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Assassinato de Daniella Perez completa 20 anos nesta sexta
Glória Perez, mãe da atriz, conseguiu transformar homicídio qualificado em crime hediondo.
Por Redação NT
Publicado em 28/12/2012 às 03:10
Neste dia 28 de dezembro, o trágico assassinato da atriz Daniella Perez completa exatos 20 anos.
Em 1992, com apenas 22 anos, a filha da novelista Gloria Perez foi morta pelo colega da novela "De Corpo e Alma", Guilherme de Pádua.
O caso está novamente em evidência desde que a Record exibiu uma entrevista do jornalista Marcelo Rezende com o assassino, no programa "Domingo Espetacular" do dia 9 de dezembro.
Na reportagem, Guilherme deu alguns detalhes do crime e comentou: "Quando eu cheguei na delegacia, indo para o prédio, atravessava a rua o Raul Gazolla (então marido de Daniella), aos prantos, chorando, e me abraçou. Me senti a pessoa mais podre do mundo, fiquei sem ação”.
Reprodução
Nas redes sociais, a Record foi bombardeada por todos os lados por ter dado visibilidade para o assassino.
Comenta-se que Guilherme de Pádua teria recebido 18 mil reais da emissora para falar sobre o assassinato da atriz. A Record nega.
Revoltada, Gloria Perez entrou na Justiça contra o canal e conseguiu proibir qualquer reexibição da entrevista. Caso a Record descumpra a decisão da Justiça, concedida pela 12ª Vara Cível do Rio, a multa será de R$ 500 mil por exibição, de acordo com o advogado Paulo Cezar Pinheiro.
Relembre:
No dia 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez foi brutalmente assassinada com 18 golpes de tesoura na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Guilherme de Pádua e Paula Thomaz são os assassinos.
A carreira:
Daniella Perez demonstrou, desde nova, paixão pelo balé e pela dramaturgia. Na época, sua carreira estava caminhando para o auge. Em 1989 estreou sua primeira novela, "Kananga do Japão", na Rede Manchete, onde conheceu Raul Gazolla, aquele que viria a ser seu cônjuge anos depois.
Daniella Perez e Raul Gazolla
Reprodução
O sucesso fez com que rapidamente Daniella se transferisse para a Globo, onde estreou em 1990 com "Barriga de Aluguel", escrita por sua mãe Gloria Perez. Em 1991 atuou em "O Dono do Mundo", de Gilberto Braga, e em 1992 fez sua última novela, "De Corpo e Alma", também de Gloria, onde interpretou a personagem Yasmin.
O último dia de trabalho:
Daniella Perez gravou sua última cena na tarde do dia 28 de dezembro ao lado de Guilherme de Pádua. Seus personagens, Yasmin e Bira, estavam terminando o relacionamento. Assim que a cena chegou ao fim, Guilherme teve uma crise de choro e procurou por Daniella no camarim e lhe entregou dois bilhetes, os quais deixaram a jovem bastante nervosa. Guilherme foi embora. Daniella, como tinha algumas cenas para gravar, continuou nos estúdios.
Glória Perez (à esquerda), Raul Gazolla e Daniella Perez
Reprodução
O homicídio:
Guilherme de Pádua deixou os estúdios da Barra da Tijuca e foi até o seu apartamento em Copacabana buscar sua esposa Paula Thomaz. Eles, munidos de um lençol e travesseiro, voltaram à Barra. Paula ficou escondida no carro enquanto Guilherme se encontrava com Daniella e, juntos, saíam do complexo. Eles pararam para tirar fotos com fãs e Daniella seguiu com seu Escort, seguida por Guilherme, que estava em um Santana.
Daniella parou em um posto de gasolina para abastecer e, na saída do posto, teve seu carro fechado pelo de Guilherme, que estava a sua espera no acostamento. O casal e a atriz desceram de seus carros.
Daniella é atacada por um soco de Guilherme e acaba caindo desacordada. Este ínterim foi acompanhado por dois frentistas do posto em questão. Guilherme colocou o corpo de Daniella em seu carro e passou a direção para Paula. Eles seguiram pela Avenida das Américas e entraram em uma rua deserta, onde pararam em um terreno baldio. A jovem foi apunhalada dentro do veículo com estocadas que atingiram o pulmão, coração e pescoço.
Divulgação/ Jornal O Globo
Um advogado passava pela região e, desconfiado de que um assalto estivesse ocorrendo, anotou as placas dos carros.
Após a notícia da morte de Daniella ser divulgada, Guilherme de Pádua foi prestar solidariedade a Gloria Perez e a Raul Gazolla. Raul, inclusive, teria dito que o ator era um "grande amigo".
Prisão:
A primeira prisão do assassinato de Daniella Perez ocorreu em apenas 24 horas. A notícia de que Guiherme de Pádua era o assassino chocou todo o Brasil. Ele foi levado à delegacia e, de início, negou envolvimento no caso. Entretanto, acabou confessando horas mais tarde. Paula chegou a confessar participação no crime mas depois tentou voltar atrás no depoimento. Os dois foram presos no dia 31 de dezembro.
Reprodução
Guilherme chamou para si toda a responsabilidade do crime, porém, oito meses depois, em agosto de 1993, ele mudou seu depoimento afirmando que Paula também estava no local e que ela havia participado da morte.
"De Corpo e Alma":
O assassinato de Daniella Perez fez com que Gloria se ausentasse da novela "De Corpo e Alma". Ela foi prontamente substituída por Gilberto Braga e por Leonor Bassères - falecida em 2004.
Após uma semana, Gloria voltou aos trabalhos e incluiu novos assuntos no roteiro, como a morosidade da Justiça brasileira e fez severos questionamentos ao Código Penal brasileiro.
A última cena de Daniella foi ao ar no capítulo do dia 19 de janeiro de 1993. Assim que a novela chegou ao fim, os atores e o diretor Fábio Sabag - falecido em 2008 - prestaram uma homenagem à moça. Curiosamente, esta foi a última novela que Sabag dirigiu.
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A saída de Yasmin foi explicada com uma viagem de estudos. Bira, por sua vez, não teve desfecho.
Emenda:
Gloria Perez
Reprodução
A indignação de Gloria Perez, que se estendia a todo o Brasil, fez com que a autora levasse a diante a iniciativa de alterar a Lei dos Crimes Hediondos. Graças às mais de 1 milhão de assinaturas, o homicídio qualificado (praticado por motivo torpe ou fútil ou com crueldade) passou a ser incluído no rol de crimes hediondos. Assim sendo, tal prática não era mais passível de pagamento de fiança e passou a ser exigido um tempo maior para que a progressão de pena para o regime semi-aberto pudesse ser feita.
Condenação:
Guilherme de Pádua foi julgado em janeiro de 1997. O júri condenou o ator por 5 votos a 2. O juiz José Geraldo Antônio sentenciou Guilherme a 19 anos de prisão. Já em maio foi a vez de Paula Thomaz, que continuou negando e voltou a insistir na tese de que havia passado oito horas em um shopping, sendo que não havia sido vista por ninguém ou sem qualquer prova que sustentasse tal versão. Ela foi condenada pelo júri por 4 votos a 3 e sentenciada a 18 anos e seis meses de prisão.
Graças ao bom comportamento, Guilherme e Paula deixaram a prisão em 1999, com apenas 7 anos de pena cumprida.
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