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Exclusivo: NaTelinha entrevista Edmara Barbosa, autora de Paraíso



A autora Edmara Barbosa.
Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

 

 

“Espero um dia contar minha história."



Ainda não é dessa vez que Edmara Barbosa, filha de Benedito Ruy Barbosa, vai ver no ar, na Rede Globo, um trabalho apenas de sua autoria. ‘Cabocla’, ‘Sinhá Moça’ e, agora, ‘Paraíso’ não contam porque são “adaptações de novelas que foram sucesso”, conta ao NaTelinha a filha do dramaturgo, responsável por levar novamente a “história do filho do diabo e da santinha”.


Apesar de já trabalhar com o seu pai há vários anos, Edmara Barbosa sempre teve o desejo especial de readaptar para a televisão brasileira a história que, em 1982, foi protagonizada por Kadu Moliterno, que também atua nesta versão, e Cristina Mullins. “Encaro essa história como uma continuação de ‘Cabocla’ e por isso queria muito fazer”, conta Edmara, que assina a trama com a sua irmã, Edilene Barbosa. Depois de a Globo ter preterido a novela em função da estreia de ‘Negócio da China’, que sai do ar sem deixar saudades, a emissora resolve apostar quase tudo numa história que já deu bons frutos há muito tempo atrás. “Estou atualizando a novela, mas os problemas, infelizmente, não mudam”, lamenta a novelista.


O retorno das crendices, da ruralidade, da boiada e das rodas de viola, permeadas por uma bonita história de amor, são as marcas que permitirão distinguir ‘Paraíso’ de tantas outras histórias que têm passado pela emissora. Pelo menos é assim que a novelista encara essa nova empreitada. Para você saber mais, não deixe de conferir a entrevista exclusiva que Edmara Barbosa concedeu ao NaTelinha, através de Bruno Cardoso.


 O universo mais rural de algumas tramas do seu pai, e outras, marcadamente históricas, combinam com o seu próprio universo?


Edmara Barbosa: Tanto combinam, que as adaptações dão certo. Sou mais urbana que ele, porque nasci e me criei na cidade de São Paulo, mas na primeira oportunidade que tive, fugi para perto do mato. Morei quase oito anos em São José dos Campos, na saída da Serra do Mar, quando São José ainda era uma cidade do interior. Adoro mato. Acordar e dormir ouvindo os pássaros piando na janela do quarto. Andar no meio do mato, sentindo aquele frescor... A primeira coisa que fiz quando entrei na minha casa, em São José foi transformar o quintal e a entrada da casa num grande espaço verde, com direito a pomar, horta, uma criação de codorna e um par de coelhos. Acho que ainda acabo minha vida morando numa fazenda. Quem sabe no Mato Grosso...


 De onde surgiu a necessidade de voltar a adaptar essa novela? Foi algo encomendado especificamente pela Globo?


EB: Adaptar Paraíso é um desejo meu, desde que acabei Cabocla. Já trabalhava com meu pai, nas primeiras versões de ambas as histórias. Sempre achei Paraíso continuação de Cabocla. Queria fazer. A casa abriu mais uma vez o espaço, e assinou em baixo. Acho ótimo poder reeditar na tevê grandes obras, como se faz no teatro e no cinema. Acho ótimo poder contar essa história de amor outra vez. Recheada e permeada por tramas políticas, ecológicas e religiosas. Cada capítulo que escrevo é um deleite. Estou apaixonada pela novela.
 

 É mais difícil criar uma trama sua, de raiz, ou adaptar o universo, a obra de uma outra pessoa, mesmo que ela seja, nesse caso, o seu pai?


EB: Claro que é muito mais fácil adaptar uma obra pronta. Principalmente uma obra do quilate da obra do Benedito. Independente dele ser meu pai, ele é um autor consagrado, tanto pelo público como pela crítica, pela qualidade do seu texto e da sua trama. Não vejo demérito nisso. Ao contrário. É um presente.

 
O que muda, e o que permanece nessa nova versão de Paraíso?


EB: Estou atualizando a novela, trazendo ela pros dias de hoje, mantendo todas, ou a maioria das tramas. Alguns personagens estão crescendo um pouco mais nesse processo. Alguns que surgiram no decorrer da trama podem chegar mais cedo. Quero aumentar algumas histórias também. E, claro, atualizar os temas ligados à nossa realidade, que mudou pouco, devo confessar, de 82 pra cá. Mudam os governos, muda a forma de organização social, mas os problemas, infelizmente, não mudam.


 
Em linhas gerais, o amor entre o ’filho do diabo’ e a ’santinha’ permanece nessa história?


EB: Permanece. Essa é a base da trama. Uma linda história de amor. Impossível, a princípio, mas que, por ser verdadeira, se realiza ao final.

 
Por que a decisão de escolherem Nathalia Dill e Eriberto Leão para protagonistas da nova versão de Paraíso?


EB: Eriberto, desde a primeira vez em que se cogitou fazer a novela, parecia estar talhado para o papel. Conheço ele, somos muito amigos. E ele tem a luz necessária para conduzir esse personagem com maestria. Como vem fazendo. A Nathalia a gente escolheu através dos testes. Vinha de Malhação, e se saiu muito bem. Mérito de ambos. Nada mais que isso!

 
Ficou incomodada com a decisão da Globo em adiar o remake de Paraíso para dar lugar a Negócio da China?


EB: Não. Acho que tudo na vida da gente chega na hora certa. A novela vem vindo na hora certa, unindo de novo o grupo de trabalho.


 
Por que a decisão de ambientar parte da trama no Mato Grosso? Faz falta às produções atuais saírem do eixo Rio-SP?


EB: Não dava pra colocar uma comitiva de peão andando pelas BRs. O Mato Grosso nos permitiu contar essa história, nos fornecendo o cenário e a paisagem privilegiada do estado para ambientarmos a trama.


 
Depois de várias novelas, em queda acentuada no horário das 18h, você sente algum tipo de pressão para subir, forçosamente, o horário de novelas da Globo?


EB:
Vamos contar nossa história, preocupados sempre em realizar um bom trabalho. O resto é consequência. Não há pressão. Há apenas o desejo de que o público veja e goste.

 
Qual é o diferencial de seu trabalho em relação às demais produções no ar e, especificamente, em relação a Pantanal e a Bicho do Mato?


EB: Não há diferencial. Cada uma conta a sua história, à sua maneira. A minha maneira de contar segue o caminho da maneira do meu pai contar. Nasci e cresci no meio disso. Acredito nesse jeito de contar histórias. Cada um deve acreditar no seu. Não há semelhanças com Pantanal e Bicho do Mato. São histórias que, embora visitem o universo rural, estão contando, cada uma, a sua história.

 
Existe a possibilidade de, em caso de sucesso, esticar a trama de setembro para outra data a definir?


EB: Se a empresa definir assim...


Como está sendo sua rotina de trabalho agora em tempo de escrita da  novela e como está fluindo o trabalho com toda a equipe envolvida na direção?


EB: Acordo de manhã, tomo café, assisto os jornais na TV, leio meus e-mails e começo a escrever. Paro quando termino o capítulo. Vai ser assim até terminar o último capítulo. Todos os dias, inclusive, sábados, domingos e feriados. Enquanto a novela não estreia, tenho algumas coisas que preciso resolver junto com o diretor, Papinha, e o resto da produçao. Mas é tranquilo. É muito prazeroso. Jogamos todos no mesmo time.
 

Você tem planos de ter uma novela de sua autoria na Globo?


EB: Tenho algumas sinopses, mas muito antigas. Espero um dia contar minha história. Vamos ver...

 
Para terminar, como você definiria, em traços gerais, a sua trama para os internautas do NaTelinha?


EB: É a história de amor do filho do diabo com a filha de Santa Rita, recheada de bom humor, crendices, causos, rodas de viola, e muito, muito trabalho.

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