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Glamour, superprodução e falta de reinvenção foram os vilões da possível extinção do "Pânico"

Coluna analisa a derrocada da trupe do "Pânico" ao longo desses 14 anos na TV


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Divulgação/TV Bandeirantes

Há 14 anos no ar, a turma do "Pânico" pode ter seu fim decretado pela Band em dezembro. A informação antecipada pelo jornalista do UOL, Flávio Ricco, caiu como uma bomba para os mais desavisados.

Com relativo sucesso, seu fim se explica em partes pelos seus custos, como noticiou o site Notícias da TV nesta quarta-feira (25). A matéria relata que o programa vai fechar com um rombo de R$ 15 milhões, e que o humorístico é caro. É aí que está um dos vilões.

É caro. Logicamente, ser caro e custar cada vez mais para ser produzido é uma consequência do sucesso. Mas o charme dos primórdios do "Pânico" era justamente o estilo pobre, improvisado e com um orçamento limitadíssimo.

O cenário paupérrimo e falta de recursos foram supridos com um time de primeira, ancorado por Emílio Surita, em 2003, ainda na RedeTV!. O "Pânico" tinha graça.

Derrubando conceitos e ignorando o politicamente correto, o "Pânico na TV" satirizava tudo. Todos. Bem verdade, o humorístico quebrou o marasmo dominical. A briga era polarizada entre Faustão e Gugu, ainda no SBT, mas já em pleno declínio com seu "Domingo Legal".

O humor escrachado conseguiu triplicar a audiência da RedeTV! logo na estreia, com 3 de média e picos de 5. E ficou longos anos dando trabalho para as gigantes Globo e SBT, que reinavam absolutas nas noites de domingo.

As duas duplas de repórteres Wellington Muniz e Vesgo, e Vinícius Vieira e Carlinhos (Mendigo), eram o ponto alto do programa.

Não era um espasmo. O "Pânico", de fato, veio para ficar, e a cada vez que se pensava que o programa estava no auge, um novo teto era alçado pela trupe.

Glamour, superprodução e falta de reinvenção foram os vilões da possível extinção do \"Pânico\"

Os constantes encontros com Silvio Santos - o primeiro em 2005 -, as Sandálias da Humildade, as festas e as zoações ganharam cada vez mais os jovens por sua simplicidade e sobretudo, repito: a arte de fazer rir.

Conforme o sucesso veio, a grana investida foi crescendo, e a graça foi caindo proporcionalmente a isso tudo. A falta de peças de reposição e a capacidade de se reinventar, também.

A apelação barata, as mulheres com cada vez menos roupa e as piadas "pacabá" de sem graça tomaram cada vez mais espaço, tornando o programa irreconhecível. O que aconteceu?

 Glamour, superprodução e falta de reinvenção foram os vilões da possível extinção do \"Pânico\"

Em sua ida para a Band, esperava-se mais. A estrutura maior, numa emissora de maior alcance, e a possibilidade de ter um orçamento mais generoso acenaram com a possibilidade do "Pânico" retomar seus dias de glória. Ledo engano.

Todos os fatores mencionados sempre foram na contramão do humorístico, que se consagrou pela estrutura limitada e um orçamento que era alvo de piada deles mesmos.

O glamour fez do "Pânico" um programa comum e sem brilho, como a maioria dos humorísticos na TV atualmente. Uma superprodução não faz rir, e isso já ficou provado inúmeras vezes.

Com seu fim iminente na Band, talvez seja essa última chance do "Pânico" se reinventar. Voltar às origens no que diz respeito ao seu preço seria um belo começo. Ao menos, abriria portas.

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