Entrevista exclusiva com Andrea Maltarolli, autora de Beleza Pura
Publicado em 16/02/2008 às 17:22
“Não tenho a menor preocupação em inovar agora”.
Sem grandes pretensões e com os pés no chão, Andrea Maltarolli, autora de Beleza Pura, próxima novela da Rede Globo, ficou feliz quando a sinopse de sua primeira novela como titular, foi aprovada. Fazia um ano desde que tinha ficado pronta, em 2006. Agora, quase dois anos depois, o horário problemático das 19h da emissora diz adeus aos sete pecados capitais e se prepara para uma outra história, centrada em temas como a estética e a ética, e que tem como cenário a cidade com a “eterna vista para o Rio”: Niterói.
Depois de ter escrito para outros programas da casa, Andrea, que não tem a menor preocupação em inovar o gênero “telenovela” com a sua história, admite, contudo, que o fracasso “é uma coisa muito aborrecida”. Ainda assim, a autora se mostra confiante nesse seu novo trabalho, talvez por contar também com a supervisão de Sílvio de Abreu. “Eu tive muita, muita sorte de tê-lo como supervisor”. Que a sorte a acompanhe, até ao final, dessa empreitada.
Como foi o seu percurso, enquanto roteirista, até emplacar Beleza Pura, sua primeira novela como autora titular? Como se sentiu quando a sua sinopse foi aprovada?
Andrea Maltarolli: Trabalhei como jornalista na Editora Bloch. Depois saí e fiquei como "freela", escrevendo contos e fotonovelas (nos estertores das fotonovelas no Brasil) por alguns anos. Em 1994 entrei na oficina de autores e roteiristas da TV Globo. Foi lá que Emanuel Jacobina e eu desenvolvemos o projeto de Malhação, que estreou logo no ano seguinte. Até começar a criar minhas sinopses de novelas, escrevi também para outros programas da TV Globo como Escolinha do Professor Raimundo, A Turma do Didi, Chico Total e Zorra Total. A sinopse de Beleza Pura ficou pronta em 2006 e, no ano seguinte, foi aprovada. Me senti feliz.
Por que o desejo de explorar o universo da ética e da estética e de que modo isso será abordado na novela?
AM: O Brasil é um dos países que mais fazem cirurgias plásticas no mundo. Este é um assunto muito presente aqui e no mundo. Não há feio que queira permanecer feio. E estou falando sobre o feio ético e estético. As duas coisas se correspondem. Uma no plano material e outra no plano moral. Podemos fazer as correlações perfeitamente. Desde criança, a mãe fala para o filho “não faz isso que é feio”.
Além da comédia, em que outros ingredientes você está apostando para que sua novela dê certo?
AM: Estou apostando essencialmente na emoção e nos personagens.
Você acha que o gênero dessa novela, comédia romântica, estava faltando nas tramas recentes da Globo? Você preferiu não inovar muito com Beleza Pura?
AM: Não acho que esteja faltando nada, não. Apenas estou escrevendo uma comédia romântica porque é o que sei e gosto de fazer. Não tenho a menor preocupação em inovar agora. É minha primeira grande novela (depois da "novelinha" Malhação) e estou testando, verificando, analisando. Vamos ver no que dá.
Até que ponto o acidente de helicóptero, que acaba matando cinco pessoas, vai influenciar a vida dos protagonistas Guilherme, Joana e Norma?
AM: Beleza Pura parte do sentimento de culpa que Guilherme (Edson Celulari) desenvolve por se sentir responsável pela morte de cinco pessoas neste acidente de helicóptero. Para aplacar a sua consciência, ele resolve realizar os projetos de vida inacabados das suas "vítimas" e é obrigado a entrar no mundo da estética. Até então Guilherme era um homem, como diríamos, "legal", mas egoísta e autocentrado. Com a mudança radical de perspectivas e de vida, ele tem que ver que não basta ser "legal", ele tem que ser ético. O tema da novela vai sempre girar nesse paralelo beleza/ética.