Publicado em 01/07/2022 às 21:19:00,
atualizado em 01/07/2022 às 21:19:21
Prestes a estrear como a primeira narradora a participar da cobertura de uma Copa do Mundo na TV aberta, Renata Silveira discorre porque demorou tantos anos para que as mulheres finalmente ocupassem esse espaço tradicionalmente masculino.A profissional acredita que o machismo é o grande culpado deste atraso: "Desaceleraram nos passos e, por isso, estamos chegando tão tardiamente", contou ela, em entrevista à revista 29 horas.
Antes do evento mundial, Renata já usa sua voz para narrar jogos importantes de futebol. Atualmente, ela faz a Liga das Nações no SporTV e também está presente nas partidas da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. No entanto, se hoje parece que a narradora chega nesses espaços de maneira muito tranquila. No passado, as mulheres que gostavam de futebol eram malvistas.
"Nossa sociedade foi estruturada sobre bases machistas. Enquanto público, não estamos preparados para assistir, ouvir, admirar ou consumir conteúdos produzidos por mulheres. Mas é claro, que, quando falamos de futebol, a situação se agrava. Até meados de 1940, nós éramos proibidas de jogar, de assistir e até de comentar o esporte. [...] Primeiro, as repórteres vieram desbravando o terreno; depois, as comentaristas fincaram suas opiniões nas bancadas, e agora, finalmente, chega a vez das narradoras. Espero que seja o último passo para um cenário de equidade", pontuou.
Motivada pelo pai, que adorava ouvir partidas de futebol pelo rádio, Renata e a irmã se tornaram apaixonadas pelo esporte. Ela, no entanto, não esperava ter ido parar justo no jornalismo. Na juventude, ela preferiu seguir a carreira em Educação Física.
No entanto, a vida de Renata mudou após o concurso Garota da Voz, promovido pela Rádio Globo em 2014. Encorajada pelos amigos, que já sentiam que a voz da futura narradora era competente, ela se aventurou pela competição. O resultado? Ela foi chamada pela empresa dias depois de ter enviado seu teste e nunca mais parou.
Desde então, Renata foi comentarista das Olimpíadas de Tóquio, trabalhou na TV paga e também narrou algumas partidas do Campeonato Brasileiro na Globo. Perguntada sobre como se sente sendo a pioneira no segmento, ela respondeu:
"Eu me sinto honrada [...], mas eu nunca quis que fosse assim. É triste pensar que demorou tanto para estarmos aqui. Meu mais sincero desejo era que eu fosse apenas mais uma entre tantas mulheres que já tivessem conseguido alcançar esse espaço. Mas, enquanto ainda engatinhamos, creio que seja um marco crucial para desestruturas estigmas e preconceitos no esporte", finalizou.
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