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Documento NaTelinha entrevista Silvio Mendes, da TV Aratu/SBT


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Divulgação

Nesta edição do Documento NaTelinha, continuamos a série de reportagens feitas em Salvador, mostrando a dança das cadeiras na apresentação de programas populares.

Após a entrevista com Analice Salles, da Record, agora mostraremos os bastidores do policialesco “Na Mira”, comandado pelo principal locutor esportivo do Nordeste, Silvio Mendes, na TV Aratu/SBT.

Silvio já cobriu nove Copas do Mundo, e está indo para o seu décimo mundial. Há um mês, ele comanda o “Na Mira”, antes ancorado por Analice Salles, que foi para a concorrência.

Ele conhece bem a Record, pois a Rádio Sociedade da Bahia, onde trabalha há vários anos, é do Grupo Universal. Silvio reconhece que houve uma resistência no início sobre sua ida para a Aratu: “Porém, depois de um tempo, eles viram que eu era profissional. Deixa o profissional trabalhar, né?”. Mendes se mostra pronto para aprender e reconhece que apresentar um programa policial é uma coisa nova para ele.

Em uma entrevista feita no camarim da televisão, em pé, conheço um Silvio brincalhão e muito animado com o novo desafio. Ele fala muito sobre futebol, e palpita sobre a influência da Rede Globo no futebol brasileiro: “Eu faço dois pesos e duas medidas: se não fosse a Globo, tem muito clube grande que já teria falido”.

Confira a entrevista na íntegra:

NaTelinha - Primeiro, muito obrigado pela entrevista, Silvio. Isso é uma coisa nova pra você, não é? Porque você é o maior locutor esportivo da Bahia, do Nordeste, e agora você assumiu uma coisa totalmente diferente do que você já fez na televisão, porque você já fez televisão na Record, mas era na tua praia...

Silvio Mendes -
É, era no esporte. Mas eu já fiz antes na Band, mas na Band foi uma coisa rápida, de surpresa. Me pegaram no pátio e falaram que Armando Marianni faltou e eu era o único locutor da casa. Naquela época nem tinha TP, a gente olhava pro papel e olhava pra câmera. Mas, agora, tá fora do meu contexto realmente. Mas no jornalismo a gente aprende tudo e a vida está aí pra ensinar a gente. Aprendi lá na Record a fazer o jornalismo esportivo na televisão, porque já estou acostumado no rádio. Agora, aqui na Aratu é diferente, porque é um programa com um contexto policial, mas que a gente vem se adaptando...



NaTelinha - Era essa a segunda pergunta. Como você tem se adaptado a essa mudança brusca?

Silvio Mendes
- Ela não é tão brusca, porque você sabe: quem vive no meio do futebol, vive com o povo, e quem convive no meio policial também convive com o povo, só que ambos de uma maneira diferente. Aí a gente tem que se adaptar, de uma maneira, que você seja o aprendiz. Você não vai chegar e fazer como um segmento que você está batizado, rotulado, que é o segmento esportivo. Você não vai chegar no segmento policial e dizer que você é professor.

Dentro desse segmento, estou aprendendo com delegado de polícia, advogado, policial civil e militar, leio muito livro de gíria, porque o povo gosta que a gente se adapte a ele. Que a gente seja igual a ele. E eu faço tudo para me adaptar ao povo. E a linguagem do programa é a dele. Claro, a gente coloca alguns bordões pra ver se pega, aí é diferente e tal, mas eu estou me adaptando. E não se pode ter medo!


NaTelinha - Se tiver medo, a coisa desanda?

Silvio Mendes
- Ah, desanda! Muita gente me dá conselho, dizendo que eu não posso andar mais em tal lugar, porque é perigoso. Eu tenho andado em todos os lugares que eu andava antes. E eu não tenho problema nenhum.


NaTelinha - Você já está sofrendo daquele preconceito de que programa popular é baixaria?

Silvio Mendes
- Sim, já estou sofrendo. Muita gente me diz: ‘ah, você deixou o futebol pra fazer essa baixaria de programa policial’. Mas eu não tô ligando não. Se eu fosse bem novinho, eu já estava tremendo as pernas. Mas eu já tenho uma bagagem, já carrego um peso nas costas em cima. Então, se eu quero ir pra algum lugar, eu vou, se eu quiser ir no Mercado Modelo eu vou, se eu quiser ir no Pau da Lima, eu vou, o importante é um segredo que tem, nesse estilo, e eu não conto a ninguém.

Graças a Deus, eu estou me adaptando rapidamente no programa, mas foi porque eu achei esse segredo e ele é descoberto no talento que Deus lhe dá. Tem um segredão também aí que o bandido adora: não é que você fique do lado dele, mas também você não pode ficar totalmente do lado da população. É fazer dois pesos e duas medidas. Porque se você bate muito no bandido, ele vai querer vingança. E não é porque você bate muito nele, é porque ele tem família. Isso conforta o bandido e a sua família e lhe dá credibilidade perante a população.


NaTelinha - Tem alguma coisa que você não faria na TV?

Silvio Mendes
- Rapaz, cozinhar! (risos) Não tenho nada contra os programas de culinária, até gosto, é porque não sei mesmo. Ia queimar o feijão, o arroz, ia ser uma desgraça! (risos)


NaTelinha - Você trabalha na Rádio Sociedade, que é do Grupo Record. Você tem algum problema com isso?

Silvio Mandes
- Não, eu encontrei ótima receptividade na emissora e junto ao alto comando da Record, pelo meu tempo dentro da Rádio Sociedade, pela pessoa que tem um relacionamento amplo com o pessoal da cúpula, mas um relacionamento respeitável. Lógico que chegou a pintar uma dúvida: fica ou não fica? Eu já estava preparado. Claro, evidente, eu fiz um belo contrato com a Aratu, mas o que vier, eu estava preparado.

Mas eu encontrei um respeito e o respaldo do Honorilton Gonçalves, que é quem comanda todas as emissoras do Grupo Record, e ele não viu nenhum tipo de inconveniente. Eu respeito as coisas da querida Rádio Sociedade lá e respeito as coisas da Aratu. Tive um ótimo respaldo da direção da Aratu, de toda a família Coelho, de todos aqui, eu tive um apoio decisivo. E lá, houve um pouco de resistência no início, mas depois eles caíram na real. O cara é profissional, vamos deixar o profissional sobreviver. Não fede, nem cheira. Tá lá e tá cá. É só respeitar os ambientes.
 


NaTelinha - Falando um pouco de futebol, o que você tem achado do Bom Senso F.C? Você acha que o futebol perdeu qualidade?

Silvio Mendes
- Tá mais nivelado pra baixo, não é? Não tenha dúvida. Antigamente, tinha futebol de domingo a domingo. Hoje em dia, você tem Série B na terça, na sexta e no sábado. Aí você tem Série A na quarta, na quinta, e no domingo. O cara não aguenta! Por isso, eles criaram o Bom Senso, pra ver se dá um jeito nisso.


NaTelinha - Você acha que a Globo tem culpa nisso?

Silvio Mendes
- Não, eu acho que não. É o seguinte: quando você tenta fazer uma coisa que há resistência, você fica frustrado, não é? Mas quando você acha uma brecha, um caminho aberto, você fica feliz. A Globo tentou, tentou, tentou, houve resistência. Aí deram brecha, e hoje a Globo tá feliz e eles infelizes. Eles venderam a alma ao diabo! Eles terão que consertar. Eles que deram esse aspecto do torcedor ficar em casa, com as pernas pra cima, assistindo o jogo pela TV, eles vão ter que dar uma solução pro torcedor voltar pro estádio, pra se ter um quinhão a mais dentro da aquilo que a gente chama de aspecto financeiro, pra melhor contratar.

Agora, eu sou dois pesos e duas medidas. Se não fosse a TV Globo, tinha muito clube que já teria acabado, porque pelo menos pegam uma tétéiazinha. Agora, que esse mal veio pra ficar no futebol brasileiro, isso não tenha dúvida, porque os dirigentes vendem a alma também. Eles acabaram com os clubes pequenos, só tem aqueles afiliados à Rede Globo. E na realidade, quem manda no futebol não é a CBF, todo mundo sabe disso. É a Globo. Ela que escala, coloca o jogo na hora que ela quer pra agradar a sua grade. E a CBF não faz nada. Ela não pode ter uma resistência, porque ela tá nadando no dinheiro da Globo também.

NaTelinha - Você está indo pra sua décima Copa do Mundo....

Silvio Mendes
- Exato. Começou em 78, aí foi 82, 86, 90, 94, 98, 2002, 2006, 2010.


NaTelinha - Qual foi a coisa mais absurda que você já viu?

Silvio Mendes
- Gabriel, foi quando eu vi uma comparação de Pelé com Maradona! (risos altos) Eu fiquei espantado! Depois de tantas Copas, eu vi uma comparação dessas. Eu estava sendo entrevistado na Alemanha, por uma emissora. Me perguntaram sobre uma comparação entre Pelé e Maradona e eu disse: ‘Pelé é uma dignidade no segmento esportivo mundial e Maradona é uma indignidade da sociedade mundial’. Pediram pra explicar e eu falei: 'Pelé nunca usou droga e nunca foi uma droga em campo’. (risos)


NaTelinha - Silvio, pra terminar, como você se define como pessoa?

Silvio Mendes
- Um bobalhão, um abestalhado, 67 anos com a sua idade mental! (risos) Veja que eu levei pro programa um boneco que está aqui na sua frente, e que me acompanha desde os tempos da Record. Eu comprei na Coreia do Sul. Aqui, ele está sendo chamado de MC Galinho.  Minha vida é assim, tenho uma família que sustenta muito bem tecnicamente falando. Eu não tenho problema, jogo bola, corro na praia...


NaTelinha - Joga bem ainda?

Silvio Mendes
- Quem joga bem é o meu filho. Mas aprendeu comigo! (risos) Se ele não tivesse um pouco do futebol do pai, ele não iria bem. Mas eu ainda pego minhas peladas. E é assim: deixa a vida me levar, vida leva eu! Eu estou na filosofia de Zeca Pagodinho.


Agradeço à TV Aratu/SBT, ao Silvio Mendes e ao diretor do “Na Mira”, Pablo Reis, pela receptividade e amizade.

Este Documento NaTelinha fica por aqui. Até a próxima!

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