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"The Noite" teve o melhor semestre de audiência desde a estreia, comemora diretor do programa

Série entrevista diretores que se destacaram em 2017


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João Mesquita ao lado de Danilo Gentili: diretor comemora ano do "The Noite"

Ele pode ser considerado um profissional prodígio na TV. Com 30 anos, João Mesquita é diretor-geral do talk show "The Noite", cargo que comanda desde que substituiu Marcelo Zaccariotto, em 2015. Antes disso, era diretor de externa do programa de entrevistas, que estreou em 2014 no SBT. Aos 21 anos, foi produtor do humorístico "CQC" na Band e, depois, repórter da Globo Internacional na atração "Planeta Brasil".

À pedido do NaTelinha, Mesquita concedeu uma entrevista para fazer um balanço de 2017 sobre o "The Noite", que em termos de audiência teve o melhor desempenho no segundo semestre desde a estreia do programa no SBT. "Durante o ano, comemoramos mais de 15 vitórias sobre a Globo. Nenhum programa diário vence a Globo com tanta frequência na média geral", gaba-se.

De todas as entrevistas apresentadas durante o ano, o diretor do "The Noite" destaca a do ator Pedro Cardoso. "Achei que teve uma mistura de tudo que eu gostaria de ver num talk-show", explica.

Entre seus concorrentes, João Mesquita escolhe o "Programa do Porchat" como a atração que mais lhe agrada por ter um formato mais parecido com o seu gosto como telespectador. "O Adnet veio com uma outra proposta, um programa em outro formato, fora do late-night talk show. Ele mesmo disse muito isso quando estava divulgando o programa. Podemos comparar como programa de TV mas não como concorrentes do mesmo formato", comenta.

Confira a entrevista completa:

Quais são maiores desafios para produzir um talk-show diário?

João Mesquita - Posso listar dezenas de desafios mas, com certeza, o tempo e conteúdo são os maiores. Falta tempo para pensar, produzir, editar e captar. Não é fácil você competir artisticamente com um programa semanal ou um programa de curta temporada. Além de ter que distribuir sua verba financeira mensal para mais edições, você acaba exigindo muito mais de toda a equipe envolvida no programa. Sobre conteúdo, costumo dizer que o maior concorrente do "The Noite" é o próprio "The Noite". O Danilo esteve três anos na Band e vamos em 2018 para o quinto no SBT. São oito anos fazendo talk show e os assuntos com muitos convidados estão começando a se repetir. Como eu preciso preencher a blocagem do programa, nosso próprio conteúdo vira o nosso grande inimigo.

Comparado ao talk show gringo, acredito que, aqui no Brasil, tanto o "The Noite" quanto os nossos colegas fazem um bom trabalho. Aqui, falta convidado e sobra tempo de entrevista. Os americanos fazem programas de meia hora com entrevistas de no máximo dez minutos. Aqui, precisamos realizar entrevistas de 40 minutos com artistas que todos os anos vem aqui para nos ajudar a preencher a grade de convidados. Ao contrário de lá, não existe acesso a artistas de muitas emissoras e temos custos que não existem nos Estados Unidos.

\"The Noite\" teve o melhor semestre de audiência desde a estreia, comemora diretor do programa

Em 2017, o "The Noite" passou a ser exibido na segunda-feira num horário mais cedo, após o Ratinho. Isso te assustou? Tem alguma estratégia para este dia?

João Mesquita - Acho que "assustar" é uma palavra muito forte. Mas me preocupou o fato de aumentarmos o tempo de arte do programa. Já temos um programa longo. Mas eu confio na equipe de programação do SBT. Os caras, além de muito competentes, são muito bons. Aprendo muito com eles. Se eles fizeram isso é porque confiam na gente. Sabem que podemos agradar naquele horário e acho que temos correspondido bem. O programa enfrenta nos primeiros minutos, final de filme na Globo e até pouco tempo, "A Fazenda" na Record. São concorrentes duros, que podiam bater muito na gente e corromper muito mais nossa média final. Por outro lado, foi bom para o público que não consegue nos assistir nos outros dias que entramos mais tarde. Às terças e sextas, o programa é exibido à 1h10. Às quartas, à 0h30. Às quintas, 0h55. Sobre estratégia, tenho algumas constatações do que pode ou não pode dar certo, mas acho melhor não levantar a lebre.

Referente ao êxito do programa durante o ano, onde encerra sua participação e inicia a do Gentili?

João Mesquita - Nossa participação é muito pequena perto da equipe de produção, roteiro e edição. Esse pessoal trabalha demais e é muito competente. Eu e o Danilo somos só mais duas peças que fazem parte dessa engrenagem toda. Falar só em dois nomes numa equipe como a nossa é muita injustiça. Sobre a estratégia do programa, temos um grupo no WhatsApp onde eu, Danilo, nosso chefe de roteiro e o supervisor de conteúdo conversamos frequentemente. Mas é muito orgânico. Não tem uma regra sobre até onde cada um pode agir ou opinar. Somos uma equipe bem envolvida.

Teve alguma entrevista particularmente especial pra você durante 2017? Por quê?

João Mesquita - 2017 foi muito bom! Teve muita coisa boa. Concluir o que foi uma boa entrevista vai muito da proposta do convidado. Temos que entender o que aquele tipo de entrevistado pode nos render. São vários fatores que permeiam o bate-papo que devem ser levados em conta. O que o público quer, o que nós queremos e o que o convidado quer nem sempre são as mesmas coisas. Aliás, dificilmente são a mesma coisa. Então, atingir um grau satisfatório para todos não é fácil. Eu particularmente gostei da entrevista do Pedro Cardoso. Achei que teve uma mistura de tudo que eu gostaria de ver num talk-show.

\"The Noite\" teve o melhor semestre de audiência desde a estreia, comemora diretor do programa

Sem a possibilidade de entrevistar globais, qual é a estratégia de buscar personalidades e não apresentar um conteúdo similar a do Porchat?

João Mesquita - Não me preocupa a possibilidade de conflito de conteúdo com eles. Nós temos um jeito bem nosso de fazer o programa, que é muito característico. Então, se focamos no nosso, dificilmente teremos problema de repetir um conteúdo que já feito pelo Porchat. Eu, sinceramente, nunca vi ninguém chegar na nossa equipe e falar que fizemos algo que o Porchat fez. Como eu disse na outra pergunta, o mais difícil é não repetir o nosso conteúdo. Algumas personalidades já vieram no programa mais de seis vezes. Aliás, é por isso que não repetimos convidados numa mesma temporada. Sobre globais, além da Globo, que nunca libera seus artistas, dificilmente conseguimos convidados de outras duas emissoras.

2018 será um ano de eleições e Copa do Mundo. O "The Noite" pretende levar candidatos à Presidente da República? Já pensa na cobertura para a Copa?

João Mesquita - Sobre eleições, ainda não traçamos uma estratégia sobre isso. Eu sei que existem algumas normas a serem seguidas quando se trata de entrevistar candidatos à presidência. Enfim, vamos analisar isso a fundo no começo de 2018. Sobre a Copa, também ficará para fevereiro. Acho que a situação da Copa é até pior, porque eu não tenho como mandar equipe para Rússia e manter estrutura para receber conteúdo exclusivo de lá em dias quentes, de gravação. As notícias mudam muito. Sem contar que não acredito que nosso programa terá acesso a material de vídeo de qualquer jogo, já que a dona dos direitos só os libera mediante regras. Vamos pensar com calma sobre isso.

Na sua opinião, atualmente, o público busca mais talk ou show nos programas do gênero?

João Mesquita - Tem público pra tudo. Por isso, cada programa deve seguir a sua linha. É difícil medir o que o público busca mais. A tendência é você seguir o que funciona, mas isso não quer dizer que o outro não funcione também. Eu gosto do talk show tradicional e o talk show tradicional não é um talk show com menos show e mais talk. O talk show tradicional respeita uma estrutura básica. Algo como: abertura, monólogo, escalada e entrevista. É assim que seguimos aqui. Valorizamos muito nossa identidade. O "show" no "The Noite" é trabalhado para surgir naturalmente. Se estamos quebrando a cabeça demais para pensar em uma ação para entrevista, é porque essa entrevista não deve ter ação. Óbvio que temos quadros que fogem dessa proposta "orgânica" do programa, mas isso fica muito mais por conta do tempo de blocagem. Para nós, colocar o Danilo numa batalha de dança com o convidado nunca é mais importante que a entrevista em si. Essa é a regra que seguimos. Dizer como fazer o programa alheio é muita prepotência. Posso não concordar e até não gostar de algo, mas não cabe a mim julgar se é certo ou errado. Se assim você agrada o seu público, é certo.

\"The Noite\" teve o melhor semestre de audiência desde a estreia, comemora diretor do programa

Falando da concorrência, entre as atrações do Adnet e do Porchat, qual lhe agrada mais? Por quê?

João Mesquita - Pode até parecer irresponsabilidade minha, mas neste ano eu não consegui assistir nenhum programa deles na íntegra. Assisto alguns highlights de cada um, sigo o Porchat no Twitter, acompanho as divulgações de convidados, mas não passa muito disso. Assim, mantenho minhas ideias livres de influência externa dos "concorrentes" e consigo tempo para desligar um pouco e acordar com a cabeça tranquila para outro dia de trabalho. Com WhatsApp e internet, você perde a noção do tempo e fica conectado 24 horas ao seu trabalho. Então, neste ano, tive mais cautela e cuidei mais do meu lado pessoal. Sinceramente, acho que deu certo, pois o resultado artístico do "The Noite" em 2017 foi melhor do que o resultado de 2016. Sobre a sua pergunta, eu diria que acabo preferindo o Porchat, por ter um formato mais parecido com o que eu gosto como telespectador. O Adnet veio com uma outra proposta, um programa em outro formato, fora do late-night talk show. Ele mesmo disse muito isso quando estava divulgando o programa. Podemos comparar como programa de TV mas não como concorrentes do mesmo formato.

Já existem novidades definidas para a temporada de 2018?

João Mesquita - Só em fevereiro discutiremos novidades. Vamos agir com cautela, para tentar manter o crescimento que tivemos neste segundo semestre de 2017. Em termos de audiência, foi nosso melhor semestre desde a estreia. Durante o ano, comemoramos mais de 15 vitórias sobre a Globo. Nenhum programa diário vence a Globo com tanta frequência na média geral. São feitos muito gratificantes para nossa equipe. Fazemos nosso programa focado no nosso público e ele vem aumentando gradativamente. Isso pra gente é um grande presente. Portanto, 2018 deve ser um ano muito interessante, para a gente continuar esse ótimo relacionamento.

Recentemente, uma pesquisa solicitada pelo NaTelinha apontou que o "The Noite" foi o quarto programa mais comentado na internet durante 2017, porém, vocês não incentivam a segunda tela na atração. Esse resultado lhe surpreendeu? Por quê?

João Mesquita - Surpreendeu, porque nós não usamos as nossas ferramentas digitais de forma ativa e mesmo assim tivemos este ótimo alcance. Nosso canal no YouTube é quase que exclusivamente um "on demand" do nosso programa da TV, que, por sua vez, não fomenta as redes sociais. Então, não temos essa "propaganda" em cima das nossas ferramentas. Elas ganharam força naturalmente. Eu, particularmente, não gosto de usar o Twitter como fonte de divulgação de hashtags porque isso gera um tipo de comentário um pouco falso. A pessoa para de escrever o que realmente pensa para escrever algo que vai aparecer na televisão ou no nosso perfil. Isso não me ajuda na hora de pesquisar o que o público está realmente achando do programa. Agora, em 2018, o SBT vai investir mais no setor digital, então devemos ser mais atenciosos e trabalhar esse segmento com mais frequência, gerando até conteúdos exclusivos e plataformas que possam caminhar tanto na TV quanto na Internet. Nosso canal no YouTube é o que mais cresce dentre os programas de TV e tem quase quatro milhões de inscritos.

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