Lula salvou a Globo? Canal completa 59 anos convivendo com questionamento
Emissora da família Marinho tem sido alvo de uma série de acusações infundadas; entenda
Publicado em 26/04/2024 às 04:05
Ao completar 59 anos nesta sexta-feira (26), a Globo não deixará de conviver com algumas acusações infundadas e fake news que dão como certo que o canal "mama" nas tetas do governo federal, principalmente quando há um petista no Palácio do Planalto.
Desde as eleições de 2018, quando a teoria passou a compor a campanha e os discursos de Jair Bolsonaro (PL) com mais frequência, a emissora da família Marinho tem sido cobrada sobre algo que não faz qualquer sentido. Apesar do crescimento da verba federal na mudança do governo anterior para o atual, o percentual é "ínfimo" perto da fortuna que o plim plim abocanha com a publicidade não-estatal dos conteúdos que produz.
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Em 2023, o Grupo Globo registrou lucro líquido de R$ 838,7 milhões. O número é 33% menor do que o R$ 1,25 bilhão de 2022, mas esse valor foi influenciado pela venda da gravadora Som Livre. Além disso, a empresa conquistou uma receita líquida de R$ 15,1 bilhões e uma queda de 11% nos custos operacionais. Em dezembro, o caixa era de R$ 14,2 bilhões para uma dívida líquida de R$ 5,1 bilhões.
Para 2024, a Globo também espera por bons resultados, apesar de lidar com as instabilidades que afetam o mercado financeiro e potências mundiais. Ainda assim, o grupo planeja investir R$ 5 bilhões em conteúdo e tecnologia só no Globoplay.
Nas redes sociais, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro sustentam a tese de que a Globo, que estaria "prestes a falir", foi salva pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é uma inverdade. Ao longo dos últimos anos, o valor pago pelo governo federal ao canal oscilou entre 1% e 2% de sua receita. Ou seja, a grande e expressiva maioria partiu do faturamento com negócios fechados com agentes privados.
Sob Lula, publicidade estatal da Globo passa por correção
Em 2023, segundo dados oficiais da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), a publicidade estatal no Grupo Globo e as afiliadas teve um aumento de 60% em relação a 2022, último ano do Governo Bolsonaro, passando de R$ 89 milhões para R$ 142 milhões.
Em 2022, a Globo ficou com 28% da publicidade governamental em TV. Em 2023, essa marca saltou para 56%. Em contrapartida, Record, SBT, Band e RedeTV! receberam metade do que levaram com Jair Bolsonaro. Apesar do aumento do canal carioca, o total gasto pelo governo federal com publicidade diminuiu de 2022 (R$ 633 milhões) para 2023 (R$ 451 milhões).
Sobre o crescimento da Globo no bolo, a Secom informa que utiliza critérios técnicos elaborados por agências contratadas para definir a destinação dos recursos e que não comenta a comparação de investimentos com o governo anterior.
O que houve, no entanto, foi uma correção em busca do equilíbrio, uma vez que a nova divisão respeita, sobretudo, o critério de audiência dos canais. Sob Bolsonaro, que a considerava a inimiga número 1, a Globo chegou a receber menos publicidade estatal do que Record (a líder de verbas na época) e SBT. Somados, os dois canais, que ocupam a segunda e a terceira colocações, possuem audiência inferior ao plim plim.
Em 2019, relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) indicou que o Governo Bolsonaro destinou maiores percentuais de verbas para a Record e o SBT, emissoras com as quais possuía mais "afinidade". Até o fim de 2018, sob Michel Temer (MDB), a Globo recebia valores mais próximos da sua audiência. Em 2017, ficou com 48,5% dos recursos. Em 2018, com 39,1%. Em 2019, 16,38%.
Como contraste, os números da Record foram de 26,6%, em 2017, para 31,1% em 2018 e 42,6% em 2019. No mesmo período, as verbas do SBT saltaram de 24,8% (2017) para 29,6% (2018), e depois 41% (2019).