanuel Carneiro após Avenida Brasil decepcionou. O autor não gostou da forma como Amora dirigiu A Regra do Jogo (2015), aparecendo mais que o elenco ao falar de posicionamentos de câmera e muito criticada pela pressa no acabamento de cenas importantes.
A diretora perdeu espaço com João Emanuel Carneiro e se comprometeu em trabalhar novamente com Duca e Thelma. Mas ela abandonou Órfãos da Terra (2019) poucos antes da produção começar porque foi convidada por Walcyr Carrasco para trabalhar em A Dona do Pedaço. O clima não ficou bom com a decisão da diretora e ela perdeu espaço com as duas autoras, atualmente com projetos diferentes e separadas.
Embora a novela das nove tenha sido sucesso de audiência, a diretora foi massacrada pelo tom dado às cenas e, principalmente, pelo exagero da fotografia. Se na história de Maria da Paz (Juliana Paes) ela já foi criticada, em Verdades Secretas II tudo pioraria. O tom vermelho e as cenas de sexo coreografadas irritaram até o autor, que rompeu a parceria e mudou de diretor para seu próximo projeto, Terra Vermelha.
Dez anos depois de ter virado o maior fenômeno da direção brasileira e apontada como a nova representante da profissão na Globo, Amora Mautner não perdeu o emprego por ser queridinha do chefão, Ricardo Waddington. Segundo apurou o NaTelinha, ela recebeu do padrinho a chance de se redimir em uma novela das seis.
Nos bastidores fala-se que a diretora terá de se reinventar, já que o texto de Lícia Manzo é completamente diferente do que a profissional costuma colocar de pé. Amora não poderá se inspirar em seus trabalhos na faixa, como o sucesso Cordel Encantado (2011), mas a aposta da cúpula da Globo é de que ela é capaz de mostrar a competência que a havia colocado no topo dos diretores.