TV Crítica: Literatura de latrina - A vida alheia em destaque

Por Redação NT

Publicado em 01/10/2008 às 15:32:16

São Paulo, 25 de setembro de 2008. “Quero que todos os paparazzi morram”, diz Murilo Benício. No lançamento dos novos produtos Givenchy, no hotel Fasano, em São Paulo, o ator destacou que se sente incomodado ao ser fotografado em seus momentos de folga. "Eles são uma facção e essa perseguição é muito chata" – completa Benício. O intérprete do vilão Dodi, de A Favorita, afirmou que tem vontade de bater nesses profissionais, mas que passou a entender a ignorância das pessoas. Para ele, a solução para acabar com os paparazzi no Rio de Janeiro é uma lei que preserve a privacidade das pessoas.


Será que estampar capas de revistas de novelas incomoda o Senhor Benício? É claro que não, afinal, trata-se da promoção do seu trabalho como artista. A publicação que o mantém na mídia é, muitas vezes, escrita por esses profissionais que ele considera chatos e inconvenientes. Primeiro: jornalismo de entretenimento é um mercado rentável. Pode até ser marginalizado pela sua sindicância, mas ainda assim gera muitos empregos e move interessantes negócios. Segundo: privacidade é uma moeda de troca. A partir do momento em que você expõe sua imagem, tem que estar ciente de que a mesma será explorada, para o bem e para o mau.


Outra celebridade que não lida nada bem com os paparazzi é Carolina Dieckmann. A atriz, por algumas vezes, assumiu sua arrogância com a imprensa quando abordada fora do ambiente de trabalho. A intolerância da estrela gerou, inclusive, um processo contra a RedeTV!. Carolina entrou na Justiça contra a emissora depois que os personagens Vesgo e Silvio, do programa Pânico na TV, levaram um guindaste para a frente de seu prédio e filmaram seu filho Davi no apartamento quando ela não estava em casa. Na ocasião, os apresentadores tentavam convencê-la a calçar as "Sandálias da Humildade".


Em comunicado oficial para a imprensa, a Rede TV! revelou que foi condenada a pagar R$ 35 mil à atriz e que esse valor já foi depositado em juízo. Dieckmann, em matéria publicada no Diário da Manhã On-Line (11/09/08) explicou o motivo de ter tomado a atitude de processar o programa: “Minha maior recompensa será nunca mais ver alguém ser humilhado, por eles ou por quem quer que seja”.


Ter a vida pessoal invadida realmente é bastante incômodo. Qualquer atitude, por mais boba que possa parecer, pode tomar proporções monstruosas, passíveis a inúmeras interpretações e a milhares de julgamentos. O artista passa a ser vigiado, suas atividades cotidianas monitoradas e sua intimidade exposta. Como em qualquer meio, o jornalismo de entretenimento tem seus bons e maus profissionais. Há também aqueles que sequer tem o diploma. Sem falar dos oportunistas. Hoje, qualquer idiota com uma câmera na mão pode ser paparazzi.


O termo nasceu no filme La Dolce Vita, de Federico Fellini, lançado em 1960. Havia um personagem chamado Paparazzo (Walter Santesso), um fotógrafo. A palavra “paparazzo”, em italiano, significa moscardo, uma espécie de mosca irritante. Nos últimos tempos, a função foi se valorizando e hoje rende excelente faturamento. Os profissionais da agência X-17, a maior de Hollywood dedicada à bisbilhotagem, recebem de R$ 1.300 a R$ 5.000 por semana.


Saber de todos os detalhes do casamento da Sandy não leva ninguém a lugar algum. O mesmo acontece com as discussões acerca do Big Brother Brasil. Trata-se, contudo, de um conteúdo que jamais se propôs ser educativo ou denso. Quem lê fofoca está em busca de diversão. Portanto, deixem que os hipócritas, que dizem só ler política e economia, critiquem o jornalismo de entretenimento. São os mesmos que tem no banheiro de suas casas revistas de sociedade e de celebridades No calor do trono, contudo, toda cultura tem seu valor, mesmo que seja para servir de papel higiênico.


João Claudio Lins é Publicitário, Especialista em Propaganda e Marketing e em Novas Mídias: Rádio e Televisão. Mais matérias no www.circoeletronico.blogspot.com. Quer conversar sobre TV? joaoclins@yahoo.com.br

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