Colunas

Recessão, cortes e o precoce fim do "Agora é Tarde"

A coluna "Enfoque NT" analisa o fim do talk-show da Band


1e3af7196fa47b1dec55ad8caefdcb0b.jpg
Rafinha Bastos deixa o "Agora é Tarde" em abril - Divulgação
Não é segredo pra ninguém o momento que o país atravessa. Economia ruindo, dólar disparando como há muito não se via e contenção de recursos. Isso tem se aplicado a todos, inclusive às emissoras de televisão.
 
O SBT é uma dessas vítimas e tem poupado verba, reduzindo salários e deixando de investir em contratações de artistas com certo apelo, como Fábio Porchat. Um dos entraves apontados para sua não contratação em 2014 foi a instabilidade que paira sobre a economia, repleto de incertezas futuras. “Investe-se milhões, ganha-se milhões”, mas não há porque fazer loucuras. Todos sabem onde aperta mais.
 
O “Agora é Tarde”, de Rafinha Bastos na Band, será limado da grade a partir de abril para dar lugar à série “Roma”, da HBO, muito elogiada por público e crítica. Mas, o que se vê é a tendência em enlatar grades de programação, deixando produtos nacionais com qualidade de lado. 
 
Desde 2014, quando assumiu esse desafio, Rafinha Bastos já sabia que pegaria um rojão nas mãos. Um talk-show já consolidado com a cara de Danilo Gentili que deu uma oxigenada naquele horário e carecia de uma novidade há muito tempo. Mas Rafinha conseguiu. Em pouco tempo, deixou a atração com sua cara e manteve uma boa opção aos fins de noite.
 
Enquanto o “The Noite” pende para uma atração “humorística com entrevista”, o “Agora é Tarde” é mais um “programa de entrevista com um pouco de humor”. Enquanto o do SBT é mais show, o da Band é mais talk. Até por conta da experiência de Rafinha como entrevistador no YouTube, com o “8 Minutos”. Fato este que lhe ajudou bastante na condução do “Agora é Tarde”, além de sua vivência em “A Liga” e o fato de ser formado em jornalismo.
 
A soma disso tudo pôde ser vista no ar com um Rafinha sabendo perguntar e quando perguntar, mesclando seu senso de humor áspero e bastante peculiar que tem desde os tempos de “CQC” aliado à Marcelo Mansfield, Gustavo Mendes e à banda de André Abujamra, que conseguiram se afinar e criar uma sintonia bacana.
 
Para a Band, uma perda. Uma perda de (bom) conteúdo que lhe agregava audiência, repercussão, prestígio, mas, pelo visto, com um faturamento um pouco aquém do esperado, já que sairá do ar justamente por essa razão. E os tais cortes não devem parar por aí. Nada além do reflexo do momento do Brasil, como disse anteriormente.
 
“Roma”, por maior que seja sua produção e nome, certamente não trará retorno como Rafinha trazia no que tange a audiência e repercussão. O “Agora é Tarde” havia se transformado numa marca. E forte. Muitos podem achar que os 2 pontos médios que o programa alcança é baixo, mas não é. A média diária da Band é essa. E dar isso num horário tão ingrato, pegando o bastão lá embaixo, é até louvável.

 
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há dez anos e assina a coluna Enfoque NT há quatro, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter e Instagram: @tforatto
Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado