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Claro TV quer reduzir contrato bilionário com a Globo; saiba o motivo

Operadora líder no segmento busca novo modelo de negócio na TV paga


Logotipo da Claro e do Grupo Globo
Claro TV vai renegociar contratos com a Globo
Por Sandro Nascimento

Publicado em 27/08/2023 às 08:00,
atualizado em 27/08/2023 às 12:13

A Claro TV, líder no serviço de TV paga no país, está revendo seu modelo de negócio para estancar a queda de assinantes, reduzir custos e aumentar sua margem de lucro. Neste cenário, a operadora está renegociando contratos com o intuito de reduzir a remuneração repassada aos produtores de conteúdo, dentre eles, conforma apuração do NaTelinha, os canais do Grupo Globo Em outros casos, a Claro está zerando o pagamento.

A operadora não quer mais pagar para ter canais em sua programação. No modelo tradicional e que funcionava há pouco tempo, a Claro TV pagava um valor x por assinante, mas agora esse cenário mudou.

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No novo modelo, a empresa de televisão por assinatura distribui o sinal e joga para os produtores a responsabilidade de vender os espaços publicitários. Em resumo, uma parceria. O entendimento da operadora é que o canal já possui a vitrine necessária ao ser carregado no line-up da Claro.

"Vai começar a doer um pouco mais para alguns fornecedores de conteúdo. Temos que renovar alguns contratos e aquele modelo antigo de venda e aquisição de conteúdo não existe mais. Estamos indo para uma proposta mais de parceria com os provedores. Com aqueles com quem conseguirmos montar um modelo, vamos continuar; com os que não conseguirmos montar um modelo, sei lá o que vai acontecer, disse o presidente da Claro, José Felix, no Pay-TV Forum que foi realizado nos dias 22 e 23 de agosto pelos sites Tela Viva e Teletime.

O executivo completou: “A TV por assinatura lá de trás não existe mais. Neste ano deve perder 2 milhões de assinantes. A representatividade da TV por assinatura na Claro caiu pela metade, uma realidade inegável".

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A reportagem apurou que os canais do Grupo Globo representam cerca de 50% do custo de programação que os assinantes pagam nas operadoras de TV. Fazem parte do pacote 19 canais, dentre eles: GloboNews, Canal Brasil, Multishow, Viva, GNT e Sportv. De acordo com fontes ouvidas, receber menos por esses canais terá um forte impacto na Globo no negócio de canais lineares por assinatura.

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Depois da TV Globo, o faturamento dos canais por assinatura é o segundo melhor negócio do grupo. De acordo com o balanço oficial de 2022, de um total de R$ 15,1 bilhão, cerca de 40% desta receita da Globo tem origem do conteúdo, que inclui canais por assinatura, PPV e Globoplay.

Ainda durante sua participação no Pay TV Forum, José Felix revelou que pela primeira vez, o investimento em conteúdo feito pela Claro caiu no ano passado. Passou de R$ 4,7 bilhões em 2021 para R$ 4,2 bilhões em 2022. Segundo o executivo, esta é uma tendência do negócio neste momento que os contratos de conteúdo estão sendo renegociados. No Brasil, os principais produtores de conteúdo na TV paga são: Globo, Disney e Warner Bros. Discovery. Em sua maioria, são contratos em dólares.

O NaTelinha procurou a Claro sobre a redução de valores repassados para o Grupo Globo, mas a operadora não se manifestou.

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Além de cortar despesas com conteúdo, a operadora busca reduzir seus custos operacionais. A reportagem apurou que a Claro está trabalhando em um modelo experimental de envio de sinal sem ser por satélite, que atualmente é o que mais custa para os produtores de conteúdo e para a Claro.

Outro ponto é apostar no carregamento dos canais por assinatura via streaming, como Claro TV Box e o Claro TV+, assim não estaria sob a regulamentação da lei da TV Paga ou Serviço de Acesso Condicionado, o SeAC, com isso, a carga tributária é menor. A tendência é que a Claro pare de ofertar seu negócio via cabo e concentre no streaming.

Com esses três pontos - pagando menos por conteúdo, cortando despesas operacionais e ficando fora da Lei da SeAC -, a operadora acredita que o preço final para o assinante sofra uma queda brusca que seria capaz de desincentivar o crescimento da pirataria. Ao mesmo tempo que aumentaria as margens de lucro.

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