Publicado em 01/04/2016 às 12:25:45
Mostrar polícia na televisão sempre rendeu muita audiência. Nos anos 90, a grande moda eram os programas policiais e sensacionalistas, com apresentadores berrando para a câmera e imagens de cadáveres e tiroteios. Já no final da década passada, um novo modelo foi implementado: os reality policiais.
Baseado em um formato que já existe nos Estados Unidos, os programas mostram o dia a dia da polícia, que não é só tiro, porrada e bomba. Tem serviço social, orientação, mediação de pequenas brigas, como de familiares e vizinhos.
Um dos principais expoentes deste formato no Brasil, o "Operação de Risco", da RedeTV!, estreia sua nova temporada na noite deste sábado (2), às 22h30. O NaTelinha conversou com o apresentador do programa, Jorge Lordello - que está na atração desde julho de 2014 -, por telefone.
Na entrevista, Lordello comentou sobre o "Operação", explicou seu real objetivo e respondeu a crítica mais ferrenha que reality shows policias sofrem nas redes sociais: a de omitir o "lado ruim" da polícia. "Nós, quando estamos embarcados, são escolhidos os melhores policiais. Não tivemos, por exemplo, nenhuma ocorrência onde o policial cometeu erro. Nenhuma ocorrência que teve morte do policial ou ladrão", afirma.
Leia a entrevista na íntegra:
NaTelinha - O que a nova temporada do "Operação de Risco" trará de novidades?
Jorge Lordello - O "Operação de Risco" é um programa cujo objetivo é um reality policial. É o primeiro da televisão brasileira. O trabalho policial dia a dia, o que ninguém mostrava. Em tempo real. Então, nós temos equipes, cinegrafistas e produtores que embarcam em viaturas da polícia e acompanham o plantão policial junto com eles. O que acontece? Muitas vezes, aquele plantão não teve uma ocorrência de relevância. A base do programa é essa. Todo ano fazemos uma reformualação tentando trazer novas novidades.
Esse ano é a mudança do cenário e agora queremos dar um tom jornalístico ao "Operação de Risco", mantendo seu DNA de reality policial. O que nós vamos fazer? Em muitas situações, vamos fazer comparações com as questões voltadas para a criminilidade e legislação de outros países.
Nessa primeira temporada, vamos mostrar uma blitz da Lei Seca feito pela Força Tática de São Paulo. E vamos mostrar também uma blitz da Lei Seca americana, fazendo o comparativo. Como é tratado lá e aqui.
Algumas das novidades é esse caráter jornalístico e fazer com que o público reflita.
NaTelinha - Esse programa é um complemento das suas atividades?
Jorge Lordello - Não me envolvo muito com o programa pois demanda muito trabalho. Recebemos muito material. O que a gente agregou também? Dois quadros: o primeiro é o que chamamos de "Procurados pela Justiça". Nós levantamos pelo Brasil os bandidos mais perigosos que estão soltos. E nós vamos prestar uma utilidade pública, mostrando o indivíduo e quais crimes ele cometeu, para quem souber do paradeiro dessa pessoa, denunciar.
NaTelinha - Fale um pouco da audiência do programa, que é uma das maiores da RedeTV!. Você entrou meio de paraquedas, foi interino, depois efetivado... Como você vê os números?
Jorge Lordello - Foi me dada uma oportunidade, eu fiz o teste para o "Operação de Risco", levaram em consideração que eu já frequentava outros programas, eu acho. Já tenho um carinho do público e todos esses anos acabei criando uma imagem de uma pessoa que aprofunda temas criminais, e quando a gente aparece falando sobre esse aprofundamento, a audiência aumenta porque as pessoas querem ver esse aprofundamento, aquilo que elas não conseguem enxergar.
Eu agrego público interessado nisso. Eles ligam e falam: "quero ouvir o que ele tem para dizer".
Hoje eu acabo interferindo em algumas ocorrências, foi o que a gente agregou na última temporada. Sobre a audiência, é muito boa, a gente consegue praticamente passar de 4 pontos num horário complicado de concorrência de sábado à noite, com programas conhecidos.
A gente acaba pegando programas de frente como "A Fazenda", o "Big Brother", "Zorra Total", temos um público interessado nesse formato. Nesse formato você tem a real dimensão de um trabalho policial. Mostrando o início, desenrolar e desfecho de uma ocorrência real. Trouxemos ano passado essa coisa de orientar.
NaTelinha - Dizem que esse tipo de programa mostra sempre o lado bom da polícia, omitindo o lado ruim. O que você tem a dizer?
Jorge Lordello - Interessante. Essa colocação é importante pra gente poder explicar.
É importante que as pessoas entendam que a polícia faz trabalhos onde alguém a acionou. Muitas vezes é uma briga de família, desentendimento comercial, blitz, é um trabalho que permanece 24 horas por dia. O que acontece? É óbvio que o policial erra. Mas onde ele ganha espaço na manchete? Primeiro ponto: quando o policial é corrupto, fugir do objetivo da carreira dele. Dois, quando ele for agressivo, não seguindo as normas... Mas uma coisa que posso te dizer é que isso faz parte de zero e alguma coisa porcento das ocorrências policiais. Do universo diário, é uma porcentagem pequena do policial que errou, ou dolosamente, ou culposamente.
Nós, quando estamos embarcados, são escolhidos os melhores policiais. Não tivemos, por exemplo, nenhuma ocorrência onde o policial cometeu erro. Nenhuma ocorrência que teve morte do policial ou ladrão.
O "Operação de Risco" não é um programa de jornalismo policial como você tem em diversos canais. Temos matérias policiais. O DNA do programa é mostrar o trabalho policial, desde a briga de marido e mulher, no comércio, as partes não entrando em acordo... A gente mostra desde uma ocorrência mais leve, que achamos importante, como nós vamos mostrar no sábado, uma das ocorrências que é uma blitz policial. Ele vai saber como o policial para, o que acontece se a pessoa recusar...
NaTelinha - Chega a ser um reality show?
Jorge Lordello - Ele é um reality policial. Nosso diretor fala. Estamos acompanhando o trabalho. Nós tivemos vezes que ficamos três vezes no batalhão e não ocorreu nenhuma ocorrência de relevância. Eu entendo meu diretor falar isso, é um reality. Todo reality você acompanha a atividade. Nessa caso, a atividade de trabalho.
Outra coisa que acho interessante e só esse programa mostra, é que quando há uma prisão, ela foi presa. Vamos ouvir o policial e o público começa a ver como é a reação do marginal, como quando ele nega a evidência. A polícia tem como base, principalmente quando é menor de idade, é avisar a família. A mãe e o pai fazem um desabafo, muitas vezes, não entendendo a razão do filho ter ido para esse caminhho.
Estamos mostrando o trabalho do policial, eventualmente algumas prisões, a postura do criminoso, e o pensamento da família. Ouvimos todos os elos dessa cena criminosa que a gente tenta uma informação que as pessoas não tinham.
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