Publicado em 29/12/2022 às 06:37:00
O streaming veio para ficar, e a medida que surgem novas opções, quem reinava em absoluto no segmento pode ter que correr atrás. Foi o que aconteceu com a Netflix nos últimos três anos. Líder da área, viu surgir concorrentes de peso, com grandes conglomerados injetando milhões de dólares para entrar em um mercado que ela sempre dominou.
Para ser lucrativa, a Netflix demorou uma década inteira. Em 2015, teve que se endividar de novo para produzir conteúdo. Em um negócio altamente alavancado, despejou bilhões de dólares na tentativa de fidelizar o cliente e apostar em diferentes produtos para fisgá-lo.
Depois de investir cerca de US$ 15 bilhões em 2022, vê um futuro mais frutífero para o próprio caixa, que chegou a sangrar mesmo quando não tinha concorrentes. A decisão de se abrir para a publicidade, de acordo com analistas, parece destinada a garantir ainda mais o crescimento do lucro.
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Ao contrário das concorrentes, a Netflix não precisa decidir se o conteúdo vai ou não para a TV, cinema ou streaming. Ou na ordem que almeja fazer isso. A empresa deve continuar se beneficiando dessa cadeia que se formou e crescer com a nova regra de compartilhamento de senhas e iniciativas de publicidade.
Tudo isso ao passo que a Disney e Warner, por exemplo, busquem uma estrutura de custos que funcione no streaming enquanto experimentam quedas em outros serviços, afetando pilares substanciais nos seus negócios, como a TV linear.
No terceiro trimestre deste ano, a empresa registrou um lucro líquido de US$ 1,39 bilhão, um recuo frente ao resultado de US$ 1,44 em comparação ao mesmo período do ano passado. Com a diferença que seus concorrentes cresceram em relação ao número de assinantes, enquanto ela registrou perda pela primeira vez em uma década.
No balancete geral, a Netflix cresceu a US$ 7,92 bilhões e tem uma case de 223 milhões de clientes, superando a perdas significativas que teve. A projeção é que o ano de 2022 termine com cerca de 228 milhões de assinantes.
Prova que a Netflix vem sendo a única a vencer nessa guerra de streamings é o desempenho da Disney. No mês passado, ela reportou uma perda trimestral de US$ 1,5 bilhão no Disney+, apesar de ter ultrapassado a marca de 175 milhões de assinantes. O resultado foi tão desastroso que a empresa demitiu seu executivo-chefe Bob Chapek e trouxe um velho conhecido, Bob Iger.
Se quem pensa que ela poderia angariar mais assinantes removendo seus conteúdos licenciados em 100% dos canais a cabo rivais e também streamings (o que aconteceu por aqui, por exemplo), a perda seria de até 41% da receita total. Ou seja, a Disney precisa mesclar boas decisões para o seu streaming, canais a cabo e TV linear. Não há espaço para extremismos e privilegiar somente sua plataforma lançada em 2019. Empilhar todos esses copos pode ser uma tarefa extremamente complicada.
O crescimento de uma receita anual de US$ 8,8 bilhões para US$ 29,7 bilhões entre 2016 e 2021 - crescimento anual de 27,5% -, só foi possível porque a Netflix investiu forte na América Latina e Ásia, já que não tinha mais para onde crescer nos Estados Unidos e Canadá.
Apesar de acreditar que a concorrência é um redutor de crescimento, espera-se que a empresa eleve sua receita em 10% em 2023 e até 19% em 2024. Para isso acontecer, aumentos são esperados, sem contar os anúncios, que surge como alternativa para crescer a capacidade de fazer dinheiro.
Enquanto a Netflix tenta permanecer no topo, seus principais concorrentes tentarão alcançá-la sem a mesma lucratividade e penetração, mas com muito dinheiro e grandes conglomerados por trás injetando alguns milhões de dólares na tentativa de expandir sua fatia no mercado.
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