Publicado em 29/04/2008 às 00:13:40
Os convidados do “Marília Gabriela Entrevista” deste domingo têm a dança em comum. Bailarinos, a atriz Clarisse Abujamra e o coreógrafo Ivaldo Bertazzo conversam com a apresentadora sobre a descoberta dessa arte, revelam alguns mistérios da linguagem corporal e contam suas trajetórias profissionais e planos futuros.
Clarisse Abujamra ensaiou os primeiros passos de dança aos quatro anos, quando sua mãe a colocou numa escolinha de balé. Da época, ela diz não ter outra lembrança a não ser naquele espaço. Fez carreira como bailarina, coreógrafa e depois migrou para o teatro. Ivaldo Bertazzo dança há mais de quarenta anos e afirma que a arte o ajudou a não entrar no ciclo das drogas, na década de 60. Hoje, além de bailarino e coreógrafo, é também educador na Escola do Movimento e tem um quadro no “Fantástico” chamado Corpo em Movimento.
Ao serem questionados por Gabi se o corpo fala, a resposta é positiva. “Mas o corpo se manifesta a favor e contra. Você começa a ouvir sua musculatura. O corpo dá dicas para quem tem o mínimo de intuição”, analisa Clarisse. Ivaldo concorda: “Quem dança e passa várias fases da vida em movimento percebe muito mais quando os assuntos emocionais surgem”. A atriz vai além e diz reconhecer o jeito de uma pessoa pela forma que ela a abraça. Mesmo após ter parado com o balé devido a um grave problema de coluna, ela admite que sua musculatura ainda reage muito bem aos estímulos e que nunca perdeu a alma de bailarina.
“A bailarina tem uma disciplina ímpar e uma sensibilidade física muito grande”, diz Clarisse, que garante levar os benefícios da dança para o teatro: “Pelo domínio que tenho do corpo, me preocupo demais com os detalhes corporais na montagem da personagem”. Mas confessa que a transição profissional foi difícil. “No início, eu não sabia o que dizer nas entrevistas, se era bailarina ou atriz. Hoje eu digo: sou atriz”, entrega. Ela está começando uma turnê pelo Brasil com dois espetáculos: “Antonio” e “As Nove Partes do Desejo”. Sobre o primeiro, conta que decidiu fazer o monólogo pelo amor à poesia e que o título refere-se à grande quantidade de Antonios que marcaram sua vida. Já o segundo, considera ser o “trabalho mais importante, belo e pertinente” de sua vida. “Essa peça foi escrita por uma iraquiana que pesquisou por onze anos as mulheres árabes e veio para completar uma lacuna no teatro, o teatro documental”, orgulha-se.
Ivaldo Bertazzo está em cartaz em São Paulo com o espetáculo “Kashimir Bouquet”, que marca sua volta aos palcos. “Faço uma drag queen que não sabe se é lutadora de kung fu ou drag. Ela oscila entre esses dois personagens”, conta. A apresentação reúne sessenta alunos de sua escola e dançarinos profissionais. Fora isso, o coreógrafo possui um quadro no “Fantástico”. “Corpo em Movimento é um sonho antigo. Quero mostrar aos telespectadores como o corpo é um instrumento. Eu não me vejo sem fazer gestos”, conta.
Deixando os assuntos profissionais de lado, os três falam sobre a maturidade. Clarice, de 60 anos, diz que com o avanço da idade não deixou de querer mais know how e sabedoria, mas aprendeu a respeitar o que já sabe. Já Ivaldo, de 59, admite que está com dificuldades em lidar com a idade e confessa que precisa aprender a ser mais econômico.
Frase do final do programa: “Privar o povo do teatro é faltar com a mais elementar prova de amor” e “Somos quando somos os outros”. (Clarisse Abujamra)
“Aonde vão as minhas mãos, segue o meu olhar. Onde eu deposito o meu olhar, construo meu pensamento e é lá que brota a emoção”. (Ivaldo Bertazzo)
Marília Gabriela Entrevista
GNT - Canal Globosat
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