Publicado em 16/05/2019 às 12:01:00
Na noite da última quarta-feira (15), os atores Mateus Solano e Luís Miranda participaram do "Conversa com Bial", na Globo. O intérprete do personagem Félix falou da importância do beijo gay em “Amor à Vida” para sua carreira e seu colega de profissão explicou como aquele período o Brasil estava avançando na aceitação aos LGBTQ.
“É a maior realização para mim como profissional ter gente torcendo para os dois. Os mais homofóbicos torcendo. Como é uma possível uma história tão bonita não ter um beijo, né? Foi uma luta que a gente ganhou”, comentou Solano, recebendo aplausos da plateia.
O ator relembrou o beijo de Félix em Niko (Thiago Fragoso) no último capítulo da novela “Amor à Vida” (2014). Ele disse que houve muita torcida para que os personagens ficassem juntos e o final deles entrou para história da teledramaturgia como o primeiro beijo entre dois homens.
“Foram algumas cartas, depoimentos que recebi e recebo até hoje. Tem gente que vem me abraçar e falar ‘obrigado’. Não precisa nem falar que eu já sei o que é”, explicou Mateus para Bial.
“A gente caminhava para uma mudança muito sistemática no Brasil. As pessoas já estavam se assumindo mais e muitos até comentavam: ‘por que botaram um homem para fazer uma mulher?’. Não era uma transgênero, era mulher, eles colocavam assim. A ideia de discutir esses assuntos ainda era muito forte. Nós somos o país que mais mata LGBTs e era extremamente importante que essas causas ganhassem visibilidade”, disse Luís, ressaltando a importância de debater o tema na arte.
Mateus falou que Félix e Niko quebraram barreira, porém, detalhou que precisou de mais de 200 capítulos para que o seu personagem pudesse viver um amor de forma plena. “Presta atenção, foram 221 capítulos para que ocorresse o beijo. Foi muito trabalho e foi o público que permitiu essa vitória”, comentou. “São as pessoas que precisam pedir esse tipo de avanço”, acrescentou.
O ator deixou transparecer seu orgulho e emoção ao falar do tema, ressaltando que ele não acreditava que a televisão era capaz de mexer tanto com os sentimentos das pessoas. “Eu, como muito atores do teatro, tinha muitas reservas com a televisão. Nunca com o alcance, mas com a responsabilidade, mordi minha língua. O que achava que só conseguiria com o teatro, mover as pessoas de dentro para fora, eu consegui com esse personagem numa novela. Foi um grito de gol esse beijo, ecoou, foi muito impressionante”, concluiu.
Mateus e Luís também falaram da parceria no teatro. Os dois estão em cartaz com a peça “O Mistério de Irma Vap”. A obra foi escrita por Charles Ludlam e já contou com uma versão interpretada por Marco Nanini e Ney Latorraca.
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