Tiramos na lei e na ordem, mostrando que estávamos, enfim, entrando na maioridade democrática.
Alexandre GarciaPublicado em 29/09/2017 às 10:20:13
Há exatos 25 anos, em 29 de setembro de 1992, Fernando Collor era afastado temporariamente da Presidência da República após a Câmara dos Deputados aprovar, por 441 votos, a denúncia de crime de responsabilidade contra o então presidente.
Globo, SBT, Band, Manchete e Record TV - os cinco principais canais de TV da época - tiveram, entre 18h30 e 18h45, hora dos votos decisivos, aproximadamente três milhões de domicílios da Grande São Paulo sintonizados acompanhando a sessão histórica. 78% dos televisores paulistanos estavam ligados no momento.
Entre 17h20 e 18h46, todas as emissoras mencionadas estavam transmitindo em pool a votação na Câmara. A reportagem do NaTelinha teve acesso aos dados de audiência do dia, aferidos pela Kantar Ibope e cedidos ao acervo da Unicamp.
Considerando os módulos de 15 em 15 minutos e calculando de forma ponderada, entre as 17h15 e 18h45, a Globo liderou isolada com 46,3 pontos. Na vice, veio o SBT, com 8,8. No terceiro, quarto e quinto lugares, respectivamente, ficaram a Manchete com 4,0, Band com 3,7 e a Record TV, que marcou 1,8. Não se sabe quanto valia um ponto na Grande SP em 1992, mas havia uma base de 3,979 mil domicílios.
Relembrando o momento
Diversos nomes de peso fizeram a cobertura do impeachment. Carlos Nascimento e Alexandre Garcia ancoraram a transmissão direto de Brasília para a Globo; Boris Casoy comandou a cobertura no SBT; Marília Gabriela e Chico Pinheiro fizeram para a Band; e Leila Cordeiro apresentou a transmissão da Manchete. Não há registros em jornais sobre quem esteve presente na Record TV.
Tiramos na lei e na ordem, mostrando que estávamos, enfim, entrando na maioridade democrática.
Alexandre Garcia
Chico Pinheiro, hoje apresentador do “Bom Dia Brasil”, não lembra muito do dia. “O dia do impeachment tem uma sombra na minha cabeça, não consigo lembrar exatamente. Eu lembro mais do processo em si”, contou ao NaTelinha. “Eu saía de manhã, por volta das 8h, para chegar em Brasília às 11h. Lá, fazia reportagem e voltava para São Paulo no mesmo dia para apresentar o 'Jornal da Noite'”, relembra.
Chico recorda com mais clareza da CPI, ocorrida em agosto de 1992: “Eu bebia pouca água para evitar de ir ao banheiro. A sala da CPI era pequena e tinha gente demais. Nós, jornalistas, ficávamos em pé, já que só os deputados ficavam sentados. Tinha uma câmera que ficava no fundo da sala que não me mostrava, focando só nos trabalhos, e eu narrava aquilo”.
Soube que a gente estava perturbando o Planalto.
Chico Pinheirocontinua depois da publicidade
“Volta e meia eu me comunicava com a Antonieta Goulart, do jornalismo da Band em Brasília, pelo microfone de reportagem”, lembra. “Eu tenho outros fragmentos de memória, como a tropa de choque do Collor pressionando. Naquela época mesmo a Band transmitia as sessões o dia inteiro, como faz a Globo News hoje”, prosseguiu o jornalista. A parceria com Marília Gabriela na transmissão foi uma coincidência: “Ela apresentava o Jornal da Band, às 20h. Foi só uma coisa do momento”.
Pelo desempenho na cobertura do impeachment, Chico ganhou o prêmio de “revelação do jornalismo” da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). “De muito provinciano que era, achava que era trote. Na hora que eu falei na redação, o pessoal disse: 'putz, que importante. APCA é um prêmio muito conceituado e eles não tem costume de premiar jornalista'. Aí fiquei um pouco assustado”, confessa.
A ampla cobertura das TVs, obviamente, irritou Collor. “Eu lembro que já no fim da CPI e no início do processo de impeachment, eu narrava adjetivando muitas vezes o que estava acontecendo, como 'ele é um feroz defensor'. Comecei a receber informação para maneirar porque o Planalto seguramente estava assistindo a transmissão e não estava gostando nada do que ouvia. Circulavam notícias de ameaça de corte de verba publicitaria do governo e eu passei a me limitar a uma descrição seca do que acontecia, já na reta final. Soube que a gente estava perturbando o Planalto”, recordou Chico.
Pelo sim, pelo não, de fato em determinado momento as TVs recuaram na cobertura. O SBT chegou a cancelar em setembro de 1992 uma edição do “Documento Especial” sobre impunidade. O jornalista Luís Antônio Giron, na época, comentou o assunto numa reportagem da Folha de S.Paulo: “O programa cancelado abordaria várias modalidades de crimes de corrupção que ficaram impunes. Mostraria cenas da entrevista de Collor para a Argentina. Exibiria ainda trechos dos depoimentos de PC Farias à CPI. Na próxima semana, o tema de 'Documento Especial' será 'Saudade'. Da Censura? ”.
Alexandre Garcia, até hoje na Globo, cobriu para a emissora carioca o momento. Mas não recorda de muitas coisas. À reportagem, ele explicou que o acontecimento se sobressaiu a qualquer outra lembrança. “Andei buscando na memória, mas nada achei de relevante, além do fato em si: que uma república sul-americana tinha conseguido tirar um presidente com 32 milhões de votos ainda frescos, sem que cara-pintada algum tenha quebrado uma vitrina e sem que general algum tenha passado bom-bril na espada”, contou, complementando: “Tiramos (o Collor) na lei e na ordem, mostrando que estávamos, enfim, entrando na maioridade democrática”.
Chico Pinheiro relembra do contexto: “ (O impeachment) tinha um simbolismo muito grande. O Brasil era país redemocratizado, com o primeiro presidente eleito pelo voto popular desde a eleição de Jânio Quadros nos anos 60, de novo se submetendo a uma CPI que se transformaria no impeachment”.
Longas coberturas
A crise no Governo Collor, que teve como estopim a entrevista-bomba do irmão do ex-presidente, Pedro Collor, à Veja em maio de 1992, rendeu inúmeros flashes e transmissões longas até o final do caso, em 29 de dezembro de 1992, quando o Senado cassou em definitivo seu mandato e direitos políticos, mesmo com Fernando Collor de Mello renunciando ao cargo.
No dia da votação na Câmara, há 25 anos, a primeira emissora a começar a transmissão fixa foi a Band, às 12h46, logo após o jornal “Acontece” e entregando para o “Jornal da Band” às 19h36. A transmissão completa fechou com 3 pontos. A cobertura longa da Globo marcou 44 pontos e começou logo após a reprise de “Vale Tudo” no “Vale a Pena Ver de Novo”, indo das 16h05 às 19h37, quando começou o “Jornal Nacional” bem mais cedo que o usual (em 1992, o "JN" iniciava às 20h).
Confira no quadro abaixo a relação de programas cancelados/interrompidos em virtude da transmissão. No dia, apenas a Band e a Manchete previam um espaço reservado à transmissão, mas abriram mão de programas regulares da grade.
A Manchete ficou das 13h41 às 20h29 falando do assunto em seu Plantão, rendendo a marca de 4 pontos. O SBT teve 8 de média com seu “TJ Brasil Extra”, veiculado das 14h28 até 19h46.
A última a começar (e a primeira a encerrar) foi a Record TV. O “Jornal da Record Informa” iniciou "oficialmente" de 17h32 e acabou às 18h48, dois minutos após o final da sessão, com média de 2 pontos.
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