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Olhar TV: "Em Família" ainda tem salvação


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Divulgação/TV Globo

Desde sua estreia, “Em Família” tem sido alvo de muitas críticas. A primeira delas foi o choque de idade entre parte do elenco como, por exemplo, Nathália do Vale e Vanessa Gerbelli serem mãe e tia de Júlia Lemmertz, respectivamente.

A trama principal da novela, que seria o amor doentio de Laerte (Gabriel Braga Nunes) por Helena, perdeu o sentido com a mudança de fases. Para quem jurou amor eterno, esqueceu a prima muito rápido, sendo que o mais coerente seria o músico fazer de tudo para resgatar esse sentimento provando que mudou.

Ao contrário disso, o flautista se apresenta como vítima. Alguém sofrido por ter sido abandonado na igreja, preso por um ano, após enterrar o amigo vivo, e passado os últimos 20 anos construindo uma carreira no exterior. Triste, não?!

Já na terceira e última fase, Luiza (Bruna Marquezine), filha da protagonista com Virgílio (Humberto Martins), o amigo com quem se casou movida pelo sentimento de culpa, já que o rapaz teve o rosto marcado pelo primo da moça e quase foi soterrado, surge para atormentar a mãe e o sociopata do Laerte.

A jovem, que é cópia fiel de Helena, não só desperta a atenção no primo como também se interessa por ele.

Neste caso, há duas questões a serem debatidas. A primeira é saber se o músico realmente se apaixonou pela menina ou se, como o louco que parece ser, vê nela a Heleninha do passado.

Já a segunda seria descobrir se a estudante de psicologia está apaixonada pelo rapaz ou pela relação proibida, que pode ser vista como libertação, uma vez que ela experimentaria, pela primeira vez, um relacionamento adulto, ou ainda competição. Neste caso, relacionada a seu convívio com a mãe.
 
Maneco e suas complexidades

 
A novela “Em Família” está longe de ser a melhor escrita por Manoel Carlos, mas uma coisa não dá para negar: o autor sabe focar nas relações humanas e suas complexidades.

Talvez por isso, não tenha sido difícil dar pequenas mexidas na história e que começam a surtir efeitos. Uma delas, e a que eu mais gostei até agora, seria a postura de Virgílio, que deixou de ser um cara passivo para se tornar ativo.

Desde então, ele “flertou” com Shirley (Vivianne Pasmanter), enfrentou Jairo (Marcelo Mello Jr.) quando ele batia em Nando (Leonardo Medeiros), ex-marido de Juliana (Vanessa Gerbelli), e já não baixa tanto a cabeça para a mulher Helena.

Entretanto, ainda em relação à trama, alguns pontos continuam confusos. Como por exemplo o destino de Clara (Giovanna Antonelli), já que não se sabe se ela vai trocar Cadu (Reynaldo Gianecchini) por Marina (Tainá Müller).

Para mim, a incógnita vai além da doença do chef. Pelo que foi dito até agora, ela deve ficar ao lado do marido por causa do seu problema no coração. Porém, eu acho que o casal gay deve ficar separado por falta de empatia.

A relação das duas corre o risco de empatar com a de Luiza e Laerte no quesito convencer o telespectador, embora o beijo entre os dois e o quase beijo entre elas tenha contribuído um pouco para subir a temperatura da trama.

Além disso, acho que na busca de desatar esse e outros nós que se formaram na novela, Manoel Carlos criou uma teia maior ainda. Se antes Cadu e Silvia (Bianca Rinaldi) iam se entender, o dono do bistrô anda se aproximando muito de Verônica (Helena Ranaldi), que agora está separada de Laerte.

Em contrapartida, Felipe (Thiago Mendonça) continua apaixonado pela médica, que parece não se interessar muito por ninguém, nem mesmo pelo coitado do noivo Gabriel, vivido por Miguel Thiré.

Agora, situação complicada mesmo é a de Nando. Desde que se separou de Juliana, ele vive sendo jogado de um lado para o outro, feito uma bola de ping-pong. Como não se sensibilizar com aquela cara de cachorro sem dono e sem apartamento?

Eu espero, sinceramente, que o advogado encontre um sentido para a sua vida. Assim como Branca (Ângela Vieira), porque não dá para passar a vida toda à mercê do que acontece ao redor do ex.
 
Pontos positivos
 
- Perdemos o Félix (Mateus Solano), de “Amor à Vida”, mas ganhamos a Shirley, que sempre salva o capítulo em que aparece com alguma tirada maldosa;

- Ponto para Virgílio, que assumiu o homenzarrão que existe dentro de Humberto Martins, ainda bem;

- Está certo que Laerte pode surtar a qualquer momento, mas aquele olhão azul de Gabriel Braga Nunes seduz. A gente quase esquece os diálogos ruins.
 
Pontos ainda negativos
 

- A insistência de André (Bruno Gissoni) por Luiza, Marina por Clara e Branca por Ricardo (Herson capri), cansa pela inconveniência. Diferente de Shirley, que sabe separar os prazeres da vida pelo desejo por Laerte;     

- A história entre Helena e Laerte ficaria mais interessante se um dos seus embates terminasse na cama. Pelo menos, daria sentido a ideia da paixão eterna;

- Por fim, acho que a “flautinha” pode se aposentar. Afinal, já deu nos nervos de todo mundo.

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