Dia dos namorados: você trabalharia com seu parceiro?
Casal no trabalho: os desafios e encantos de dividir o crachá com o amor

Publicado em 12/06/2025 às 18:10,
atualizado em 12/06/2025 às 18:28
Compartilhar a vida a dois já é um desafio. Agora, imagine compartilhar também a sala de reuniões, o cafezinho das 10h e até o estresse das metas mensais. Cada vez mais comum em empresas de diferentes setores, casais que trabalham juntos dividem mais do que a casa: dividem o crachá, a rotina corporativa e, com sorte, os créditos por um bom projeto entregue. Se por um lado há cumplicidade, confiança e até uma dose extra de motivação, por outro há riscos reais de confundir a vida pessoal com a profissional , e nem todo casal resiste ao expediente dobrado.
Mas também temos boas notícias: saber equilibrar esses dois mundos é essencial para que a parceria funcione e em muitos casos funciona sim e até pode levar o casal a ser mais unido.
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Do amor à produtividade: os pontos positivos
Quando o casal encontra harmonia no ambiente de trabalho, a relação tende a se refletir de forma positiva na produtividade. A confiança mútua, construída fora da empresa, muitas vezes se traduz em maior eficiência, lealdade e colaboração dentro dela. Um casal que já possui entrosamento natural pode executar tarefas com mais fluidez, tomar decisões com agilidade e, inclusive, inovar com mais liberdade em projetos conjuntos.
Além disso, a compatibilidade de horários e rotinas facilita a vida prática: organização de compromissos, divisão de tarefas domésticas e até mesmo o planejamento de férias tornam-se mais simples quando ambos têm o mesmo calendário profissional.
Quando o ambiente profissional vira extensão da casa
Apesar dos benefícios, a linha entre vida pessoal e profissional pode facilmente se apagar quando os dois espaços se sobrepõem. Pequenas discussões em casa podem respingar no clima do escritório, e desentendimentos no trabalho podem ser levados para o sofá da sala. A convivência intensa em casa, e na empresa, exige maturidade emocional e uma boa dose de autoconhecimento para que não se torne um fardo e respingue na relação.
Outro ponto sensível está relacionado à percepção de colegas e gestores. Mesmo que o casal atue com profissionalismo, é comum que surjam desconfianças sobre favorecimentos ou decisões . Isso é ainda mais delicado quando um dos parceiros ocupa uma posição hierárquica superior. Lidar com as fofocas de corredor (que sempre acontecem) e com os julgamentos dos outros, pode gerar uma grande insegurança e dor de cabeça nos casais. Nessas situações, a transparência e a ética devem ser redobradas. Além é claro, de uma boa dose de inteligência emocional para não deixar que ruídos externos estreguem o bom andamento do trabalho e do amor.
O papel da empresa
Organizações que permitem ou até incentivam a contratação de casais precisam estabelecer diretrizes claras. Algumas empresas optam por não permitir que casais trabalhem na mesma equipe ou em posições com relações diretas de subordinação. Outras, mais flexíveis, preferem avaliar caso a caso, desde que o profissionalismo seja preservado.
De forma geral, o ambiente corporativo deve favorecer a meritocracia, a imparcialidade e o respeito entre todos os colaboradores, sejam casais ou não, mas cada empresa tem liberdade para direcionar suas regras.
A chave está no equilíbrio
Estabelecer limites claros, manter a individualidade e preservar momentos de desconexão do trabalho são atitudes fundamentais para que a relação floresça tanto no amor quanto nos negócios.
Dividir a rotina profissional pode ser um desafio, mas também uma oportunidade de crescimento conjunto. No fim das contas, o sucesso da dupla dependerá menos da empresa e mais da maturidade com que escolhem viver e trabalhar juntos.
No amor, na vida e no trabalho
Para o casal Bira e Samanta Padilha, essa experiência tem sido um exercício constante de amor, diálogo e amadurecimento. “Desde que nos conhecemos em um ambiente corporativo, onde a Samanta foi inicialmente contratada como colaboradora e depois passou a responder diretamente para mim, aprendemos a lidar com os desafios e descobertas que vêm com esse novo formato de relação.” Explica Bira Padilha, CEO do Grupo BGB, empresa onde Samanta é Head de Rh e Gestão de pessoas.
Perguntei a eles quais os principais desafios existem nessa relação
Quando um casal compartilha a vida pessoal e profissional, os desafios se multiplicam e não dá para fingir que eles não existem. Um dos maiores desafios é saber separar os papéis: quem é o cônjuge, quem é o colega, quem é o líder. Já nos pegamos em situações do tipo: "Estou falando com minha esposa ou com a colaboradora?" ou "É o meu marido que está discordando ou é o meu gestor?" respondem em coro o casal.
Conviver 15 horas por dia naturalmente gera atritos. Mas o segredo tem sido cultivar a paciência e a amorosidade. Temos aprendido a parar, respirar e conversar de forma sincera sobre como nos sentimos e como gostaríamos que as coisas fossem. Nosso lema é simples, mas profundo: é só um trabalho. A vida verdadeira está na nossa casa, na nossa família, nas relações que valem a pena proteger.
Como lidar com os olhares alheios?
“O começo não foi fácil. Assim que nos aproximamos e oficializamos a relação, vieram os julgamentos, as fofocas e os olhares enviesados. Muita gente duvidou da competência da Samanta, como se sua evolução profissional fosse mérito apenas do nosso relacionamento e não da sua própria entrega”, explica o CEO do Grupo BGB
"Eu, Bira, também fui criticado por me separar e começar um relacionamento com alguém da empresa. O ambiente corporativo, que antes era apenas desafiador, se tornou um palco de especulações. Mas ao mesmo tempo, fomos surpreendidos por uma onda de apoio sincero: amigos, colegas e até clientes nos parabenizaram, se emocionaram com a nossa história e celebraram conosco", reflete Bira Padilha
“Aprendemos que não dá para controlar os julgamentos, mas é possível controlar a forma como reagimos a eles. Quando se vive com integridade e transparência, o tempo acaba colocando tudo no lugar. Casais podem, sim, ser felizes trabalhando juntos. Hoje, olhamos para trás e temos certeza: tomamos a melhor decisão das nossas vidas. Temos os mesmos valores, os mesmos sonhos, a mesma dedicação ao trabalho e à nossa família, que hoje é uma só”, pontua Samanta
O casal me contou que Samanta é mãe do Heitor, que vive com eles, e Bira é pai da Gabriela e da Beatriz, e avô do Rafael e por conta disso viraram um grande time em casa e na empresa.
“Essa convivência intensa nos fez criar estratégias para blindar nossa relação de desgastes desnecessários. Entendemos que o trabalho é importante, sim, mas nossa relação é ainda mais. A base precisa estar firme para que o resto flua bem. No fim das contas, trabalhar com quem você ama é uma escolha diária. E quando essa escolha é feita com propósito, com carinho e com respeito mútuo, o resultado é leveza, até mesmo nas tempestades”, finaliza Samanta.
E você, toparia trabalhar com seu amor?