Publicado em 30/05/2019 às 05:05:10
"Eu nunca me declarei feminista, mesmo fazendo 'Malu Mulher'. Eu achava que não era por aí, que tinham caminhos intermediários, tinha que negociar mais, não podia se afastar do homem", afirmou Regina Duarte em entrevista a Pedro Bial, exibida na madrugada desta quinta-feira (30) na Globo. A atriz reafirmou suas posturas conservadoras e defendeu o direito de pensar desta maneira.
No "Conversa com Bial", Regina também leu um um texto em que sugere novos rumos para o financiamento da cultura no país: "Tem uma história que artistas mamam nas tetas do governo. Será pedir muito rigor na prestação de contas?", questionou. O apresentador respondeu brincando de forma ácida: "Se ainda existisse Ministério da Cultura, você poderia ser ministra".
A visão de mundo da atriz de 72 anos difere bastante da maioria de suas personagens. "Embora eu tenha tido atitudes de vanguarda, sempre fui e continuo conservadora. Só tenho medo de virar uma velhinha que fica dizendo 'ai, esse mundo está perdido'", bradou. Ela explica que teve uma formação muito rígida na vida pessoal e profissional, algo que explicaria o apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
"(Tive) Minha mãe, religiosa, doce, feminina ao extremo, e nem por isso humilhada em seu feminino. Tenho um pai militar, com valores éticos muito rígidos. Meu primeiro diretor no teatro, Antunes Filho, era um disciplinador e todo mundo sabe o quanto que ele era focado no rigor. E o (Walter) Avancini, com quem comecei a fazer televisão. Meu DNA é feito por essas posturas de valores morais", elencou.
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Para Regina, não dá para avaliar corretamente ainda o governo Bolsonaro. "Eu seria louca se avaliasse alguma coisa. Essa oposição é tão feroz, tão voraz, ninguém tem paciência de esperar nada", aponta. Nas redes sociais, quase sempre ela defende narrativas do presidente, algo que gera certa polêmica.
"Em 2002, fui chamada de terrorista. E hoje sou chamada de fascista. Olha que intolerância! E eu achando que estou vivendo em uma democracia, onde tenho o direito de pensar, de acordo com o que quero. Respeito quem pensa diferente de mim, não saio por aí xingando ninguém", desabafou. "Todo mundo tem que falar, senão não é ético. Ético é saber que o outro é igual a você, tem todos os teus direitos. Não pode xingar, bater. Todo mundo tem direito a falar tudo. Isso é democracia e a gente tem que preservar isso", acrescentou.
Série marcante da televisão brasileira, "Malu Mulher" completou 40 anos de sua estreia neste mês de maio. Regina diz ter sofrido muito com o fim do programa, mas chegou um momento que era necessário dar um ponto final. "O Boni me chamou e disse: 'agora chega, né?'. Eu falei 'vou sofrer muito, mas realmente chega'. Os programas começaram a se repetir, como acontece com todas as séries. Eu já estava discordando da personagem. Estava achando muito chata, autoritária, dona da verdade, feminista", relembrou.
A atriz se surpreendeu ao rever o trecho de um episódio sobre o aborto: "Tinha esquecido que era nesse nível de clareza". O momento deu gancho para ela defender educação sexual contra a gravidez indesejada. "Seria tão bom que o governo pudesse ajudar as adolescentes que dão uma transada. Se prevenir antes de ficar grávida. Não pode chegar lá, entendeu? Tem que ter salvaguardas que antecedam (a gravidez)", sugeriu.
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