Exclusivo: NaTelinha conversa com João Acaiabe, o Pimpinoni de "Uma Rosa com Amor"

Por Redação NT

Publicado em 23/04/2010 às 17:47:51

João Acaiabe traz na sua trajetória personagens variados e marcantes. Interpretou desde Jesus Cristo negro idealizado por Plínio Marcos, na peça "Jesus homem" (1980), até o simpático Tio Barnabé, na segunda versão do "Sítio do Picapau Amarelo" (2006). Já sofreu preconceito racial e hoje atua no elenco do SBT.


Confira abaixo entrevista que o ator João Acaiabe, o Pimpinoni da novela "Uma Rosa com Amor", concedeu com exclusividade a Carla Soltanovitch, do NaTelinha:



 

Foto: Lourival Ribeiro/SBT


 

“As oportunidades para atores negros ainda são mínimas, se não fosse isso teríamos ótimos profissionais trabalhando”




 
João Acaiabe: Gosto da ideia de agradar. A gente nunca sabe a reação do público, porém faço tudo com muito amor e alegria buscando sempre a verdade. Já são quarenta anos de profissão, que completei em  8/4/2010. Sinto uma grande felicidade em sobreviver do meu oficio. Em qualquer profissão você deve dar o melhor de si, buscar sempre ampliar horizontes e melhorar como ser humano.



 
JA: Na verdade, quem sugeriu o meu nome foi o próprio autor da versão original Vicento Sesso. E o diretor da novela Del Rangel aprovou. Mas, o convite mesmo partiu da produtora de elenco Tina Pacheco. Fiquei muito feliz, as oportunidades para atores negros ainda são mínimas, se não fosse isso teríamos ótimos profissionais trabalhando.

 

 
JA: O meu boneco é o Arlequim, que já virou um personagem e está no roteiro criado pelo autor. Para desenvolver uma cumplicidade com ele, troquei várias ideias com a equipe da novela. Tento ao máximo colocar emoção nas falas, por isso conto com a ajuda de alguns bonequeiros para encontrar o tom de voz certo. Tenho excelentes professores que me ensinam a movimentar e dar vida ao Arlequim: o Edu dos bonecos e a Naná. Por sinal, foi ela que construiu o Arlequim (a Naná cresceu me vendo no Bambalalão na TV Cultura).




JA: No início vi muita coisa do Grande Otelo e estudei bastante. Eu estava assustado com um personagem tão maravilhoso e não queria perder a oportunidade. Meus colegas de elenco como a Carla Marins, Jussara Freire, Nilton Bicudo, Etti Fraser, Lucia Alves, me ajudaram... enfim o pessoal do cortiço me ajudou muito. Com bastante profissionalismo e amor o Pimpinoni foi nascendo. Agora eu só peço ao Grande Otelo que me inspire, pois o Sesso contou que ele foi um verdadeiro sucesso neste trabalho.




JA: A maior alegria estou tendo agora. Estou pleno e minha carreira cresce a cada dia. Espero melhorar como artista e sobretudo como ser humano, pois é para isso que estamos aqui. Mágoa, mágoa? Prefiro não pensar nisso... já foi, e eu aprendo com todas as minhas experiências.

 

Pimpinoni com seu boneco Arlequim em "Uma Rosa com Amor"
Foto: Lourival Ribeiro/SBT




 
JA: Fui expulso de um clube no interior de São Paulo na minha cidade natal (Espírito Santo do Pinhal). Fui proibido de nadar em uma piscina municipal e impedido de entrar em um outro clube (Esporte Clube Comercial), na mesma cidade. Há uns 3 anos, a nova geração da lá me prestou homenagens. Nem tudo está perdido!




JA: Não, mas não deixa de ser uma boa ideia. Tenho usado meu trabalho, minha profissão, em função da igualdade racial. Não posso fazer vista grossa diante desta  pseudo-democracia racial. Nelson Mandela disse: "Não nascemos odiando, nós aprendemos a odiar, e se aprendemos a odiar, certamente podemos aprender a amar". Olhe o seu próximo.

 

 
JA: Não sei bem o que aconteceu, o elenco era ótimo e ainda podemos vê-los na TV Rá Tim Bum, após às 23h. Falo bastante com a Gigi [Anhelli] que tem um programa na internet, tenho contato também com a Silvana [Teixeira] que faz teatro, e outros faleceram como o Chiquinho Brandão, Gerson de Abreu e o Carlinhos-bambalarino. O Bahia faz a novela comigo, e assim vai... Eu vejo muito a TV Rá Tim Bum e mato a saudade.

 

 
JA: Não tenho ainda uma opinião formada. Na dúvida é melhor não valorizar um personagem desse tipo. O público tende a se identificar com o que assiste, por isso é importante a presença de atores de várias etnias e muita atenção aos programas infantis.

 

 
JA: Eu vivo da minha profissão e vivo modestamente, vivo como posso e amo minha vida.
 


Nome completo: João Batista Acaiabe

Casado? Sim, casado e muito bem. Tenho dois filhos maravilhosos, Carlos e Thays, além de três enteados sensacionais, Erika, Ricardo e Wilson

Cidade: Onde meu coração estiver

Time: Corinthians

Música: Deixe eu dizer que te amo.

Livro: Figurinha Dificil, do Plinio Marcos

Animais: Os que povoam o planeta

Religião: Eu rezo para Deus

Ainda falta acontecer: A igualdade racial, naturalmente

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