Publicado em 12/09/2013 às 16:40:20
O “Documento NT” volta a ser destaque no NaTelinha, dessa vez com uma edição especial. Fomos até a sede da Record em São Paulo, na Barra Funda, para acompanhar uma gravação do programa “Legendários”, de Marcos Mion.
Atualmente, a atração marca entre 8 e 10 pontos nas noites de sábado, chegando à liderança várias vezes no Ibope da Grande São Paulo. O programa, que teve um início difícil, hoje é considerado um sucesso.
Acompanhamos a gravação do dia 5 de setembro, que começou por volta das 16h45 e só saímos da emissora às 22h30, logo após a entrevista com Mion. Neste dia, o apresentador gravou a parte de “A Fazenda” que foi ao ar no último dia 7, quando recebeu o eliminado Beto Malfacini, e a edição que ainda irá ao ar, no próximo dia 21, que fará divulgação da novela “Pecado Mortal”.
Nos bastidores, vejo uma equipe animada e um Marcos Mion dando total atenção aos artistas convidados, que neste programa foram as bandas Melanina Carioca e o grupo de samba Revelação.
Após a atração, Mion pede para o animador de plateia escolher algumas pessoas para tirarem foto com ele. No fim, avisa: “Eu ainda tenho entrevista pra dar. Queria tirar com todos, mas não é possível”. Após isso, vou até a produção, juntamente com a assessora de imprensa do canal, Thaís Pinheiro, onde esperamos o apresentador por quinze minutos. Conheço Carlos César Filho, o Cesinha, diretor-geral do programa, que me cumprimenta com muita educação e cordialidade.
Pouco tempo depois, Mion chega. Brincalhão, ele responde todas as perguntas, revela que quase foi para o SBT, que a Record “precisava dele e ele precisava da Record” e se emocionou ao falar do fim da MTV: “No fundo, no fundo, eu sempre achei que eu iria voltar pra lá”.
Confira a entrevista na íntegra:
NaTelinha – Mion, primeiro obrigado, tá? E parabéns pelo programa. Eu vi tudo e gostei demais.
Marcos Mion – É diferente, né? São dias como hoje que me fazem ficar maravilhado, sabe? E no final, quando eu olhava e eu via que tudo acontecia. As luzes, as bandas, tudo tocando, a galera gritando, foi f***!.
NT – Bom, vou começar pelo convite. Como é que você veio pra Record, em 2009?
Mion – Foi um encontro. A Record precisava de mim e eu precisava da Record. Era o lugar certo, na hora certa, com as partes envolvidas certas. Engraçado que, eu fui na MTV esses dias para gravar o "My MTV" e, vendo o "Quinta Categoria", que foi meu último programa lá, deu pra notar que eu estava preparando o meu público para um passo fora da MTV. Eu já sabia que eu ia sair, a emissora sabia que eu ia sair, mas eu só não sabia pra onde exatamente. Na época, tinha uma conversa forte com o SBT e ficou entre o SBT e a Record, na verdade, porque eram as duas emissoras que não tinham o que eu posso oferecer.
NT – Um programa jovem, né?
Mion – É, um jovem, que faz um programa com uma cara jovem, mas que não é exclusivamente pra jovem. A cara jovem, se você for ver, e isso é uma unanimidade, qualquer sexo ou idade gosta de um programa colorido, alto astral, bacana. Mas você pega os nossos jogos, não são focados 100% pra jovem. O ‘DançaOKÊ’, por exemplo, é um jogo mais focado no geral. A gente pensa muito em abrir o leque.
Como aconteceu, de fato, eu não lembro muito bem. Pelo que me lembro, foi o Marcos Quintella (ex-Dominó e hoje empresário), ele vivia aqui na Record. E ele me disse o seguinte: “Olha, vou comentar lá na Record”. E ele comentou aqui, isso eu já estava conversando com o SBT, e o Paulinho Franco (ex-diretor da Record e SBT, hoje na Fox) me ligou e disse que o Quintela comentou e que era isso que eles precisavam. E aí, depois disso, a coisa foi muito fácil, porque eles tinham o que eu queria e eu tinha o que eles queriam.
NT – E aí você criou o “Legendários”, que tinha uma proposta diferente e um formato diferente do que está no ar agora.
Mion – Exatamente, as duas coisas. Antes de tudo, eu tenho que falar da honra e do orgulho que eu sinto de ter um projeto autoral numa emissora do porte da Record. Hoje em dia, é formato já pronto, é pegar coisa que é sucesso na gringa, então, eu lembro que eu sentava e escrevia numa folha em branco, montei o elenco, foto deles no carro pra pensar quem ia ser contratado ou não.
Eu tive ‘carta branca’ total, sabe? Eu lembro que, um mês pra estreia, a direção não tinha visto nada do que a gente tinha feito. O Mafran (Dutra, diretor artístico) falou: “Eu preciso ver! A gente tá colocando dinheiro no que? O que você vai pôr no ar? Eu não vi nada ainda, eu preciso ver o que vocês estão fazendo!”. Então, a gente trabalhou de forma muito autoral, num grupo muito fechado, todo mundo vivendo aquilo. E era cheque, né? Gui Pádua saltando de paraquedas, e cria personagem pro Marcello Marrom e pra Miá Mello, e "Banana Mecânica" com cenários inacreditáveis, assim, a gente teve ‘carta branca’ pra fazer o que quis, mesmo. A Record abraçou muito, sabe?
Mas acho que o grande sucesso do projeto, sem dúvida nenhuma, foi na esperteza, na humildade e na sagacidade de saber se adaptar. Se a gente fosse intransigente desde o começo, eu não sei se daria certo ou não, mas eu sei que a gente não estaria onde está, porque seria uma outra história. Mas o grande trunfo é ter a humildade de saber se adaptar, mudar.
O projeto começou comigo e ele não tinha manual, não tinha regra. Então, mudamos. O “Vale a Pena Ver Direito”, que era uma coisa que a gente não fazia no começo, e que todo mundo queria ver. Demoramos seis meses pra colocar o primeiro no ar. Na verdade, eu tinha criado os assuntos que eu queria falar, e contratei cada um pra falar de um assunto. E eu ficava como diretor, jogava as coisas no palco, tocava o programa, mas o trabalho enorme que eu tinha de diretor geral, me impossibilitava de fazer qualquer outra coisa, como artista. E mesmo assim, eu fazia ‘Micover’, eu me virava.
Mas aí a direção chegou e falou: “Vem cá, a gente contratou você e não vai ver você no ar? A gente quer ver as coisas que a gente gosta que você faça”. Então, quando coloquei o "Vale a Pena" no ar foi tipo um reencontro e a galera adorou. E isso é ter a humildade de mudar. E no meio dessas adaptações todas, uma parte do elenco quis sair e eu nunca segurei ninguém aqui. Liberei de multa, liberei de contrato, pedi pra direção liberar e eu fui atendido. Quem saiu do programa, ou saiu porque quis, ou foi decisão da casa, porque eu sempre fui contra todas, eu sempre fui muito fã de todo mundo que trabalhou no “Legendários”.
Mas isso tudo fez parte dessas mudanças, sabe? Eu tenho noção de que uns ficaram sem espaço, outros perderam a proposta inicial, que era o que eles tinham tesão em fazer. E as coisas foram indo e hoje tá demais. E é louco isso, porque a Juju (Salimeni), que chegou bem depois, hoje é carta principal do programa. Tem o Mionzinho que é meu parceiro, e os malucos que vão surgindo, tipo o ‘Blade’, o ‘Hulk Magrelo’. E a gente vê que o programa que tá no ar é o programa que funciona hoje, de palco.
NT – E o “Legendários” virou um programa de auditório na sua essência.
Mion – Exatamente. O povo brasileiro gosta disso, cresceu e foi criado com Silvio Santos, Gugu, Faustão e outros bem lá atrás. A essência do povo brasileiro é novela e programa de auditório. E quando a gente começou a sacar isso, em fazer uma mudança, eu fui mais exigido, sabe? Falei pra mim: “Tenho que criar, tenho que bolar mais jogo, tem que fazer isso e aquilo”. E, tipo, quando a gente foi ver o programa tava dando certo pra caramba, ficamos animados com o resultados e fomos embora. E eu tenho essa equipe aqui que, putz, tiro o chapéu.
NT – Pois é, eu estava até comentando aqui que o Cesinha, que entrou na direção do programa pra te ajudar, na minha visão, não sei a sua, mudou o programa. O “Legendários” é antes e depois dele.
Mion – Com certeza. Minha vida é o Cesinha!
NT – Você não tinha vida antes dele?
Mion – Não! Eu chegava aqui às 8 da manhã e saia às 3 da manhã! Eu dirigia, era redator final, era diretor geral, editava as matérias, fazia tudo. Chegou ao ponto de dormir aqui. Eu tava num ponto de exaustão absurdo, porque era uma guerra. O que teve aqui foi surreal. Era uma guerra quase que física, porque o Gui Pádua queria sair pra dar porrada nos caras do “CQC”, sabe? Era uma maluquice, porque quando aconteceu, a gente viu que todos os nossos colegas se voltaram contra a gente.
NT – Você acha que teve preconceito com o “Legendários”?
Mion – No início, acho que teve, sim. E teve preconceito da classe, dos humoristas, dos artistas de TV. Não sei se foi porque chegou fazendo muito alarde ou porque tinha grande investimento, mas é maluco, porque todos esses caras que metiam o pau, fazendo vídeo na internet, na TV aberta, no Twitter e tudo mais, eram caras que sentaram aqui comigo e quase assinaram. É maluco isso, né? O primeiro cara que veio aqui, conversou comigo, deu várias ideias, falou até com o Vildomar (Batista, diretor da Record), foi o Danilo Gentili, que foi um dos caras que mais levantou a bandeira, mas isso hoje acabou, contra o “Legendários”. E foi um cara que participou do projeto pra caramba, contratei um monte de gente que ele me indicou, o cara tava completamente inserido. E quando eu viro, todo mundo atacou a gente de todos os lados e aí que eu falei: “Não, eu vou dar minha vida, vou dar meu sangue, mas vamos virar essa m****!”.
Não teve bate boca, não teve respostinha no Twitter, não teve nada, tem trabalho. Trabalhava feito maluco. E cheguei num nível de exaustão tão grande, que fui na direção pedir alguém pra me ajudar. E aí, eles me apresentaram o Cesinha, que era exatamente o meu oposto, já que ele é um cara de palco, cara de programa de auditório. E eu sou um cara da MTV, de VT, edição, trilha, matéria. É um casamento, sabe? Nunca tive um parceiro assim. E hoje, eu digo que 50% do programa é meu e 50% do programa é dele. Ele é um cara que, às vezes quando preciso viajar, eu vou tranquilo, porque ele tá aqui e eu sei que o que vai pro ar vai ser sensacional, então, eu confio cegamente nele.
NT – Você disse que, quando saiu da MTV em 2009, a Record te queria e você queria a Record. Em 2001, você saiu da MTV, mas para ir pra Band. Como foi a experiência lá? Não deu muito certo na audiência...
Mion – Foi demais. Pra mim, deu muito certo, porque eu fui contratado pra fazer três anos de programa e eu fiz três anos de programa.
NT – Você disputou contra a novela da Globo, não foi?
Mion – Era contra tudo. Todo dia, no horário nobre. A gente fazia o que a gente queria. Lá, no “Descontrole”, eu era um moleque, tinha 22 anos, fazendo TV do jeito que eu queria, tava nem aí com nada, queria chocar todo mundo, queria fazer o negócio acontecer. As pessoas falam que não deu muito certo, mas eu fui contratado por três anos e fiz três anos. E, tipo, a gente fez um programa que, quem viveu aquilo, não esquece jamais. Até hoje, na rua, a galera mais da minha idade, todo mundo me fala que o "Descontrole" mudou a vida, que chegava em casa pra ver, adorava o Corvo e tal. E foi outro projeto que a gente teve ‘carta branca’ total. Tive muita sorte com isso, sou um cara muito afortunado.
NT – Você falou muito da MTV na entrevista. Acho que você deve sua vida pra MTV, né, Mion?
Mion – Putz, Gabriel, eu fiquei muito triste com tudo isso.
NT – O que você acha que deu de errado, se é que teve alguma coisa que deu de errado?
Mion – Olha, eu não sei muito bem dos bastidores de lá. Eu só acho que o jeito que está acabando não é o justo com a história do canal, sabe? Pô, ditou moda, ditou regra, ditou tudo. E, tipo, outro dia me perguntaram o que as outras emissoras levam da MTV. Levam tudo, porque todos os canais tem pessoas que trabalharam na MTV. Fez sucesso, fora linguagem. Na edição, o pessoal fala: “Olha, isso aqui tem que ser mais MTV” e a pessoa já sabe o que é.
Ah, eu respeito muito a história do canal, a minha história, sou muito de agradecer quem me abriu portas. Eu sou muito grato e por isso que eu fiquei tão triste com essa história da MTV. Porque, no fundo, no fundo, eu sempre achei que eu iria voltar pra lá. Essa é a verdade. Eu sabia que não iria ser agora, porque eu estou muito dedicado no “Legendários”, mas eu já tinha conversado com o Zico Goés (diretor artístico da MTV) de fazer um projeto lá, de fazer um programa de entrevistas. E eu já tinha conversado com o pessoal da Record, que já tinha me liberado, já que era a MTV e tal.
Ou seja, era uma coisa que eu já pretendia. Eu sempre quis, sabe? A MTV é como uma cidade do interior, lá eu sinto um pouco do cheiro da grama e tal. Ah, cara, lá é minha casa, não tem como.
NT – Você é viciado em Ibope?
Mion – Não, não me deixo ficar viciado nisso...
NT – Você tem medo de se viciar nisso?
Mion – Um pouquinho... (risos). Mas é que é uma loucura, é um jogo, e eu imagino que é um jogo de azar, sabe? E eu não gosto de participar de algo que eu não posso mudar, que eu não tenho como fazer nada. Então, aqui a gente dá o nosso sangue, faz o nosso melhor e solta. Tipo, por exemplo, tem horas que a gente tá ganhando da Globo e acha isso animal e aí a Globo se aproxima e a gente não pode fazer nada, não é um vídeo game! (risos) Eu não quero esse sofrimento, sabe? Mas o programa, eu acompanho. Fico sempre conversando com o Cesinha por WhatsApp, vendo audiência, comentando o que dá certo, a gente faz todo o sábado.
NT – E essa inversão do Serginho Groisman com o “Supercine” foi boa pra você, sua audiência subiu...
Mion – Cara, eu amo o Serginho! (risos) Mas na verdade, isso foi uma vontade dele, de entrar mais cedo e tal. E com isso, ele deu uma briga leal pra gente, porque é entretenimento com entretenimento. Antes, a gente pegava o filme embalado com o “Zorra Total” sem intervalo, só dava break lá pra uma da manhã, e como diz o produtor aqui, a Angelina Jolie e o Brad Pitt sabem fazer as coisas direitinho lá, sabe? (risos) É difícil lutar com filme. E agora, com o Serginho, a gente pode ter uma competição mais honesta. Ai, é uma questão de linguagem, e isso fica saudável pra todo mundo.
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NT – Eu lembro que, no começo do “Legendários”, você perdeu para “Ana Raio e Zé Trovão” e você ficou muito chateado.
Mion – Ah, sabe o que foi? Você vai, dá o sangue e tal, você larga sua família, os caras colocam direito, passando noite, na ilha de edição...
NT – E perde para a novela mofada da Manchete. Imagino a sensação...
Mion – Foi f***. Mas foi por décimos, foi por pouquinho. Mas isso foi um baque. E dá aquela tristeza, tipo, não merecia, sabe? Mas foi só naquele dia, na média, a gente nunca perdeu, sempre fomos segundo lugar tranquilo.
NT – Pra fechar, pergunta “a lá” Marília Gabriela: Marcos Mion por Marcos Mion.
Mion – Cara, essa é a pergunta mais difícil do mundo pra responder. (risos) Sendo sincero, eu me considero um pai muito dedicado. Pra mim, falando pessoalmente, a coisa que mais vale pra mim são os meus filhos, a minha família, a minha mulher. Isso sempre tem que estar em primeiro lugar, e é o que eu faço de melhor. Então, eu sou um pai de família.
Agradeço aos assessores da Record, Thaís e Sérgio, ao apresentador Marcos Mion e toda à Record pelo tratamento.
Voltamos no próximo “Documento NT”! Até mais!
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