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25 anos sem TV Manchete: Icônica vinheta surgiu por acaso; saiba como

Maestro Eduardo Souto Neto revela que a criação aconteceu após um papo com Nelson Pereira dos Santos

Ao lado de Adolpho Bloch, Xuxa Meneghel foi estrela da Rede Manchete - Foto: Montagem/NaTelinha
Por Redação NT , com Gabriel Gontijo

Publicado em 12/05/2024 às 13:00:00

Há mais de 40 anos, em 1983, a TV Manchete estreou na televisão brasileira com a proposta de ser “a televisão do ano 2000”. E 25 anos após encerrar as atividades, a vinheta de abertura até hoje guarda lembrança em muitos “mancheteiros”, como os próprios telespectadores saudosos da emissora de Adolpho Bloch se definem. O que muita gente não sabe é que a ideia da icônica vinheta do tradicional M voando pelo Brasil até aterrissar no alto de um edifício no Rio surgiu durante uma conversa informal em um bar. Quem revelou isso foi o maestro Eduardo Souto Neto em conversa exclusiva com o NaTelinha.

Neto relembrou que trabalhava na criação de trilhas e paródias musicais para o programa Viva o Gordo (1981- 1987), da Globo, quando o diretor da atração, Paulo Araújo, foi contratado para o projeto da TV Manchete antes da emissora estrear. Ciente de toda a parte musical produzida pelo maestro, Araújo o chamou para desenvolver a identidade sonora do canal que ainda iria ao ar.

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Entretanto, meses depois da contratação, Araújo saiu da Manchete antes da estreia. Em seu lugar entrou Maurício Sherman. Apesar da troca, o trabalho de Neto seguiu e ele também passou a receber demandas para a criação de trilhas de programas. Foi aí que surgiu a ideia de como seria a identidade visual e sonora da abertura e o encerramento da emissora. E quem também desenvolveu essa ideia foi o diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos.

“A direção da Manchete contratou o Nelson para fazer a vinheta de abertura e encerramento da emissora. Entrava no ar às 6 da manhã de um dia e saía no dia seguinte às duas. Só que eu tinha várias vinhetas cascudas para fazer. Eu estava saindo do prédio até a minha casa para escrever os arranjos, mas o Nelson me abordou dizendo que precisava falar comigo sobre a trilha dessa vinheta. Ele me convidou para trocar a ideia num bar que tinha ao lado”.

Maestro Eduardo Souto Neto

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O maestro explica que ficou “fascinado” com a descrição que o Nelson fez sobre a parte visual que tinha pensado a respeito da vinheta, “um M como nave espacial sobrevoando as cinco cidades onde o canal teria a concessão: Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e o Rio, aterrissando no alto do edifício da Glória”.

“O papo foi maravilhoso. O Nelson era um sujeito muito bem-humorado e eu fiquei tão fascinado com aquilo que eu cheguei em casa e tentei fazer as vinhetas que eu tinha que compor pela ordem. Mas eu não conseguia. E nessa, me veio à música que seria para essa vinheta. Foi naquela hora que eu fiz a trilha, não podia ser depois. Embora essa criação não fosse primordial, tornou-se a coisa mais urgente a ser feita. Então aquilo saiu naturalmente, em 10 minutos”.

Neto destaca que essa criação foi uma “das maiores alegrias que teve” por poder fazer um trabalho com Nelson Pereira dos Santos.

“Eu fiquei fascinado quando ele me contou os detalhes sobre a vinheta. Pensei que tinha que parar tudo o que fazia até então para focar na composição da trilha. As músicas sempre me vieram com alguma rapidez. Mas neste caso, quando o Nelson me falou, senti uma vibração diferente. Não tinha como fazer outro tema depois daquela conversa”.

25 anos sem TV Manchete: Parceria com o Roupa Nova

 A composição foi tocada pelo conjunto Roupa Nova, que já tinha feito outras parcerias com o maestro, como o tema da Rede Manchete onde a vinheta aparece após uma explosão, e até algumas trilhas para as extintas rádios Manchete AM e FM. Além disso, o trabalho mais famoso e conhecido até hoje da parceria é o Tema da Vitória, tocado por décadas pela TV Globo nas vitórias brasileiras na Fórmula 1.

Questionado sobre a reação de Nelson Pereira dos Santos ao ouvir a música de abertura e encerramento, Neto diz que o diretor “adorou”.

 “Ele adorou. Pena que depois desse trabalho, não me lembro de termos nos encontrado mais. Se houve um novo encontro, talvez tenha sido de forma casual”, explica.

Outro ponto que o maestro recordou foi sobre a junção entre o áudio e o vídeo das vinhetas. Neto explica que procurava fazer da forma em que ambos se aproximassem o máximo possível.

“Eu tinha que fazer a trilha em cima do visual. Como na época não existia tecnologia que permitisse fazer o áudio junto com a imagem no computador, tinha que compor em cima do que a parte visual passava. Por exemplo, a trilha curta da Manchete. O efeito sonoro da explosão, aquele “puff”, tinha que ser em cima da imagem. Não podia ser um frame antes ou depois. Se acontecesse isso, já era”.

Neto detalha que já tinha experiência com gravação de jingles, então isso o ajudava na criação de identidades sonoras. Ao mesmo tempo, a equipe de edição fazia os ajustes para deixar áudio e imagem sincronizados.

Apesar do trabalho ter sido bem avaliado, o maestro ficou pouco tempo na função, Por fazer trabalhos paralelos com criação de jingles, Eduardo Souto Neto deixou a emissora no ano seguinte, em 1984.

Assista ao vídeo da vinheta produzida para Rede Manchete:

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