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Repórter do "Arena SBT", Juliana Franceschi revela preconceito na RedeTV!


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Fotos: Gustavo Pitta

Perseverança é uma palavra que pode definir bem a jornalista e hoje repórter do "Arena SBT", Juliana Franceschi.

Juliana começou a carreira em TVs do interior de Minas Gerais, mais exatamente na cidade de Poços de Caldas. Confiante no talento que tinha, sempre correu atrás do que mais queria: trabalhar com jornalismo e, mais exatamente, com televisão. Tanto que, depois de muita luta, conseguiu uma oportunidade na RedeTV!, onde ficou por um ano e dois meses.

Mas essa passagem, como ela mesmo ressalta em uma reveladora e exclusiva entrevista para o NaTelinha por telefone, apesar de importante para sua carreira, não foi tão boa assim: "Fui mal recebida pela grande maioria por lá".

Depois de ser demitida quando a emissora sofria uma grave crise, Juliana pediu uma oportunidade na Band, onde foi a garota propaganda dos programas esportivos. Porém, o convite do SBT veio e a moça resolveu aceitar a proposta e ser uma das integrantes do "Arena SBT", que marca à volta da emissora ao esporte.

Ainda com a audiência em baixa, de 3 pontos, Juliana garante: "Estamos todos fazendo nosso melhor, o clima é de muita animação. Sabemos da responsabilidade que é fazer o SBT voltar em grande estilo ao esporte".

Confira a entrevista na íntegra:

NaTelinha - Como tem sido fazer o "Arena SBT" nessa retomada do SBT ao esporte?

Juliana Franceschi -
Tem sido uma experiência incrível. Não fico muito no palco, porque sou repórter, mas nós temos nos esforçado para fazer o máximo. Nas externas, a gente tem muita qualidade, porque o diretor de externas veio da Globo, do "Caldeirão do Huck". A gente uniu todos os nossos conhecimentos, coloquei o pouco que eu tenho, junto com o resto da galera e temos ido. Tem sido um aprendizado enorme para mim, diário, eles me dão carta branca para trabalhar, confiam no meu trabalho, e gostam de mim. Estou muito feliz.


NaTelinha - Como é o clima entre apresentadores, produção, direção?

Juliana Franceschi -
Olha, pode até parecer mentira, mas o clima é muito legal. Todas as vezes que participei das reuniões de pauta, que normalmente são no início da semana, eles me deixam dar sugestões, sempre me deixam participar, dar ideias, eles são muito abertos, a gente sempre discute onde o programa pode melhorar, é esse o clima, sabe? Isso é muito legal.

Claro que eles fazem o filtro, mas eles tentam trazer a visão de cada jornalista, de cada um do elenco, para que esse ingrediente seja parte do bolo. Em todos os lugares que eu trabalhei, até então, eu nunca tinha tido essa política de trabalho. É muito legal, mesmo. Eu não convivo muito com os apresentadores, porque eu não faço parte do palco, então eu convivo mais com o diretor de externa, mas na questão do clima, é super legal. Não tenho um "A" para falar de ninguém.


NaTelinha - Vocês tem sentido algum tipo de pressão por causa dos índices de audiência dos primeiros programas, que estão abaixo do esperado?

Juliana Franceschi -
Então, a direção ainda não falou nada com a gente. Mas é claro que todo mundo do elenco se sente pressionado, se sente um pouco responsável, porque o filho é de todos. A gente quer que dê certo, todo mundo se empenha, todo mundo trabalha para que possa melhorar e que o público fidelize. Só que o horário é difícil, é um histórico do SBT, já sabemos que é um horário complicado, eles sabem que é um horário complicado para eles, mas o SBT está apostando no esporte, a gente tem o orgulho de fazer parte dessa nova leva do esporte do SBT, mas a gente se sente pressionado.

Não é uma pressão de cima, é uma pressão de nós mesmos. Andei conversando com o elenco e todo mundo tá com isso. Poxa, a gente tá com a faca e o queijo na mão, tem que funcionar, tem que dar certo. A gente fala: "Meu Deus, vamos lá, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo", mas a gente acredita, se a gente não acreditasse, a coisa ia ser mais complicada, mas a gente acredita. O SBT, desde 2005, não tinha esporte, estamos nesse horário difícil, é questão de dar um tempinho, tem que acreditar, e o SBT está acreditando. Até onde a gente chegou, até agora, a gente está acreditando. Sabemos da responsabilidade que é fazer o SBT voltar em grande estilo ao esporte


NaTelinha - Como você começou a sua carreira?

Juliana Franceschi -
Então, minha carreira, eu comecei lá na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Trabalhei por cinco anos lá. Eu comecei em um programa musical, onde eu fui fazer um teste, e o diretor na época me pediu para escrever um programa sobre música, eu escolhia um artista que eu achasse legal. Na época, eu escolhi a Ivete Sangalo, porque o programa, supostamente, começaria no Carnaval. E aí eu escrevi o programa inteiro, gravei, ajudei na edição, selecionei músicas e tudo mais. E o diretor falou pra mim que gostou tanto, que o programa já ia pro ar. Foi pro ar três dias depois. E eu comecei lá, era uma TV local, fiquei lá oito meses. Depois, eu passei em um outro teste, em outra TV de lá, e eu fiz um programa de vendas com o Ciro Bottini, e aí, eu tive que sair da TV que estava, porque a atração dele era exibida na TV Poços, que é uma TV super respeitada lá, afiliada da Cultura.

E aí, eu saí, e já que estava indo para outra TV, eu fui conversar com o diretor, que até hoje é o diretor da TV Poços, e eu levei meu CD para ele. E eu fazia muita publicidade, era modelo publicitária também. E tinha poucos comerciais comigo falando. Ele me falou, lembro até hoje: "Você me trouxe mais foto?". E eu falei: "Confia em mim, eu sei do que estou te falando, me dá uma oportunidade, eu sei que já estou aqui com o Bottini, mas eu posso fazer mais, me dá uma chance". E ele me olhou assim, meio desconfiado, e disse que ia pensar e qualquer coisa me ligava.

Isso foi em uma terça. Na sexta, ele me ligou: "Juliana, eu esqueci de perguntar: você gosta de esportes?". E eu disse que gostava muito, praticava, acompanhava e tudo mais. E ele: "Você não quer vir participar do Bate Bola no domingo, ao vivo?" E eu: "Como?". Fiquei sem acreditar, perguntaram se eu topava, e claro que topei.


NaTelinha - E lá estava você no domingo, certo?

Juliana Franceschi -
Isso, aí eu fui domingo participar do programa, como um teste dele. E eu só comentei algumas coisas da rodada, convidei o telespectador para mandar mensagem e tudo mais, fazer sorteio dos prêmio. E aí, no meio do programa, o apesentador disse: "Então, gente, essa aqui é a Juliana, nova integrante do Bate Bola". Ele meio que me contratou no ar, assim, do nada!


NaTelinha - Imagino como foi! E daí pra frente?

Juliana Franceschi -
E aí, eu entrei na TV Poços, fui lá, entrei de cabeça, ia fazer o "Bate-Bola" todo o domingo. Além disso, eu era coordenadora comercial e consultora jurídica de uma operadora de saúde de lá, porque eu também sou formada em Direito. Eu fazia tudo ao mesmo tempo, eu ia para TV aos domingos, fazia algumas matérias especiais, trabalhava na operadora de segunda a sexta, e assim fui tocando a vida. Comecei na TV Poços em outubro. Um ano e dois meses depois, o Antônio Carlos, um radialista renomado na cidade, criou um jornal chamado "Canal Aberto", que tem utilidade pública, jornalismo, denúncia, essas coisas. E ele gostava muito de mim, e pediu para diretor da TV para que eu apresentasse o programa.

Aí, eles me convidaram, e eu passei a fazer esse programa de segunda a sexta, que era um jornal de bancada. E lá, eu tive a oportunidade de errar, então eu errava e acertava, e ficava tudo bem. Durante o dia a dia, eu ia acertanto mais, tentando me corrigir, eu sou muito auto-crítica. E isso me ajudou muito. Comecei a fazer publicidades maiores, comecei a fazer eventos com 5 mil pessoas como mestre de cerimônia, comecei a adquirir bagagem, deixando de ter medo do público.

Enquanto isso, eu continuava trabalhando na operadora de saúde, e no meu horário de almoço, eu ia para a TV. Pegava 7 da manhã, saia às 11h, ia pra TV, olhava o roteiro do jornal, e depois que terminava, eu voltara para a operadora. E fui seguindo. Nos horários que dava, eu gravava publicidade e tal. Eu tinha uma amiga que veio para São Paulo, e ela trabalhava na RedeTV!, e ela me disse um dia: "Ju, eu estou aqui em São Paulo, e o diretor, o Zé Ayres, comentou comigo que estão fazendo uns testes. Faz um DVD com o seu material e manda pra mim".  Fiz um DVD, um portifólio novo e mandei. E aí, me chamaram para fazer um teste, e eu fui. Eu só encontrei loira, magra, do olho azul. Vou te contar, viu... (risos)


NaTelinha - Bem perfil RedeTV!. Mas como foi a história?

Juliana Franceschi -
E aí, eu fiz um teste para garota do tempo e fiz um outro teste para o "RedeTV! Esporte", que era exibido às 6 da tarde. Fiz o teste, vi alguns de outras meninas, teve menina que chorou e tal. E isso, lá em Poços, ninguém sabia o que eu vim fazer, tive que pedir para me liberarem, pelo o amor de Deus e tal. Como nunca tinha faltado, nunca tive problema, toparem. Aí, terminaram os testes e eu vim embora. Cinco dias depois, me ligam de novo: "Você pode vir aqui fazer um outro teste?". E aí, fui, fiz outro teste. Passou um mês, e nada. Passou um mês e meio, me ligam de novo: "Juliana, terminamos aqui, e só está entre você e uma menina da Record. A gente fez uma avaliação com 50 meninas e só tem vocês duas agora. Você pode vir aqui e fazer um novo teste?".


NaTelinha - Você deve ter ficado surpresa, imagino.

Juliana Franceschi -
Claro. E eu pensando: "Poxa, sou da TV Poços, vou fazer um teste contra uma menina da Record. Eu não vou passar... Ah, quer saber de uma coisa, vou lá". Fiz o teste e esperei.

Alguns dias depois, o Magrão, diretor, me ligou e disse: "Juliana, o que você vai fazer na próxima semana?". Falei que ia trabalhar e tal. "E se eu precisar de você aqui?", disse ele. E eu: "Como assim?". "Eu quero te contratar!". (risos) E aí, eu vim para a RedeTV!. Comecei fazendo o bloco esportivo no "RedeTV! News", depois a Gabriela Pasqualim voltou a fazer, então fui deslocada para o "RedeTV! Esporte - Especial" nos sábados, revezava no "Bola na Rede" e fazia as folgas da Gabriela no jornal. E, ao longo do tempo, fiz o "Leitura Dinâmica", fiz bloco dos esportes do "Se Liga Brasil", cheguei a trabalhar com o Silvio Luiz, substitui a Priscila Machado no "Bola Dividida" algumas vezes.

Trabalhei muito com o Marcelo Bianconni, e ele, junto com o Eduardo, foram muito queridos comigo, porque eu fui muito mal recebida na RedeTV!, eu sofri um preconceito danado lá. Isso foi superado. Então, deu um problema lá, e eu saí da RedeTV!. O que eu ia fazer? Precisava arrumar um emprego, e liguei para tudo quanto é canto, liguei na Record, fui no SBT, fui na Bandeirantes, conversei com o Dudu Magnani, um cara muito do bem, que gostou do meu trabalho, mas disse que não podia me contratar, porque iriam passar por alguns cortes, teriam alguns problemas, mas qualquer oportunidade que tiver, eu te ligo. Fui na Band News, fui na Fox, fui em vários lugares.


NaTelinha - Você corre atrás mesmo. Mas enquanto não conseguia, o que você fez?

Juliana Franceschi -
Enquanto isso, porque eu precisava trabalhar, precisava pagar conta, eu fui trabalhar na Manga, que é uma agência de comunicação, em São Paulo. Fiquei lá por seis meses, saí agora para ir pro SBT porque os horários não iriam bater. Fiquei na Manga e na Band, porque um mês depois, o Dudu me ligou e disse que tinha surgido uma vaga, mas não é esportes. Chegando lá, ele me disse que era para apresentação comercial. Ele ficou meio receoso de me chamar, porque muita gente tem preconceito com apresentação comercial, só que estão muito enganados.

É muito mais dícicil você fazer uma apresentação comercial, porque você tem que interpretar e vender aquilo. Vender não é fácil. Eu aprendi na raça, porque eu comecei vendendo no interior. E fora que eu tive um belo professor, que foi o Bottini, que é um dos melhores do país!



NaTelinha - Quem entende do negócio, diz que Ciro Bottini só perde pro Silvio Santos como vendedor.

Juliana Franceschi -
Isso mesmo, eu tive um grande professor, que está aí há anos. E deu muito certo, a Bandeirantes foi um estágio excelente na minha vida, foi uma época excelente, o meu colega, o Júlio, falo com ele até hoje, saí da Band recentemente, mas falo com ele. Foi excelente, em relação à todo mundo. Não tenho um "ai" pra falar da Band. Todo mundo diz que a Band é uma casa difícil para trabalhar, mas eu não vi isso de forma nenhuma, foi gostoso, foi prazeroso, mas eu não fazia com aquela paixão. Eu gosto de esportes, eu sentia falta disso na minha vida. E eu trabalhava no portal "Terceiro Tempo", in loco, quando eu estava na RedeTV!. Fiz reportagem e tal, e eu gostava desse dia a dia.


NaTelinha - E por que saiu de lá?

Juliana Franceschi -
Porque ficou inviável, porque eu morava em Alphaville e o "Terceiro Tempo" era na Paulista. Então, ficou meio inviável, agora sou apenas colunista. Mas meu chefe lá, o Ednilson Valia, ele é o meu anjo na terra. Toda vez que tinha algum problema, alguma proposta na carreira, era para ele que eu recorria, porque meus pais não tinham essa experiência, ninguém na minha família foi jornalista, ou artista, então, eu recorria a ele e ao José Ayres. Era os meus dois anjos na terra. Se a RedeTV! me deu uma coisa boa, foi aprender a lidar com ego.


NaTelinha - Essa era a sexta pergunta. Como foi sua experiência lá?

Juliana Franceschi -
Foi muita experiência, de vida, inclusive. Foi uma fase difícil, mas nada é por acaso. Eu era muito inocente, muito crua, para mineiro, todo mundo é legal. Mineiro é aquele tipo de gente que não vê maldade. Paulista já tem esse tipo mais doido, de concorrência, de alguém querer te derrubar. Não é todo que leva a sério esse negócio de selva de pedra que é São Paulo. Mas, como meu pai diz, eu vivo em um mundo cor de rosa, e eu vim achando que o mundo ia ser rosa na RedeTV!, mas não foi nem um pouco.


NaTelinha - Você é bastante bonita e tem recebido inúmeros elogios nas redes sociais. Como a beleza é tratada pelo seu meio, que é majoritariamente masculino?

Juliana Franceschi -
Olha, você quer saber bem a verdade?

NaTelinha - Quero!

Juliana Franceschi -
Tem gente que diz que o fato de eu ser bonita, abre portas. Mentira. Ser bonita me gera mais preconceito ainda. E eu nem me acho bonita assim, tem mais gente bonita por aí, eu me cuido. Eu me acho simpática! (risos) Eu penso dessa maneira. Mas tem muito lugar, na própria RedeTV!, que eu trabalhei mesmo, o coordenador me detonava porque eu era bonita. Falava: "Quem é você, menina? Veio da onde? Ninguém te conhece aqui, ninguém confia em você". Ele sempre jogava isso na minha cara, inclusive quando estávamos no ar ao vivo, porque ele era meu coordenador. É muito difícil, mas ó, não posso dizer nada. Sofri preconceito por eu ser mulher, por ter vindo do interior, por ter sotaque, e por ser grande.

Não sou uma menina miudinha, magrinha, bobinha. Eu tenho perna, eu tenho bunda. O coordenador me dizia: "O que você tá fazendo? Você não pode apresentar esporte, você é gorda!". Eu ouvia isso, entendeu? Muitas vezes, de gente que eu trabalhei lá. Mas na parte de jogador, de assessoria, de outros repórteres que encontrei por lá, eles me reconheceram por meu trabalho, pela minha postura de apresentar. É complicado, muita gente ainda me diz que eu só consegui isso porque sou bonita. Que preconceito, né? Tem gente que acha que só porque a mulher é bonita, ela consegue tudo. Engano! Eu já recebi muito não por ser bonita. Eu já fui recebida por mulheres e ouvi muito não, porque pensaram "Ah, ela é bonita, pode causar algum problema contra mim, ou alguém". Só que eu sou casada há oito anos. É tudo uma questão de postura. Eu gosto de ser simpática, mas tudo é postura. A mulher sabe conduzir as coisas.


NaTelinha - Juliana Franceschi por Juliana Franceschi? Como você se define?

Juliana Franceschi -
Olha... Otimista, bem humorada e batalhadora. Eu me resumo dessa maneira. Para mim, não tem tempo ruim.

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