Colunas

O Observador: A questão do preconceito e o papel da mídia nessa discussão


b4b35218e5c097546763cb638e0aba2c.jpg
Reprodução

Um dos assuntos mais comentados na última semana foi Daniela Mercury ter assumido um relacionamento com outra mulher, evidenciando sua homossexualidade. Em contrapartida, as opiniões de Marco Feliciano, bem como as de Jair Bolsonaro em outro momento, também chamam atenção para a questão dos gays no Brasil.

Como se não bastasse, a campanha “Feliciano não me representa” foi comprada por vários artistas, que chegaram a tirar fotos com beijos gays a fim de chamar atenção do público para a necessidade de se acabar com o preconceito entre as pessoas.
 
Nesta semana, duas das maiores revistas do país colocaram Daniela Mercury na capa de suas publicações. A "Veja" salientou ainda que a questão homossexual passou a ser, efetivamente, “inadiável” para o povo brasileiro.
 
Revoltante é perceber que só agora a mídia se tocou para isso. A questão dos gays no Brasil é inadiável há muito tempo e, por não ser tratada dessa forma pelas grandes empresas de comunicação, se tornou uma tempestade em copo d’água. O preconceito nasce quando um assunto é tratado de forma diferente dos outros. Aliás, “preconceito” e “diferença” são palavras que caminham de mãos dadas.
 
Alguns programas até já vêm falando disso há um bom tempo, até com uma frequência admirável. Mas ainda é pouco, proporcionalmente falando, visto o tamanho dessa “questão inadiável”.
 
O que ainda assusta é a possibilidade do monstro chamado preconceito ganhar força a medida que a própria mídia o alimenta. E isso se percebe quando lembramos que a Globo vetou beijo gay na minissérie “Clandestinos”, na novela “América” – ambos gravados, mas não levados ao ar – ou em pelo menos duas edições do “Big Brother Brasil”, com Diana e Michelly; e, mais recentemente, na eliminação de Aslan, quando um beijo com seu namorado Arthur não foi ao ar.
 
A Record também não exibiu cenas românticas das várias que aconteceram na “Fazenda de Verão”, quando Angelis e Manoella, pela primeira vez, formaram um casal feminino que se envolveu de forma bastante intensa dentro de um confinamento.
 
Por outro lado, o SBT conseguiu grande audiência no capítulo em que pela primeira vez na história da televisão aberta no Brasil um beijo gay foi ao ar, na novela “Amor e Revolução”. Ainda assim, o segundo beijo gay da novela foi cortado pela emissora.
 
Aproveitando o embalo do “não me representa”, alguns artistas poderiam implorar que as grandes empresas de comunicação no Brasil os representem. 


Comente o texto no final da página. E converse com o colunista: brenocunha@natelinha.com.br / Twitter @cunhabreno
 
Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado