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"Caí de paraquedas", diz Maurício Meirelles sobre entrada no "Pânico"

Em entrevista exclusiva, humorista diz que não acredita na volta do "CQC"


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Fotos: Edu Moraes/Divulgação

Às 20h15 do último domingo (10), O NaTelinha chegou ao Teatro Atheneu, em Aracaju (SE), para entrevistar Maurício Meirelles, um dos grandes nomes do humor na atualidade. A fila era gigante para assistir ao seu premiado show, "Perdendo Amigos".

Dentro, o teatro estava tão lotado, que a reportagem chegou a ver algumas pessoas sentando no chão, já que não tinha cadeiras suficientes. Maurício entrou, sendo aplaudido fortemente, fez piadas locais e levou todos à gargalhada.

O show é muito bom, mas o ápice foi a gravação do "Facebullying", seu quadro na internet com média de 1,5 milhão de visualizações por vídeo, e que lhe garantiu espaço num dos mais disputados horários da TV brasileira, o domingo à noite, dentro do "Pânico na Band".

Após a trollagem, o teatro o aplaudiu de pé. Pouco depois, Maurício atendeu gentilmente, um a um, fãs que ficaram na fila para tirar foto com ele. Foi assim por mais de 30 minutos, até o humorista receber a reportagem do NaTelinha em seu camarim no teatro.

Em uma entrevista franca e aberta, Maurício Meirelles fala sobre o atual momento na carreira, que a descreve como um "sonho" e também sobre a televisão. Ele celebra o seu momento no "Pânico" - neste dia, por exemplo, o "Webbullying" atingiu 9 pontos de audiência na Grande São Paulo -, e diz não acreditar na volta do "CQC", onde foi repórter entre 2011 e 2015.

"Não acredito porque já era para estar tendo algum início de conversa e até agora não foi falado nada", revelou

Além disso, ele descreve um sonho: ter a possibilidade de criar na televisão. "Gostaria de ter um projeto assinado por mim, onde eu pudesse arriscar", bradou.

Leia a entrevista na íntegra:

NaTelinha - Você vai fazer um ano com esse show, o "Perdendo Amigos". Você inclusive ganhou um prêmio de melhor stand-up comedy com ele no "Risadaria". Como tem sido lotar teatros? Parece que esse show tem tido uma aceitação tão boa quanto o antigo.

Maurício Meirelles -
Um sonho. Era publicitário e larguei tudo para fazer stand-up numa época que nem pensei que poderia ser alguma coisa grande. Nem tinha o "CQC" quando comecei a fazer stand-up. Cara, talvez não signifique muito ganhar prêmios de stand-up, mas pra mim foi um marco na minha vida. Mostrou que o que acreditei virou um negócio grande, e as pessoas querem conhecer meu trabalho. Feliz é a palavra.

NaTelinha - Essa parte do show do "Facebullying", que foi o boom na internet, você agora está levando para o "Pânico" e a aceitação tem sido boa. Como surgiu o convite e como teve que se adaptar?

Maurício Meirelles -
O Alan Rapp (diretor do "Pânico na Band") me chamou assim que o "CQC" acabou, me ligou no dia seguinte. Mas não aguentava mais fazer reportagem. Caí de paraquedas, eu idolatrava o "CQC", mas nunca quis ser repórter. Eu recusei bastante, me ofereceu grana, a questão não é grana. E ele disse se eu fizesse uma coisa meio teatral. E eu, "tipo o Facebuylling", e foi um puta acerto. Mas eles só adaptam. Só tenho a agradecer, eles me deixam com autoria nas coisas que faço, não se metem, me ajudam, contribuem. Virou um formato onde me conseguem trazer o MC Bin Laden onde não teria possibilidade. A Simony esses dias me encontrou e disse que me viu fazendo.

NaTelinha - Mas você ainda está tendo problemas com esse formato, né?

Maurício Meirelles -
A internet virou uma terra de ninguém. Quando eu fazia o "Facebullying" no começo era desprovido, não era intenção de fazer sucesso, mas bombou. E não me atentava ao que podia dar problemas, a cara da pessoa, o nome. Tem vídeos meus que tem três milhões de visualizações, então tem que tomar cuidado. Quando lanço o vídeo, dá 10 minutos se tem o nome do cara, ele me aciona: "Porra velho, tem como tirar?". Tenho uma equipe preparada.

NaTelinha - Está trabalhando com quantas pessoas?

Maurício Meirelles -
No escritório que eu abri em São Paulo, tem umas 10 pessoas. Pra fazer vídeo, quatro ou cinco que cuidam disso. Estou tomando precauções.

NaTelinha - Aumentou com televisão?

Maurício Meirelles -
Aumentou. Aumentou bastante. Aumentou tudo. Aumentou visibilidade, aumentou projeção, aumentou fã, aumentou público, aumentou tudo. O que mostra que a TV ainda tem sua força.

NaTelinha - Como foi sua experiência no "CQC"? A Band diz que volta em 2017, você acredita?

Maurício Meirelles -
Não acredito porque já era para estar tendo algum início de conversa e até agora não foi falado nada. E se você analisar, os integrantes, ao não ser que estejam em segredo numa sala agora, pensando em fazer um formato com pessoas totalmente diferentes. O Dan Stulbach não está mais na Band, o Tas não tá, eu estou com outros projetos.

Eu adoraria que o "CQC" voltasse, não sei se seria repórter do programa, mas eu adoraria que voltasse. O "CQC" de raiz, o combativo. Adoraria. Foi a maior experiência da minha vida. As melhores oportunidades, Will Smith, Adam Sandler na minha frente... Ídolos, eleições americanas, vendo Obama ganhar.

"CQC" me dá uma tristeza imensa de acabar, mas uma felicidade imensa, foi o fim de um ciclo. A maior nostalgia da minha vida vai ser sempre lembrar do "CQC", do que vivenciei lá. Aprendi a ter timing de TV, a conhecer mais coisas, entender mais as pessoas. Mas não aguentava mais também.

NaTelinha - Todo mundo estava querendo fazer outra coisa. É impressão?

Maurício Meirelles -
O "CQC" mudou muito o estilo dele. Quando você vai fazer Brasília, ainda dá vontade de fazer, agora quando é festa de pessoas... vou ficar três horas esperando uma pessoa que vai cagar pra você, não dá vontade de fazer. Aí você começa a pensar se é isso que eu quero pra mim. Acho que no final do "CQC"... A audiência não tava repercutindo...

NaTelinha - Você foi redator do "Legendários". Quando você chegou era uma coisa, e hoje é outra. Como vê isso?

Maurício Meirelles -
Tinha uma arrogância preliminar de não fazer TV. Quando você entra no mercado, na TV, você entende que o procedimento envolve muitas coisas, o que a direção não concorda, o que a marca não quer, a TV envolve muita coisa. No "Legendários" não deu certo no começo. Talvez porque não estivesse maduro para fazer aquilo. Não sei se iria pro "Legendários" hoje, mas naquela época foi interessante.

NaTelinha - Você tem algum sonho na TV?

Maurício Meirelles -
Não sei se é talk-show, mas gostaria de ter um projeto assinado por mim, onde eu pudesse arriscar. O talk-show é um sonho, desde moleque sempre quis, mas vejo que ele está se tornando comum, não seria um dos primeiros nomes lembrados, e hoje tem pessoas mais capacitadas pra fazer isso. Me dá meia hora que juro que vou tentar fazer uma coisa que eu acredite. Pode ser um fracasso, mas vou acreditar muito que dê certo.

NaTelinha - Você quer criar, né?

Maurício Meirelles -
O "Webbullying" mostra um pouco isso. No domingo, na Band, uma média de 6,5, 7 pontos, só porque acreditaram no projeto. São 12 minutos que tenho na TV aberta, na maior concorrência de briga. Será que se me dessem meia hora eu conseguiria fazer algo competente? Não sei, mas gostaria de tentar. Espero que na Band que já é minha casa ou alguma outra emissora, não sei se vou conseguir, por isso faço na internet e lá estou feliz.

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