Publicado em 03/08/2020 às 18:46:00
Rivais fora da TV, Chiquinha e Dona Florinda se posicionaram contra o "apagão" de Chaves, que deixou de ir ao ar no Brasil e em dezenas de países desde o último sábado. Um impasse financeiro entre a rede mexicana Televisa e o Grupo Chespirito abreviou o fim das reprises para 31 de julho.
Maria Antonieta de las Nieves, intérprete de Chiquinha no programa, se manifestou em suas redes sociais sobre o fim da exibição de Chaves, Chapolin e outras séries criadas por Roberto Gómez Bolaños (1929-2014). No Brasil, os humorísticos estrearam em agosto de 1984 no SBT.
"Muito obrigada a todos os fãs, amigos e colegas da imprensa por suas ligações e mensagens. Todos perguntam minha opinião sobre o fim da transmissão de Chaves a nível mundial. Quero lhes dizer que lamento muito esta decisão e desconheço quais são os motivos. Agradeço a todos os fãs da série, que dia a dia nos demonstram seu amor e gosto pelo nosso trabalho. Que a vila volte a ver sua luz na 'caixa mágica' [televisão]", opinou Maria Antonieta em seu Facebook.
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A fala de Chiquinha vai ao encontro da opinião de Florinda Meza, intérprete de Dona Florinda e viúva de Chespirito, como é conhecido Roberto Gómez Bolaños. No Twitter, a atriz se opôs à briga entre Televisa e Grupo Chespirito que provocou a saída abrupta das séries na TV.
"Qual minha opinião sobre deixar de transmitir o programa Chespirito? Ainda que eu não tenha nada a ver porque, inexplicavelmente, eu não fui chamada para as negociações, acredito que justo agora, quando o mundo mais precisa de diversão, fazer isso é uma agressão às pessoas", iniciou Florinda Meza em postagem no Twitter.
Ela argumentou que a decisão vai contra interesses comerciais, já que, neste momento, todos querem ver aquilo que nos faz lembrar de um mundo melhor. A veterana opinou ainda que Chespirito "faz parte do DNA dos latinos", e que estes o carregam em sua memória genética. Tentar eliminar o legado do comediante é uma medida pouco inteligente, segundo Florinda. "É triste ver como, em sua própria casa, em que deu milhões de dólares, é onde menos te valorizam", prosseguiu, em referência à Televisa.
"Nunca pensei que isso iria acontecer, mas pela primeira vez encontrei um motivo para dizer: que bom que meu Rober não está neste mundo! Esse ato incompreensível chuta sua memória e o que ele mais respeitava: o público. Talvez alguns executivos sem visão queiram apagá-lo, mas no coração e na memória dos bons que sempre o seguiram, ele estará mais vivo do que nunca", finalizou a viúva.
Chiquinha e Dona Florinda, que não se falam publicamente há mais de 25 anos, sinalizam oposição ao Grupo Chespirito, que teria aumentado o valor cobrado à Televisa para a exportação dos programas. A empresa é administrada pela família de Bolaños, que tem péssimas relações com as duas atrizes.
Maria Antonieta rompeu com o criador de Chaves quando registrou Chiquinha como sua propriedade sem avisar ao comediante. Por consequência, a personagem "sumiu" de outros projetos envolvendo o humorístico, como o desenho animado e venda de brinquedos. A exceção foi o espetáculo brasileiro Chaves - Um Tributo Musical (2019), que negociou os direitos separadamente entre Grupo Chespirito e a intérprete de Chiquinha.
Já Florinda Meza não caiu nas graças dos seis filhos de Bolaños, todos do casamento dele com Graciela Fernández. O comediante traiu a mulher para ficar com sua colega de elenco, e o relacionamento durou 37 anos, até a morte do intérprete de Chaves, em novembro de 2014.
Roberto Gómez Fernández e Graciela Gómez, dois dos filhos de Bolaños, se manifestaram sobre a saída de Chaves da TV.
"Embora triste com a decisão, minha família e eu esperamos que Chespirito esteja em breve nas telas do mundo. Continuaremos insistindo e tenho certeza de que teremos sucesso", afirmou o primogênito do falecido comediante.
Em resposta à publicação do irmão, Graciela também lamentou a medida drástica tomada na última semana. "É uma pena que aqueles que mais se beneficiaram dos programas de Chespirito hoje afirmem que não valem mais nada. Ele deixou para os filhos sua cultura, seu amor, seu exemplo, seu estilo... Essa riqueza não pode ser quantificada. Os interesses econômicos não estão na família", escreveu.
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