Publicado em 21/05/2021 às 05:14:00,
atualizado em 21/05/2021 às 14:48:20
Silvio Santos não teve a melhor das despedidas da Globo em 1976, após 11 anos comprando horários. Depois de ver a TV Tupi (1950-1980) anunciar "Silvio Santos a cores", o canal da família Marinho obrigou o Homem do Baú a produzir seu último programa totalmente colorido, o que gerou estresse, briga e até ameaças. Guardada as devidas proporções, o caso pode se assemelhar ao que Fausto Silva, pode passar em seus últimos meses de contrato na Globo. O comunicador, que já assinou com a Band por cinco anos a partir de 2022, pode ficar na geladeira nos últimos quatro meses do ano.
Naquela época, Silvio Santos também já tinha tudo pronto para entrar nos domingos da TVS, canal 11 do Rio de Janeiro, e da Record. Silvio tinha comprado metade das ações do canal 7 paulistano através de uma transação sigilosa, pois seu contrato com a Globo o impedia de se tornar sócio de emissoras. O animador garantiu ainda um espaço na Rede Tupi, que não demorou para alardear sua estreia.
O contrato de Silvio com a Globo iria até o final de julho, e foi cumprido até o último dia. Mas, na quinta-feira que antecedeu sua última exibição, há quase 45 anos, o animador foi avisado por Eduardo Lafon (1948-2000), na época diretor de programação da Globo em São Paulo, que teria que levar seu programa em cores.
O fato gerou estresse e uma briga daquelas. A decisão levou a todos a realizarem mudanças nos cenários praticamente aos 48 minutos do segundo tempo. Antes, as cores eram acinzentadas, já que a TV era preto e branco. Silvio Santos também correu para arrumar um terno colorido e aparecer "na estica" como mandou a direção.
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No início, Silvio até que tentou relutar, mas os compromissos comerciais deveriam ser cumpridos e ele não teve outra alternativa a não ser ceder a este que foi o último ato da Globo para marcar sua despedida do canal, que depois teve que tapar um buraco de mais de 8 horas na sua programação.
"Quando saiu da Globo, o Programa Silvio Santos era um dos mais longos da TV mundial. Ele tinha oito horas e meia de duração, o que correspondia a cerca de metade da grade dominical da emissora. Por isso, a mudança exigiu um grande planejamento prévio tanto por parte do animador quanto da própria Globo, que foi obrigada a lançar várias atrações de uma vez", recorda Fernando Morgado, autor dos livros Silvio Santos - A Trajetória do Mito e Comunicadores S/A, ao NaTelinha.
Ele também lembra o acordo de Silvio com a Tupi e a criação da TVS. "Dessa forma, o apresentador conseguiu permanecer no ar para todo o Brasil e ainda manter-se em primeiro lugar de audiência", acrescenta.
Em agosto de 1976, portanto, a Globo vivia uma situação diferente, sem seu tradicional apresentador que animava os domingos. Para começar, a emissora levou ao ar a série O Planeta dos Macacos na faixa das 12h, seguido pelo jornalístico Domingo Gente, Esporte Espetacular às 14h, e às 17h, o Moacyr TV, com Moacyr Franco. Para fechar a grade, o Globo de Ouro às 18h e, por fim, o Oito ou Oitocentos, com Paulo Gracindo.
Assim como Faustão terá que sobreviver sem astros e estrelas da Globo em 2022, o mesmo aconteceu com Silvio Santos no segundo semestre de 1976, que também não pode mais contar com um casting estelar na TVS, Record e Tupi.
Concorrer com Silvio Santos foi difícil. Entre 1976 e 1989, a Globo tentou de tudo: desde filmes que foram estouro de bilheteria até jornalísticos, passando por séries premiadas e programas esportivos. Contudo, o Homem do Baú permaneceu líder de audiência até a estreia do Domingão do Faustão, o único que foi capaz de destroná-lo.
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