Direto da Telinha: E "Poder Paralelo" chega ao fim
Publicado em 08/03/2010 às 11:46
Por João Gabriel Batista
joaogabriel@natelinha.com.br
Chegou ao fim, na noite da última terça-feira (02) na Record, "Poder Paralelo", de Lauro César Muniz. A novela, que foi a mais longa da casa (avaliando os meses de duração), teve altos e baixos inclusive em seu capítulo final. Algumas dúvidas continuam no ar e que ratificam que, mesmo tendo crescido muito, as produções da emissora paulista ainda devem muito às da Globo.
Avaliando a novela como um todo, antes de partir para o capítulo final, "Poder Paralelo" teve um elenco e um texto excelente. Isso pode ser dito sem dúvida alguma. Porém a direção pecou em vários pontos. Erros primários foram cometidos e que comprometeram a qualidade final do produto.
Divulgação/Record
O primeiro exemplo de falha está na ambientação da novela. O cenário era a cidade de São Paulo, cidade a qual em momento algum recebeu atores para a gravação de externas. Quando uma novela gravada no Rio é ambientada em outra cidade, é comum que a equipe e os atores gravem as primeiras cenas fora. Geralmente cartões postais são escolhidos e duas ou três semanas depois todas as gravações se concentram no estúdio. Quem assistiu "Poder Paralelo" as vezes se perguntava onde tudo era ambientado.
A cenografia da Record também não fez um de seus melhores trabalhos em "Poder Paralelo". Cenários frios e, em grande parte das vezes, sem harmonia com as fachadas apresentadas. O Hotel Diana tinha um cenário de péssimo gosto. Um misto de decoração similar aos resorts africanos e um fundo verde, algo muito esquisito... Isso sem falar em outros cenários, na grande parte das vezes escuros. Claro, a fotografia da novela exigia uma tonalidade mais fria e menos viva, mas era possível que um trabalho melhor tivesse sido feito. "A Favorita", da Globo, é o exemplo mais próximo de que era possível dar um tom sombrio e de qualidade à uma novela cheia de mistérios.
Deixando de lado esses pontos e concentrando no último capítulo: foi bom mas poderia ter sido melhor. A escolha de Nicola Siri para ser o Guri foi surpreendente mas um tanto incompreensível. Paulo Garzia tinha livre acesso à chácara dos Castellamare, mas como será que ele conseguiu driblar todo exército de soldados que fazia a segurança da família, assassinar Mamma Freda - de Lu Grimaldi -, jogá-la na piscina e ir embora? Outro fato estranho foi a inserção de uma discussão de honestidade de um ex-presidiário em pleno capítulo final. Uma câmera foi roubada e Artur, vivido por Sasha Bali, ou o eterno Metamorfo, foi culpado. Para não ser preso, ele fugiu e mais tarde foi descoberto que ele não tinha culpa. Ficou sem sentido, já que isso poderia ter sido discutido antes. E ainda digo mais, poderia ter terminado com um final decente, e não com o demagogo discurso de Luiza, papel de Fernanda Nobre, defendendo os ex-presidiários honestos mas sem Artur lá, para receber as desculpas.
"Poder Paralelo" foi muito boa, mas poderia ter sido melhor ainda. Talvez com uma direção ou com uma verba mais alta, um trabalho melhor tivesse sido realizado.