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"Não tive tempo de sofrer", diz repórter que noticiou tragédia da Chape

No SporTV, Lívia Laranjeira realizou cobertura


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Foto: Reprodução
Principal nome da cobertura da tragédia com o avião da Chapecoense, onde foi a primeira jornalista brasileira a noticiar a queda do avião com toda a delegação do clube catarinense, Lívia Laranjeira contou sua experiência nesta manhã da última sexta-feira (23).
 
Ela foi convidada pelo "Redação SporTV", programa esportivo matinal apresentado por André Rizek no Canal Campeão. Lívia revelou o porquê de não estar naquele voo como estava os jornalistas do Fox Sports. 
 
"Eu fiquei a semana anterior à tragédia em Chapecó, fiz o jogo do São Paulo e do San Lorenzo, e por uma questão logística, naquele jogo do Palmeiras, que eles foram campeões, a chefia decidiu me manter em Chapecó e me mandar antes para Medellín", afirmou ela, que depois detalhou como recebeu a notícia de que o avião do clube catarinense havia caído com detalhes. 
 
Lívia Laranjeira afirma que demorou para entender da gravidade do acidente e que isso só aconteceu quando ela percebeu que os sobreviventes demoravam a chegar no hospital de Medellín: "Eu estava no hotel onde eles iriam se hospedar. Eu fiz um vivo no 'SporTV News Noite' por volta das 22h30 locais, 1h30 no horário do Brasil. Tinha alguns sócios de uma empresa de logística que os clubes brasileiros contratam, e um deles era brasileiro. Ele me abordou e me falou. Eu estava com minha equipe, ficamos olhando atordoados, pegamos o primeiro táxi atordoados, sem nem conversar, por inércia... Fomos primeiro pro aeroporto, mas vimos que a movimentação não era assim. Fomos para o Hospital, e chegamos lá. Foram chegando o Alan Ruschel, o Danilo. E foi quando caiu a ficha, porque eu vi que estavam demorando a chegar sobreviventes".
 
Em outro momento chocante da entrevista, Lívia afirma o momento em que começou a chorar e ter seu sofrimento particular depois de ficar o dia todo no ar no calor da tragédia. "Foi no fim do dia. Eu tinha entrado ao vivo no 'Jornal Nacional', e fui descansar porque outras equipes chegaram pra cobrir. Quando fui pro hotel, eu desabei. E eu tentava olhar para as imagens que chegavam ao Brasil, mas eu via e ficava muito pior, então tentava me manter informada sem aquilo mexer tanto comigo. Quando eu cheguei no hotel, já tinha no hotel uma placa de homenagem à Chapecoense. Naquele momento eu vi que eles tinham abraçado os time e os brasileiros", comentou a jornalista. 
 
Lívia também contou do carinho que sentiu dos colombianos e disse que se emocionou muitas vezes com tudo o que viu dos moradores da cidade: "Eles todos estavam abalados, tocados, e pegou a gente de surpresa, porque a tragédia era nossa. Mas a tragédia virou colombiana também e viveram isso com a gente. Eu fiz a saída do cortejo fúnebre da Chapecoense e fiz ao vivo pro SporTV. Enquanto o cinegrafista gravava, a gente começou a ser abordada por colombianos, com gente dando força, algum tipo de consolo pra gente. Eu fiquei muito emocionada. Foi muito bonito."
 
Por fim, ela fala que não teve muito tempo para sofrer, já que ficou o tempo todo trabalhando: "Do mesmo tempo que eu tive raiva, eu não podia sofrer. Não tive tempo de sofrer muito. Na adrenalina, quando você está trabalhando, você não sente isso". 
 
Lívia Laranjeira está gozando de folga de Natal, e afirmou que voltará na próxima semana para o trabalho, ficando na redação de esportes da Globo em São Paulo. 
 
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