Publicado em 07/08/2022 às 07:00:00
Funcionários da HBO Brasil não estão nada satisfeitos com a fusão da empresa com a Discovery. A reclamação geral é que falta transparência e diálogo nas decisões e nos rumos que a multinacional vai tomar no país. Mesmo os comunicados estão chegando truncados e sem explicações ou estudo que viabilizem constantes mudanças que afetam o cotidiano de trabalho dos profissionais.
Segundo apurou o NaTelinha, o clima entre os funcionários brasileiros da HBO e o pessoal da Discovery não é nada amistoso. A começar pela forma como os novos chefes estão tratando das mudanças anunciadas para o Brasil e para a América Latina. Um produtor conversou com a reportagem, sob condição de anonimato, e explicou que está difícil manter a concentração no trabalho.
A justificativa é de que as mudanças estão sendo anunciadas constantemente e, a maioria delas, pedindo novos rumos e processos de trabalho com prazo curto. Esse mesmo funcionário alegou que a sensação geral é de que o pessoal da Discovery está tentando fazer com que a maior parte da equipe peça demissão a fim de evitar gastos trabalhistas no momento.
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Uma pessoa que trabalha na empresa há alguns anos revelou à reportagem que não acredita na continuidade dos trabalhos da HBO Brasil. Para ela, é questão de tempo até o escritório ser fechado e a explicação seria para centralizar os trabalhos. A Discovery, nas palavras dela, enxerga blocos geográficos e o Brasil estaria inserido na América Latina, mas sem a força de comandar o grupo, que ficaria a cargo do México. Para a pessoa, é possível que um único escritório cuide de toda a demanda da América Latina.
O clima já vem afetando as produções da HBO no Brasil. Assim que a fusão foi aprovada, a Discovery havia dado sinal verde para que o projeto de telenovelas fosse tocado no país. Pouco depois, um memorando apenas pediu para que tudo fosse suspenso, sob a justificativa que os processos internos de fusão ainda estavam acontecendo e que, por isso, nenhum novo projeto poderia ser feito. Recentemente, os chefões americanos autorizaram que a equipe de dramaturgia tocasse as produções.
Neste momento, artistas e executivos esperam a liberação financeira, prometida para a primeira quinzena de agosto e assim colocar a primeira novela com o selo HBO em estúdio. Segundas Intenções, de Raphael Montes, já tem boa parte de seus 40 capítulos escritos e um percentual importante do elenco escalado. Mas na área administrativa, há quem não acredite que o dinheiro vai chegar. Uma aposta entre funcionários corre de que o departamento de novelas brasileiras vai morrer e ser engolido pelo setor do México, que investiria em projetos de língua espanhola e não portuguesa.
A tensão de bastidor já começou a afetar alguns contratos. Nomes contratados para Segundas Intenções começam a bater em outras emissoras, alguns pensam em aceitar o contato da Globo e retornar à emissora, por medo de ficarem presos em algo que não vai sair do papel. As conversas para produzir outras novelas, como a de Izabel de Oliveira, esfriaram e não foram retomadas ainda. Produtoras que estavam interessadas e chegaram a enviar propostas para assumir a produção da novela, sequer foram respondidas. O burburinho entre essas empresas é de que, tão cedo, a HBO não conseguirá colocar nenhum plano de pé.
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