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Documento NT desvenda a indústria colombiana de teledramaturgia

Conversamos com Lilo de la Vega, atriz protagonista da pesada série "La Prepago"


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Lilo de la Vega é a protagonista da série colombiana "La Prepago" - Fotos: Adrian Prada

O Documento NaTelinha de hoje é internacional. Muitos conhecem a Colômbia apenas por ser um país bonito, com vários aspectos históricos e pela sua altitude. Outros também o conhecem pela sua violência e pelo tráfico de narcóticos. Porém, o que não se sabe é que o nosso vizinho também tem uma indústria de teledramaturgia consolidada, graças a duas TVs. A intenção desta matéria é mostrar que também se faz dramaturgia de qualidade por lá.

Por anos, a Colômbia concorreu com o Brasil pelo título de país das melhores telenovelas do mundo, mas isso já não acontece mais atualmente, devido a uma crise na televisão. A qualidade nos folhetins continua, mas não como antigamente, tanto que “Avenida Brasil”, novela produzida pela Globo, é exibida por lá com sucesso, mesmo com leis que restringem a exibição de enlatados.

Tanto a TV Caracol, líder de audiência na Colômbia, como a RCN, vice, firmaram parcerias com a FOX Latin América e Telemundo para co-produção de tramas. A maioria das novelas/séries de lá tem 90 capítulos e contam histórias reais, e muitas sobre o narcotráfico existente.

Consultamos o especialista em televisão latina, o jornalista Allison Marques, e ele nos disse que os críticos não gostam muito do estilo das produções da RCN: “Os críticos até apelidaram as novelas da RCN de Narconovelas. A RCN passa por crise que dura uns anos, já. Suas novelas vão mal de audiência e a TV Caracol tem se sobressaído com belas histórias contando a vida de cantores, jogadores de futebol, tramas baseadas em livros, etc”. Allison também fala do vice-presidente da RCN, conhecido no Brasil: é Fernando Gaitán, autor de novelas como “Café com Aroma de Mulher” e “Betty, a Feia”. “Ele é conhecido por focar na qualidade do produto, conhecido no país como ‘El Rey Del Rating’, mas também muito atento à qualidade dos produtos que coloca no ar”, comenta.

Um desses produtos recentemente elogiados por sua qualidade é a série “La Prepago”, protagonizada por Lilo de la Vega, que conta a história de uma estudante de jornalismo que tem que se prostituir para ajudar sua família, em 61 capítulos. Atualmente disponível completa no Netflix, “La Prepago” conseguiu brigar de igual para igual na audiência, mesmo com a crise na RCN.

Conversamos com Lilo de la Vega por Skype e ela explicou como ganhou o papel: “Foi em 2012, eu fazia propagandas e produção de publicidade aqui na Colômbia. Comerciais, curtas-metragens, também apresentei um programa em uma emissora local. E nisso, conheci a diretora de arte, e ela me disse do piloto de ‘La Prepago’. Estava sem trabalho quando saí do programa e voltei à Bogotá, e encontrei com a Cristina Medina, que é essa diretora que falei. Ela me falou sobre o piloto, sobre o projeto, e me disse que estavam buscando uma cara nova, que queria uma moça que não fosse parecida com as típicas protagonistas de novela daqui. Ela me perguntou se eu queria gravar e eu, óbvio, topei. Teve dois castings para este piloto, e aí gravamos, e teve a possibilidade de eu ser a protagonista, mas que ainda não era confirmado, porque a Sony (co-produtora da série) queria alguém com mais visibilidade, mais cartel, e eu ainda não tinha isso. Aí, uma hora, me falaram o seguinte: ‘E aí, quer ser a protagonista?’. Quando eu virei pra falar algo, falaram de novo: ‘toma, é seu, faz aí’. E é isso, esse papel era para mim, e eu fiz o melhor que eu pude”.

Lilo creditou todo o sucesso da trama aos autores, que souberam fazer o público se emocionar bastante: “Foi emocionante todo o tempo, todo o tempo mesmo. Todo o tempo passam coisas não só comigo, a protagonista, mas com todos os outros personagens. Por muita sorte, tivemos a honra de ter escritores muito bons e com uma história muito real e muito bonita”.

Por viver o papel de uma prostituta, Lilo acabou tendo que fazer cenas de nudez e sexo, um tabu até hoje na América Latina. A atriz afirmou que foi difícil fazer, mas que focou bastante no trabalho por ser disciplinada: “Claro que sim! Claro que é difícil! (risos). Óbvio que sim, mas como eu tenho sempre dito, eu tratava de focar no meu trabalho, de fazer o melhor que pude. Sou muito disciplinada, então, me concentrava absolutamente no que estava fazendo. Sabia do principio que interpretava uma moça que trabalhava como garota de programa, com o seu corpo, então sabia do desafio que iria enfrentar, com as cenas e com as histórias, com absolutamente tudo. Então, simplesmente pensei em fazer o meu trabalho da forma mais profissional possível. Não é que terminou sendo fácil, mas digamos que, metendo na cabeça a história, as personagens, tudo isso, acabou ficando tudo mais fácil realizar esse tipo de cenas, mas óbvio que senti receio, que o estômago está virando, mas simplesmente tratava de me concentrar no trabalho, e deu tudo certo”.

Lilo acrescentou que, de fato, existe uma indústria na Colômbia, que só cresce e tem atraído até profissionais de outros países: “Aqui na Colômbia, fomos muito bem. Tivemos muito êxito mesmo. Foi algo que nos deixou feliz. Nossas produções estão crescendo, gente de outros países, da Venezuela, do Chile, até da Argentina, vem produzir aqui. A Fox e a Sony estão sempre fazendo produções. Hoje, de fato, é uma indústria”.

“La Prepago” foi produzida em 2012 e Lilo, no ano seguinte, emplacou um papel na segunda temporada da elogiada série “Ñinas Mal”, exibida pela MTV Latino-americana. Atualmente, ela está fora da TV, mas segue estudando: “Agora, não estou fazendo nada, estou estudando para crescer como atriz, fazendo cursos, crescendo como intérprete”.

Mesmo morando próxima ao Brasil, Lilo confessa nunca ter vindo ao nosso país, mas tem vontade: “Eu quero muito ir ao Brasil, tenho um amigo que foi aí e me mostrou as fotos das praias, fiquei encantada”.

A convidamos para vir durante a Copa do Mundo, mas ela recusa. E explica: “Não gosto muito de futebol, mas durante a Copa, o Brasil vai estar muito cheio, não gosto de movimento, gosto de tranquilidade”. Por fim, Lilo promete: “Vou melhorar o português para a próxima entrevista, prometo (risos)”.  

O fato é que a Colômbia, mesmo em crise, tem produções de respeito, e merece uma credibilidade melhor aqui no Brasil. Recentemente, “Rosário Tijeras” foi exibida na Band de madrugada. “Rosário” é um dos livros de maior sucesso na Colômbia e sua novela baseada na obra foi um estrondoso êxito, em termos de audiência. Aqui, até chegou à liderança por uma vez, mas sua exibição em um horário muito tardio prejudicou.

Atualmente, “Café com Aroma de Mulher” é exibida nas tardes do SBT e tem marcado 5 pontos. Talvez por ser antiga e não ter uma imagem muito boa, o sucesso esperado não tenha chegado. Mas é fato: a Colômbia sabe produzir.

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