40 anos de Os Ricos Também Choram: Relembre a primeira novela mexicana exibida no Brasil
Produção foi um fenômeno e ganhou um remake em 1995
Publicado em 07/11/2019 às 05:37
Em abril de 1979, a Televisa estreou a novela Os Ricos Também Choram (Los Ricos Tambien Lloran), que chegou no Brasil em 1982 pelo SBT. A trama protagonizada pela atriz Verónica Castro foi a primeira produção mexicana exibida no país. Após 40 anos, o enredo continua no imaginário dos espectadores, tanto que serviu como base para outros remakes, como a versão brasileira em 2006 e o fenômeno Maria do Bairro (1995).
A história que conquistou o público conta a vida de Mariana Villarica (Verónica Castro), uma jovem que vive num rancho e cresce como uma selvagem. Quando seu pai morre, ela decide ir à capital para receber ajuda do milionário Don Alberto (Augusto Benedico).
Mariana passa a ser educada e se apaixona por Alberto (Rogelio Guerra), filho de Don Alberto. Ele é irresponsável e mimado, tenta a todo custo ficar com a mocinha e acaba amando no final. Só que eles passam por muita coisa, principalmente por conta das maldades de Esther (Rocio Banquells).
Mas poucos sabem que Os Ricos Também Choram sofreu modificações antes de ir ao ar. Emilio Azcárraga Milmo, criador e presidente da Televisa na época, ofereceu ao produtor Valentín Pimstein que as gravações da adaptação da história da escritora cubana Inés Rodena fossem feitas em Miami.
O título provisório da novela foi Perdí mi baby (Eu Perdi meu Bebê), mas as gravações acabaram não acontecendo na cidade americana. Decisão do presidente da emissora à época levou a produção para os estúdios da Televisa no México e o nome oficial da trama foi Los Ricos Tambien Lloran, recebendo uma avalanche de críticas dos jornalistas mexicanos.
A escritora María Zarattini recebeu o convite para escrever a adaptação e chegou a ser anunciada no projeto, mas não aprovou a ideia de esticar o enredo para manter a obra mais tempo no ar. Com isso, ela pediu demissão e Pimstein convocou Carlos Romero, que juntou o argumento original com uma história criada por ele na Venezuela, garantindo maiores conflitos na trama.
Após resolver a situação do roteiro, a emissora precisava resolver uma pendência judicial com os atores. A Associação Nacional de Atores proibiu que os artistas gravassem a novela até resolver a situação trabalhista que havia virado alvo de briga no país naquele ano. Sem acordo, Valentín decidiu substituir todo o elenco que havia sido escolhido.
A novela estreou no horário das seis no México, com audiência explosiva, logo a Televisa inverteu os horários e encaixou a trama no horário nobre, faixa das nove. Com tamanho sucesso, a produção ganhou versões pelo mundo todo, assim como garantiu exibição em outros países da América Latina, Ásia, África do Sul, Oceania e Europa.
Verónica Castro
Verónica Castro, protagonista da novela, esteve no Brasil e participou do Show de Calouros, Miss Brasil, Programa da Hebe e Viva a Noite. A estrela mexicana ficou encantada com o país, mas explicou para Hebe Camargo porque a trama não tinha cenas picantes.
“Nós temos uma censura muito forte. Não nos deixar ter cenas de sexo, de drogas, mais fortes. Nós fazemos novelas mais clássicas, que são para família, para todo público. E acredito que todo trabalho, principalmente latino-americano, não precisa mostrar abertamente as coisas. Nós podemos sugerir e o público compreende”, falou na década de 1980 no sofá da apresentadora que faleceu em 2012.
Mas a atriz é conhecida por suas polêmicas e uma das histórias mais lembradas pelos mexicanos é do seu suposto casamento com a apresentadora Yolanda Andrade. Ela não se aprofundou sobre o assunto, mas garantiu que não era lésbica e prometeu que ficaria distante dos olhos do público.
“Eu digo adeus, a vida mudou muito, mas não posso com agressão e escárnio. E digo adeus ao que amei tanto minha profissão por 53 anos, dei minha vida com todo meu amor, obrigada por tudo, mas estou exausta de tanto mal e, como venho dizendo há muitos anos, quero minha paz”, anunciou sua aposentadoria.
Ela também teria perdido um namorado para Felicia Mercado, sua companheira de trabalho em Rosa Salvaje em 1987. “Eu nunca tive nenhum problema com ela. Que éramos íntimos, não, não éramos íntimos, mas nos respeitávamos”, declarou Felicia.
O suposto causador do conflito seria Enrique Member, pai do segundo filho da atriz. “Se Veronica acreditou, fiquei triste, mas não aconteceu. Sei que muitos anos esse ressentimento ficou comigo”, contou Mercado em entrevista a Televisa no ano passado.
Outra polêmica envolvendo Veronica foi seu suposto namoro com o brasileiro Duilio Silva, 29 anos mais novo que ela. O caso teria acontecido em 2010 e abalou o mundo dos famosos no México.
Os Ricos Também Choram no Brasil
No dia 05 de abril de 1982, às 19h30, Os Ricos Também Choram estreou no SBT, emissora então com menos de um ano de vida, em versão dublada, tornando-se a primeira novela mexicana transmitida no Brasil. Com o sucesso de audiência, rapidamente ela ganhou um segundo horário, às 20h30, dando a oportunidade para que o telespectador não perdesse seu programa favorito na concorrência e ainda assim tivesse duas opções para acompanhar a trama latina.
O sucesso foi tamanho que a história ganhou duas reprises. Em 1983, apenas um ano depois de ter ido ao ar no Brasil pela primeira vez, a novela foi exibida na faixa das 13h e chegou a atingir 20 pontos de média, segundo Salathiel Lage, diretor do núcleo de dublagem do SBT na época em entrevista a TV Cultura. No ano seguinte, na faixa das 16h, a trama retornou ao ar no canal..
A trilha sonora foi outra coisa que chamou atenção do público, principalmente a canção Sombras, interpretado por Sarah Regina.
Em 2004, o SBT produziu um remake da novela, mas realizou diversas alterações, tanto nos nomes dos personagens quanto no próprio enredo. A trama se passou na década de 1930 e acabou sendo encurtada. Só que a direção do canal voltou atrás e manteve o número previsto desde o início.
Vale destacar que Gustavo Reiz, recém-contratado pela Globo, foi um dos responsáveis pelo roteiro.
Maria do Bairro
Um dos maiores fenômenos de todos os tempos da dramaturgia folhetinesca, Maria do Bairro é uma versão moderna de Os Ricos Também Choram. Sucesso de público e crítico, é praticamente unânime que a versão de 1995 acabou superando a primeira.
Indo ao ar em 1995 no México e exibida pelo SBT quase dezena de vezes, o folhetim que deu fama a Thalía se baseou no enredo da versão da trama produzida em 1979.