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Ibope desvenda mistério sobre o aumento de audiência do horário político na TV

Horário eleitoral gratuito volta nesta sexta-feira (12) para o segundo turno

Foto/Reprodução
Por Sandro Nascimento

Publicado em 12/10/2018 às 08:57:14

Nesta sexta-feira (12), o horário eleitoral gratuito retorna à TV aberta para o segundo turno das eleições para presidente da República e governador.

No primeiro turno, sua performance em audiência surpreendeu as emissoras. Contrariando seu histórico, não houve uma queda brusca de telespectadores durante sua exibição.

Em alguns dias, o horário eleitoral gratuito conseguiu atingir uma audiência maior que diversos programas na programação comercial. Exemplo disto ocorreu em 18 setembro na Record TV, quando a faixa política vespertina atingiu 6,6 pontos, uma média que não foi conquistada por nenhum outro programa na grade da manhã do canal.

Um cenário totalmente diferente em comparação com as eleições de 2014, quando as TVs abertas sofriam com uma queda de até 60% quando passavam a veicular o horário eleitoral.

De acordo a Kantar Ibope Media, procurada pelo NaTelinha, a duração do horário político se alterou significativamente entre 2014 e 2018, com redução de 50 para 25 minutos nos dois blocos, que segundo a empresa, influencia diretamente o comportamento da audiência e o padrão de consumo de TV.

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Além disso, contou que comparando o período do horário eleitoral de 2014 (31/08/14 a 02/10/14, excluindo os domingos) com o período semelhante de 2018 (31/08/18 a 04/10/18), a audiência média domiciliar das duas exibições, vespertino e noturno, subiu de 26% para 35%, considerando as 15 regiões metropolitanas e uma leitura consolidada da audiência de TV aberta.

A Kantar Ibope Media destacou que não é correto realizar um parâmetro de audiência sobre o horário político utilizado números isolados de uma emissora. Justificou que parte da medição é feita por reconhecimento através de áudio e como todas as emissoras estão exibindo a mesma programação, pode ocorrer algumas variações nos números.

"Inerente ao período eleitoral onde a grade televisiva não transmite sua programação regular, é natural observar variações de consumo. Movimentação que é percebida em ambos os anos eleitorais. Mesmo diante de um cenário atípico como este, vemos o crescimento de audiência do horário eleitoral entre 2014 e 2018. A exibição do horário político é muito específica e não acompanha as regras comuns da programação de TV, pois se trata de conteúdo idêntico com exibição simultânea em diversos canais medidos por reconhecimento de áudio", explicou o instituto à reportagem.

A empresa de medição ainda completou dizendo que "diante das características específicas do horário eleitoral, a Kantar IBOPE Media recomenda que a leitura da audiência seja feita de forma consolidada, considerando a somatória da audiência de todas as emissoras abertas. Essa análise reflete melhor o comportamento do telespectador do que uma leitura por emissora. Reforçamos que a aferição segue padrões, normas e critérios para garantir qualidade dos processos e dados divulgados. Esses padrões, normas e critérios são avaliados conjuntamente com o mercado por meio de comissões técnicas de clientes".

A medição

Desenvolvido pela Kantar Ibope Media, o DIB é um equipamento eletrônico que ao ser conectado na TV, registra automaticamente o canal sintonizado.

Além disso, o equipamento mensura a audiência de outros dispositivos além dos televisores na amostragem, como DVD player, video games e set-top boxes.

O DIB6 reconhece o sinal digital, e de acordo com a Kantar Ibope, é o mais avançado peoplemeter do mercado, tendo como função monitorar o estado de sintonia destes equipamentos e identificar o canal que está sendo assistido em tempo real ou mesmo de programas previamente gravados.

Só é possível o reconhecimento automático destes programas porque o DIB6 tem um sistema inteligente de fingerprints, que cria assinaturas de áudio do conteúdo assim que ele passa a ser exibido.

As emissoras

Para o superintendente de jornalismo e esportes da RedeTV!, Franz Vacek, este ano o tema político despertou o interesse maior dos brasileiros, o que refletiu em sua audiência.

"Acredito que as eleições deste ano despertaram muito interesse dos brasileiros em relação às anteriores. Nas reuniões familiares, nos bares, no trabalho e nos grupos de WhatsApp fala-se em política e não mais na seleção. Elementos marcantes como a prisão do ex-presidente Lula e a facada no candidato Jair Bolsonaro despertaram diferentes sentimentos na população, que não quer perder nenhum capítulo dessa novela da vida real. Isso somado a um quadro de aumento do desemprego, violência e o caos na saúde e educação, o brasileiro quer opinar e se informar por diferentes plataformas", comentou o executivo ao NaTelinha.

A mesma opinião compartilha o diretor artístico da Band, José Emílio Ambrósio: "Por essa fase que a gente está vivendo, o tanto de denúncia, Lava-Jato... A população realmente passou a se interessar. Os debates que fizemos tiveram uma audiência maravilhosa e a cobertura na votação do primeiro turno, no dia inteiro, os índices foram excelentes. Mostrando que a população tem interesse político e que aquele isenção ou desinteresse acabou. As pessoas querem saber quem são os eleitos, quem vai governar esse país e se os caras vão realmente cumprir com aquilo que foi prometido na campanha".

Para Marinês Rodrigues, superintendente de programação da TV Gazeta, a redução no tempo do horário político gratuito colaborou para diminuir a queda de telespectadores. "Acredito que a duração do bloco, que foi reduzido de 50 para 25 minutos nestas eleições, foi um dos fatores para a diminuição do escape da audiência. Além disso, a polarização política e a discussão acalorada dos eleitores sobre as suas preferências pode ter contribuído para uma maior tolerância ao horário eleitoral", opinou também ao NaTelinha.

Neste segundo turno, o horário político terá de 10 a 20 minutos, dependendo se o estado em que for exibido também tiver, além dos presidenciáveis, disputa para governador, como são os casos de Rio, São Paulo e Minas Gerais, por exemplo.

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