Há 10 anos, Globo estreava Cheias de Charme, reconquistava classe C e marcava época
Cheias de Charme foi o maior sucesso da década passada da Globo na faixa das 19h
Publicado em 16/04/2022 às 10:47
Maior sucesso da Globo na última década na faixa das 19h, Cheias de Charme estreou em 16 de abril de 2012 com a promessa de colocar a empregada doméstica como protagonista com muita música. Ritmos populares como o eletroforró e o tecnobrega ganharam a trama com autores jovens, como Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, na época com 44 e 43 anos, respectivamente.
A novela caiu no gosto do público com a saga das Empreguetes protagonizada por Taís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond. "O crescimento da classe C é o que está acontecendo de mais interessante no Brasil. Nossa novela não partiu de uma vontade de falar exclusivamente pra essas pessoas, e sim sobre essas pessoas, para todo o Brasil", prometia Filipe em entrevista à Folha de S. Paulo em abril de 2012.
Três palavras definiram a novela: emoção, humor e música. Obviamente, como todo folhetim antológico, Cheias de Charme não dispensava a figura dos vilões, que contava com Cláudia Abreu, Aracy Balabanian, Alexandra Richter e Bruno Mazzeo. Mas, o fio condutor era a relação entre patroa e empregada.
"Vimos nas possíveis relações entre duas mulheres, patroa e empregada, duo tão característico da cultura brasileira e curiosamente, pouco explorado pela teledramaturgia, um filão de histórias boas", orgulhava-se Miguez à Folha de S. Paulo.
Os autores prometiam não falar apenas de domésticas, mas também da cultura da periferia e dos ritmos populares. Na época, o que realmente acabou acontecendo e ganhou o público, fazendo parte de um ano para nunca ser esquecido na Globo, que também contou com o fenômeno Avenida Brasil.
O segredo do sucesso de Cheias de Charme
O hit das Empreguetes logo caiu no gosto do público. O clipe do trio protagonista teve ares de superprodução e levou nove horas para ser gravado. Quem não se lembra do referão chiclete: "levo vida de empreguete, eu pego às sete, fim de semana salto alto e ver no que vai dar"?.
De fato, Cheias de Charme quebrou paradigmas, principalmente aquele que dizia que pobre não gostava de se ver na TV. O grande laboratório, segundo os autores, estava nas ruas e situações cotidianas. De acordo com eles em uma entrevista concedida à Valor Econômico, havia uma pesquisadora que abastecia a dupla com uma realidade que acontecia: a ascensão da classe C.
A novela da Globo também entrou na história como a primeira a conseguir entrelaçar a TV com a internet. "A internet surgiu mais como uma necessidade da trama do que propriamente uma intenção prévia", conheceu Miguez ao O Estado de S. Paulo em edição de setembro de 2012.
A verdadeira intenção, segundo o ator, era apenas contar uma história sobre domésticas e apresentar um meio de ascenção que o "dinheiro tivesse uma origem muito reconhecível popularmente". Logo, veio a ideia de levar as empreguetes ao universo da música pop.
Novela dialogava com realidade
Cheias de Charme pegou na veia. E um dos motivos do sucesso, segundo Izabel, ainda em entrevista ao Estadão, era o poder da história de falar com quem estava assistindo TV naquele horário. "A novela dialoga com a realidade. E a nossa preocupação sempre foi saber o que estava acontecendo ao redor", disse.
A saga das Empreguetes também causou na programação da Globo. Programas como o Esquenta (2011-2017), Mais Você, Domingão do Faustão (1989-2021) e Caldeirão do Huck (2000-2021). Até Roberto Carlos entrou na onda e recebeu o trio - e Claudia Abreu - em seu especial no final de ano.
De fato, a novela fez história. Caminhando com a internet (o site da trama alcançou uma média de quase 1 milhão de visitas diárias do início até o final), Cheias de Charme bebeu da fonte de um conto de fadas moderno, com muita música e elementos que fizeram com o que o público se sentisse representado. Na TV, alcançou 30 pontos de média geral, recorde jamais alcançado novamente desde então.
Relembre o clipe das Empreguetes: