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Bruno Motta: O que mudou no Ratinho?


Muito tempo atrás, no auge de sua chegada à grande mídia, Ratinho disse que seu programa era "impossível de definir". Executivos de TV de outros países chegaram a acompanhar as gravações e o objetivo era, como na televisão moderna, exportar o formato. Mas que formato, cara-pálida?

 
 



Ratinho voltou às telas essa semana, um pouco mais "clean", animado com novos desafios e mais maduro, menos ansioso. Nessa volta algumas coisas ficaram provadas. Sim, o tempo de uma TV mais sensacionalista passou, com ele foram soterrados vários apresentadores. Mas também ficou provado que Carlos Massa é tão distante de qualquer formato conhecido que ainda há lugar pra ele na televisão brasileira. Os números de audiência, se não são mais tão gordos quanto naquela auge, impressionaram. Claro, o horário também não é aquele mais nobre, e nem por isso menos importante, e o apresentador foi escalado para uma faixa difícil de entender e cada vez mais competitiva.


E quer saber? O Ibope faz sentido. Eu senti falta do Ratinho, o comunicador sem o menor pudor de falar o que bem entender, sem censura de fora ou de dentro. Que dá sua opinião com muita clareza, sem se esconder, deixando claro sua posição, seja ela conservadora, ousada, preconceituosa ou apaixonada. Comentando as notícias mais sérias sem esquecer em seguida de lidar com o público com bom (as vezes muito bom) humor. De certa forma, é o que acontece nas mesas de qualquer boteco com os amigos, em corredores de empresa, antes de começar as reuniões. O povo também comenta as notícias, se informa, alguém traz informações mais quentes, outro brinca, faz piada, prega peças no colega, muda de postura na chegada do patrão.


Alguém que consegue combinar coisas como matérias de denúncia, serviço à população, bonecos de espuma, convidados populares, notícias de última hora e uma banda ao vivo deve ser respeitado. Porque nas mãos dele essa combinação esdrúxula faz sentido. Imagino que essa palavra até agrade ao apresentador, que tem orgulho do que conseguiu alcançar: esse formato intransferível, impossível de ser exportado. Essa anarquia televisiva, com liberdade de pensamento, essa televisão esdrúxula, que é - fazer o quê? - a cara de muitos desse nosso Brasil.


Bem vindo de volta, Ratinho!



Bruno Motta é humorista e queria muito que os convidados do Casos de Família falassem um de cada vez.

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