Publicado em 02/12/2019 às 06:23:00
A atuação de Regina Casé como Lurdes foi destaque na primeira semana de Amor de Mãe, nova novela das 21h, na Globo. Mais conhecida pela apresentação de atrações como Esquenta! e Central da Periferia, há muito os espectadores não conferiam seu talento como atriz em teledramaturgia, capaz de transitar entre o drama e a comédia.
Em humorísticos, a presença de Regina Casé sempre foi mais constante. Fez sucesso no TV Pirata, na década de 1980, e também comandou divertidos programas de variedades, como Programa Legal, Brasil Legal e Muvuca, nos anos 1990.
No cinema, a atriz encantou e foi premiada com títulos de sucesso, como Eu, Tu, Eles (2000) e Que Horas Ela Volta? (2015). Atuou ainda em especiais de fim de ano na TV, como Papai Noel Existe (2008).
Com poucas novelas e minisséries no currículo, Casé fez algumas com grande destaque. Em outras, foram pequenas participações. Relembre alguns de seus melhores trabalhos:
A primeira atuação de Regina Casé em novelas foi em Guerra dos Sexos (1983) como Carlotinha Bimbatti, amiga sempre citada por Frô (Cristina Pereira), mas que só deu as caras no último capítulo. Ela ainda atuou em Vereda Tropical, no ano seguinte, mas sua estreia efetiva em novelas só se deu em 1986, como a esfuziante Tina Pepper, de Cambalacho.
Aspirante a artista, Tina mora em um bairro pobre de São Paulo, mas sonha em conquistar dinheiro e fama. Ao longo da história escrita por Sílvio de Abreu, a personagem conquista o sucesso como cantora, inspirada no visual de sua diva Tina Turner. Na trama, ela chega a se apresentar no Cassino do Chacrinha com o hit Você me Incendeia.
Tina formou uma dupla inesquecível com a mãe Lili Bolero (Consuelo Leandro), que jurava ter sido sabotada por Angela Maria, no passado. Quando enriquecem, elas precisam aprender boas maneiras para circular na alta-roda paulistana. Em um de seus momentos irrepreensível, Tina descobre o feitiço da Salamandra, capaz de encantar os homens.
Regina Casé e Fernanda Montenegro nos bastidores de As Filhas da Mãe (Foto: Acervo no Site Regina Casé/Reprodução)
Quinze anos longe das novelas, Casé voltou com tudo como a batalhadora Rosalva de As Filhas da Mãe. Sua história era quase tão triste quanto a de Lurdes: nordestina recém-chegada com a família em São Paulo, ela perde o marido Edmilson (Edson Celulari), atropelado por um trem.
Na capital paulista, Rosalva passa a viver com dificuldades, sem desconfiar que é filha do milionário Fausto Cavalcanti (Francisco Cuoco). Quem descobre esse segredo é o inescrupuloso Adriano (Thiago Lacerda), que finge estar apaixonado, se casa com ela e planeja matá-la, a fim de ficar com a herança.
O plot pode parecer o maior dos dramalhões, mas o autor Sílvio de Abreu conferia boas doses de humor à história. A novela penou na audiência, mas tinha um texto inspirado e trouxe a atriz em mais um bom trabalho.
Regina Casé também esteve na minissérie Amazônia: de Galvez a Chico Mendes, escrita por Glória Perez, como a parteira Maria Ninfa. Madrinha de todas as crianças que ajudou a trazer à vida, ela era autoridade e figura cultuada na região do seringal, no Acre. Vivia às turras com Padre José (Antônio Calloni), com quem disputava os partos da localidade.
Para interpretar Maria Ninfa, Casé fez laboratório e assistiu a partos reais. Na época, em entrevista ao jornal O Globo, ela falou sobre a emoção de reviver essa experiência, já que, quando criança, presenciou diversos partos de sua família.
A participação foi curta, mas Eunice Jardim deixou sua marca em Ciranda de Pedra, de Alcides Nogueira. Na trama, ambientada nos anos 1960, ela deu vida a uma popular apresentadora de TV - coincidência? -, que leva a seu público o inusitado dom da manicure Jovelina (Olívia Torres): ler o futuro nas unhas de suas clientes.
O convite para a participação partiu da diretora Denise Saraceni. Casé buscou inspiração em sua própria mãe, Heleida Barreto, que atuou nos primeiros anos da TV brasileira, fez programas e peças infantis com fantoches e marionetes.
Com pitadas de vilania, Regina Casé também atuou na minissérie Som & Fúria, de Fernando Meirelles. Na contramão do trabalho desempenhado pela atriz, Graça, sua personagem, era diretora do departamento de teatro da Secretaria de Cultura de São Paulo, sem verdadeiro apreço pela área em que trabalha.
Ao lado de Ricardo (Dan Stulbach), ela sonha em levar ao Teatro Municipal de São Paulo espetáculos unicamente lucrativos, mandando às favas o amor à arte e o gênio criativo dos personagens principais, que planejam encenar Shakespeare e outros clássicos.
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