Publicado em 21/03/2023 às 06:51:00
O jornalista e diretor de TV James Ackel está disputado uma vaga na Academia Brasileira de Letras com o cartunista Mauricio de Sousa. Ao NaTelinha, Ackel, que começou sua carreira na televisão aos 6 anos na Record, conta que admira o criador da Turma da Mônica, mas acha que a proposta do seu concorrente para entrar na ABL “seria o fim da literatura escrita nos livros”.
“Eu vi que um concorrente, que eu admiro muito por todo trabalho dele realizado nas artes, que é o Maurício de Sousa, de quem eu sempre fui admirador, quer levar a literatura aos quadrinhos. Por mais que eu goste do Maurício de Sousa e respeite toda sua obra que conheço desde minha infância, eu não posso aceitar uma proposta destas porque isto seria o fim da literatura escrita nos livros”, explicou James Ackel.
Sua proposta se conseguir uma vaga de imortal na ABL é criar uma Feira Itinerante de livros que percorra o Brasil divulgando os escritores nacionais: "Vivemos um tempo onde a Música Popular Brasileira é deixada de lado por alternativas nem um pouco musicais e até agressivas contra a sociedade e as mulheres. Então, precisamos preservar ao máximo a nossa literatura clássica. Escrita em livros e não em quadrinhos de revistas".
O que levou você a concorrer à cadeira de numero 8 da Academia Brasileira de Letras?
James Ackel - Alguns amigos me disseram que sou louco de tentar esta eleição porque eu não tenho como vencer os grandes nomes de Maurício de Sousa e Roberto Cavalieri. Mas se você não disputa você não pode mostrar as ideias em que você acredita que pode colaborar com alguém.
Se a gente não disputa por medo de perder ou certeza que o outro vai vencer, então nenhuma emissora de TV deveria existir porque a TV Globo é imbatível. Eu tenho uma profunda admiração pela Academia Brasileira de Letras por ser o último reduto da defesa na nossa literatura, numa época onde as pessoas não respeitam a língua nossa e até ironizam os que a defendem.
Encontramos em salas de aula alunos que provocam professores e até os que agridem professores. Neste cenário eu acredito que posso colaborar e muito em um grande projeto para ser realizado pela ABL. Sei que os dois outros candidatos têm uma história de vida muito linda. Mas eu tenho um projeto de verdade para que a Academia Brasileira de Letras vá até o povo e se mostra no que tem de excelente.
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Que projeto é esse?
James Ackel - Minha ideia é que a Academia Brasileira de Letras crie uma Feira Itinerante de Livros que percorra o Brasil divulgando os escritores de nossa terra. Eu vi que um concorrente, que eu admiro muito por todo trabalho dele realizado nas artes, que é o Maurício de Sousa, de quem eu sempre fui admirador, quer levar a literatura aos quadrinhos.
Por mais que eu goste do Maurício de Sousa e respeite toda sua obra que conheço desde minha infância, eu não posso aceitar uma proposta destas porque isto seria o fim da literatura escrita nos livros. Vivemos um tempo onde a Música Popular Brasileira é deixada de lado por alternativas nem um pouco musicais e até agressivas contra a sociedade e as mulheres. Então, precisamos preservar ao máximo a nossa literatura clássica, escrita em livros e não em quadrinhos de revistas.
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Quando vai ser a eleição?
James Ackel - Até onde eu soube a eleição será dia 27 de abril. Primeiro eu preciso conseguir o endereço dos Imortais que vão votar para que eu possa mandar uma carta a cada um deles contando do meu projeto.
Quem sabe eu consiga convencer alguns acadêmicos a votar em mim, mas preciso ter acesso aos endereços deles. Vou ter que fazer mágica para conseguir os endereços e depois escrever um texto para cada um contando meu projeto.
Como foi sua vida nas artes?
James Ackel - Eu comecei muito cedo e aos 6 anos de idade eu já era o mais jovem apresentador de TV do mundo, com contrato assinado com a TV Paulista que hoje é a TV Globo. Depois fui para a TV Record onde fiquei 4 anos e fui líder de ibope por todo o tempo em São Paulo e Rio.
Ainda atuei na TV Excelsior, e anos mais tarde, voltei a fazer produção na TV Record. Muito anos depois eu produzi, dirigi e apresentei um Show das Dez todo domingo às dez da noite ao vivo pela AllTV, que era exibida em TV a cabo.
Ainda tive atuações na RedeTV! e SBT. Fiz também produção e direção de um Especial sobre Hebe Camargo como Especial de fim de ano da TV Band em 2020, lugar, aliás, onde sei que tenho bons amigos. Escrevi 3 peças de teatro, República das Calcinhas, Democracia Sem Vergonha e As Alegres Comadres de Copacabana, tendo produzido e dirigido as duas primeiras.
Escrevi muitos contos sobre a alma humana e as relações entre homens e mulheres, além de contos sobre as perdas de entes queridos. Também escrevi inúmeros artigos como convidado da Folha de S.Paulo desde 2011. Enfim sei que tenho muito a contribuir e realizar na Academia Brasileira de Letras.
Então você é contra transformar obras da literatura em história em quadrinhos para popularizá-las?
James Ackel - Você populariza as obras da maneira que a Folha já fez, imprimindo os volumes de maneira fiel à obra e vendendo em bancas de jornais com publicidade para o povo. Quando você põe no papel uma história literária em quadrinhos, você está desmontando a literatura porque você usa a mesma matéria que é o papel para desenhar ao invés de escrever.
É o mesmo que você tirar a capa preta dos juízes para popularizar a Justiça. Há muitos anos atrás eu vi José Sarney justificar certas coisas e atos pela liturgia do cargo. Temos que entender que as palavras em papel são a liturgia da literatura.
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