Publicado em 22/08/2020 às 07:44:00
Sucesso de audiência entre 2011 e 2012 e, novamente, na reprise que vai ao ar desde março na Globo, Fina Estampa está longe de ser uma unanimidade. A história de Aguinaldo Silva consegue atrair o público, mas também é alvo de críticas de parte dos telespectadores e até entre integrantes do elenco.
Os questionamentos sobre a qualidade da produção eclodiram nas últimas semanas, após o ator Marco Pigossi, que deu vida ao playboy Rafael, criticar o folhetim e entrar em pé de guerra com Aguinaldo Silva. Mas se para alguns atores Fina Estampa é motivo de vergonha, outros veem na novela a possibilidade de um “antídoto contra a dor” em meio à pandemia do coronavírus.
Confira a seguir as opiniões de parte dos atores sobre Fina Estampa, oito anos após a exibição original:
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Em entrevista ao Altas Horas no último sábado (15), Lilia Cabral relatou ter ficado “indignada” ao rever o destino de sua personagem em Fina Estampa. Ela não comprou o motivo da separação de Griselda e René (Dalton Vigh). “Como assim? Como que um homem não entendeu a atitude dela?”, questionou, relatando que não se lembrava desse detalhe.
Na trama, o chef de cozinha reage mal ao descobrir que a namorada investiu secretamente em seu restaurante e rompe com a heroína. No fim, ela fica com Guaracy (Paulo Rocha), desfecho que também desagradou parte do público. Apesar desse entrecho, a veterana afirmou que gosta de assistir à novela, o que não pôde fazer entre 2011 e 2012, por conta da rotina de trabalho.
A veterana que dá vida à vilã Tereza Cristina não poupou elogios ao folhetim de Aguinaldo Silva quando a reprise foi anunciada, em março. Ela destacou que a arte pode ser ferramenta de entretenimento, diversão e também de consolo, em meio à pandemia do coronavírus.
“Quem sabe, mais uma vez, a arte não vai ser um antídoto contra a dor?”, disse Christiane Torloni, em publicação em seu perfil no Instagram. Na ocasião, ela relatou que foi esse o sentimento provocado por A Viagem (1994) em sua vida.
Em live recente, Marco Pigossi criou polêmica ao afirmar que sente vergonha de sua atuação como Rafael e também da novela, que, segundo o ator, “deveria ser proibida de reprisar”. O comentário enfureceu o autor Aguinaldo Silva, que rebateu os comentários nas redes sociais e enviou resposta à jornalista Fabíola Reipert, do Balanço Geral SP, ironizando falas do galã.
“Esse ator está na contramão dos interesses dos telespectadores. Uma novela é criada para agradar o público em geral. Se a interpretação não alcançou os níveis desejados, aconselharia o ator a frequentar a minha casa de arte. Sobre dizer que detestava suas madeixas loiras, é uma questão de estética dele, poderia ter feito uma chapinha, algo mais futurista", escreveu o autor.
A intérprete de Patrícia afastou o rumor de que também desaprovava a novela em entrevista divulgada nesta semana pelo NaTelinha. “A novela é maravilhosa e a personagem é muito rica, cheia de momentos diferentes de evolução durante a trama. Estou muito feliz em ver a reprise”, classificou Adriana Birolli.
Dias antes, à Revista Quem, uma avaliação mais crítica feita pela atriz havia dado origem ao boato. “Óbvio que eu olho as cenas e falo: 'Como que eu fiz isso?'. [...] Mas é normal se autocriticar, porque a gente quer melhorar, evoluir artisticamente”, comentou.
“É uma trama descompromissada com a realidade, e, talvez exatamente por isso, esteja funcionando bem nesse momento”, classificou Dalton Vigh, em entrevista ao site ZeroHora, em junho. Na trama, ele interpreta o chef de cozinha René Velmont, alvo da disputa central entre Griselda e Tereza Cristina – mas que chega ao fim com Vanessa (Milena Toscano).
O ator, que migrou para o SBT e atuou em As Aventuras de Poliana, também comentou a reprise de Fina Estampa em abril, ao portal F5: “É uma oportunidade de ter um certo saudosismo, de lembrar de situações engraçadas que aconteciam durante a cena. Neste momento eu esqueço de ser muito autocrítico e procurar os defeitos”.
Crô é um dos personagens de maior sucesso, e também um dos mais questionados de Fina Estampa. Gay caricato, capacho de Tereza Cristina e vítima constante de humilhações, o personagem chegou a estrelar dois filmes após a popularidade na TV.
O ator Marcelo Serrado defende sua criação. "Ele é um personagem alegre e divertido, um clown [palhaço] quase. Mas não é um personagem só de alegoria, uma caricatura over, um palhaço sem alma. Se assim o fosse, não teria chegado no coração das pessoas como ele chegou", disse, em maio, ao site Notícias da TV.
Vivendo nos EUA, Carolina Dieckmann foi menos rígida que alguns colegas e saiu em defesa da história de Aguinaldo Silva. “Assisto tranquilamente. O distanciamento que o tempo proporciona traz essa coisa nova que é assistir e não ter como mudar. E, ao mesmo tempo, representa um momento da sua vida”, relatou, em entrevista à Globo para a imprensa.
A atriz também elogiou o rumo de Teodora na história. A personagem é “riquíssima”, segundo a intérprete. “Ela não segue uma linha reta, não é cheia de certezas. É uma personagem que se questiona o tempo todo. Vendo hoje, acho que ela era uma vilã que se redimiu ao longo da história”, define.
Gigante não está entre os personagens preferidos do ator Eri Johnson. Em entrevista ao NaTelinha, em junho, ele confirmou insatisfação com o papel em Fina Estampa. “O personagem tava muito perdido na praia, né? Sem função nenhuma. A galera na praia, para quem já tinha feito vários personagens bons e de destaques, inclusive na novela do Aguinaldo Silva em Duas Caras, que fiz o Zé da Feira, eu vou sempre querer mais”, explicou.
No depoimento, ele também avaliou que deveria ter reclamado menos enquanto a novela ia ao ar. “Minha reclamação foi de querer mais, sempre querer mais. Acho que o personagem poderia ter sido mais aproveitado ou eu, falando de forma humilde”, acrescentou.
Com poucas cenas na novela, Luciana Paes vive Fabrícia, uma das funcionárias de Griselda que, ao longo da história, revela ser transexual. “Eu já sabia (desde o início). Acho uma história importante demais para não contar para a atriz", opinou a atriz, em entrevista ao Extra, na última semana.
Para ela, é justo que atores e atrizes transexuais sejam escalados estes papéis. “Essa argumentação é muito válida. Acho que a TV se modificou muito. Por essa razão, eu não aceitaria esse papel hoje. Ao mesmo tempo, a própria TV não chamaria um ator/atriz não trans para fazer o papel de uma pessoa trans. Os tempos mudaram”, classificou.
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