Há 17 anos, Mundial de Clubes levava Band à liderança no horário nobre
Publicado em 14/01/2017 às 18:00
Há exatos 17 anos, em 14 de janeiro de 2000, acontecia a final do primeiro Mundial de Clubes da FIFA. A partida Vasco x Corinthians, levada até os pênaltis e sagrando o clube paulista como campeão, levou a Band a dois feitos notórios.
O primeiro, vencer a Globo durante a transmissão, em pleno horário nobre - desbancando inclusive a novela das 21h, “Terra Nostra”. O outro foi conseguir uma marca histórica de audiência para o canal, ao menos na história recente e levando em consideração as mudanças em que a medição dos índices pela Kantar Ibope sofreu. Às 22h40, os índices apontavam 54,4 pontos para a Band, contra apenas 12,2 da Globo, que no momento exibia o "Globo Repórter".
A transmissão completa da partida, das 20h até 22h42, fechou com 36,2 pontos contra 25,8 da Globo. A final terminou por coroar uma escalada de sucesso que o torneio teve na Band, ainda que houvesse desdém de times que não foram convidados e a quase indiferença da Globo no tratamento ao Mundial - ela estava mais focada no Torneio Pré-Olímpico.
Outros jogos tiveram destaque, como Corinthians x Real Madrid, em 7 de janeiro de 2000, que rendeu ótimos índices, chegando a picos de liderança contra a novela das 19h da época, "Vila Madalena", e o "Jornal Nacional"
Embates
A transmissão da final do Mundial de 2000 começou com um pré-jogo às 19h30, após o “Jornal da Band”. A partida em si iniciou às 20h. Na Globo ainda estava no ar a novela “Vila Madalena”. Não precisou de mais de cinco minutos para a Band tomar a liderança e só sair de lá às 20h50, provavelmente no intervalo entre o primeiro e o segundo tempo. Às 21h06, quando estava no início do capítulo de “Terra Nostra”, a Band retomou o primeiro lugar em definitivo até acabar o jogo, levado aos pênaltis.
Contra o “Jornal Nacional”, a vitória foi de 31,5 a 25,8. O melhor momento da Band se deu às 20h45, quando chegou a 37,4 x 22,5. O confronto com “Terra Nostra” ficou por 34,6 a 31,1. O melhor momento do jogo contra a novela foi às 21h44, quando o placar indicava 38,9 a 29,2. Por fim, a vitória sobre o "Globo Repórter" foi de 43,9 a 17,8. Cada ponto na Grande São Paulo equivalia 43 mil domicílios no ano 2000.
A Globo só retomaria a liderança depois das 23h09, quando já estava no ar a minissérie “A Muralha”. A maior audiência da história da Band, até então, teria sido em 1989, durante uma luta de boxe com participação do hoje ex-pugilista Maguila, supostamente beirado os 50 pontos.
Por que a Band?
A Band ficou com os direitos de transmissão do Mundial de Clubes porque, naqueles tempos, o departamento de esportes do canal estava sob regência da famosa empresa de marketing esportivo Traffic, do empresário J. Hawilla. “A Traffic foi fundamental pra organização do mundial”, conta Mauro Beting (foto/abaixo), do Esporte Interativo, que conversou com a coluna sobre o assunto: “O Mundial contou muito com a ajuda logística, organizacional e política da Traffic, fundamental para a realização do torneio no Brasil”. Assim sendo, natural que os direitos acabassem sendo da emissora dos Saad.
A Globo se limitava a breves menções de resultados em seus telejornais, já que não tinha os direitos de transmissão. “Isso já havia acontecido na Copa Mercosul de 1998, quando torneio era exclusivo do SBT”, lembrou Beting. Com o crescimento da importância do evento, ensaiou comprar o direito para, ao menos, transmitir a histórica final entre Vasco e Corinthians. No entanto, era mais interessante para a Traffic ficar com a Band.
Bastidores do torneio
Um ponto bastante polêmico foi a participação, justamente, do Corinthians. “O natural era que o Palmeiras fosse convocado, por ter ganhado a Libertadores de 1999”, relata Mauro.
O Palmeiras teria feito um acordo para só participar do Mundial de 2001 (que terminou cancelado pela falência da ISL, marqueteira suíça que promoveria o torneio na Espanha), levando em consideração questões estratégicas de sua diretoria. Assim sendo, o Corinthians, emplacado pela Traffic, subordinada à Hicks Muse, que patrocinava o clube paulistano à época, foi convidado no lugar. Entretanto, o Corinthians tinha como mérito o bicampeonato do Brasileirão em 1998 e 1999. “É bobagem desconsiderar o mérito da vitória do time por isso”, brada o comentarista.
Muitos times internacionais não tiveram muito interesse no evento. “O Manchester United veio obrigado pela Federação Inglesa. Não tinha muito interesse por ter ganhado o Campeonato Intercontinental no final de 1999. O Real Madrid também não tinha muito interesse, mas levou com bem mais atenção o Mundial”, lembrou Mauro Beting.
Sobre a final, Mauro conta que “não foi assim, em termos de emoção, ou tecnicamente, um grande jogo, mas eram duas grandes equipes. Nos pênaltis, o Dida fez a diferença e o Corinthians acabou sendo mais feliz”.
Diogo Cavalcante é formando em jornalismo. Amante de televisão e apaixonado por novelas, fala sobre o assunto desde 2013. É um dos maiores especialistas sobre Classificação Indicativa na internet.