Publicado em 24/04/2020 às 05:16:00
Na tentativa de aumentar ainda mais seu alcance junto ao público brasileiro e repercutir com produções próprias, a Netflix decidiu mudar uma espécie de regra interna em não contratar ex-globais de peso para trabalhar na plataforma. A gigante do streaming começará, a partir de agora, a mirar na Globo e tentará alcançar o padrão de produções da emissora carioca, mesmo que para isso precise colocar a mão no bolso.
Isso vai contra o que era implantado desde que entrou no Brasil com conteúdo nacional, em 2016 com 3%, quando tomou uma decisão artística bastante controversa: ignorar qualquer nome de peso que tenha trabalhado na Globo anteriormente. A direção do serviço não queria vincular sua marca a profissionais do canal e isso tem a ver com uma negativa dada pela TV da família Marinho.
Para entender esta dinâmica é preciso voltar no tempo. Em 2015, quando passou a produzir conteúdo no Brasil, a cúpula da Netflix chegou a se reunir com a Globo para tentar uma parceria. A ideia era de que todas as séries com o selo da plataforma fossem produzidas dentro do Projac, hoje Estúdios Globo, mas a direção da emissora recusou a oferta e explicou que os estúdios são utilizados apenas para trabalhos do Grupo Globo.
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Sem contar com o selo da Globo, a gigante do streaming lançou diversas séries e nenhuma pegou de fato, segundo avaliação da cúpula da plataforma nos Estados Unidos. Embora a direção da Netflix esteja plenamente satisfeita com os resultados no Brasil, eles sabem que os mais de 15 milhões de assinantes brasileiros pagam mensalidade pelo conteúdo internacional e esnobam o que se faz em terras tupiniquins.
A preocupação com o baixo desempenho começou em 2018, quando a Netflix percebeu que O Mecanismo, embora com repercussão, não teve metade da audiência no Brasil que Narcos, mesmo sendo do mesmo produtor executivo, José Padilha, e tendo um dos grandes nomes brasileiros da interpretação, Selton Mello.
A cúpula americana da empresa passou a buscar soluções ao notar que, além de serem ignoradas, as produções brasileiras da Netflix não tinham o mesmo acabamento que as novelas globais, já que seu plano iniciou não estava funcionando. Ao não ver a parceria com a Globo avançar, a empresa contratou produtoras, seguindo o mesmo estilo de negócio praticado nos EUA, mas sem se atentar para um detalhe que agora ficou claro para os executivos: como apenas a Globo produzia dramaturgia no Brasil, em geral, nenhuma dessas produtoras tinha a expertise necessária para assumir um projeto grandioso como a Netflix e a estratégia acabou não funcionando.
Reuniões da empresa no segundo semestre de 2019 já deixaram clara a mudança de perfil. A cúpula da Netflix nos EUA mandou o recado e quer seus produtos com o padrão Globo de qualidade porque é isso que os assinantes enxergam nas produções do streaming feitas em outros países, principalmente nos EUA.
Sem saída, a direção começou uma discreta procura por nomes que estão disponíveis no mercado e que tenham contribuído para a construção do padrão Globo de qualidade. Entre eles, os autores Lauro César Muniz e Aguinaldo Silva, que chegaram a apresentar projetos e estão sob avaliação. Integrantes da área financeira sabem que para ter nomes desse porte, o investimento será alto, mas o recado já foi dado: a plataforma irá colocar a mão no bolso para levar o plano adiante.
Esta mudança de movimento ficou clara com a contratação de Bruno Gagliasso para seu time de atores. A empresa não tinha, até então, nenhum ator com contrato fixo no Brasil e todo o casting negociava por temporada para cada uma das séries. Com ele foi diferente e não é porque apresentou dois projetos de séries, mas funcionou como um recado para o mercado.
O recado é claro e já começou a ser absorvido nos bastidores das produtoras: a Netflix quer ser a Globo do streaming e vai utilizar ex-globais para isso, a partir de agora, não importa o preço que custe.
O dono de uma produtora conversou com o NaTelinha e chegou a brincar com o assunto dizendo que finalmente o embargo de estrelas da Globo caiu na plataforma, já que, até então, era proibido cogitar roteiristas e diretores de alto padrão da emissora carioca.
Sem citar nomes, um funcionário da Netflix Brasil chegou a comentar que os chefões dos EUA ficaram insatisfeitos com pelo menos duas produções brasileiras por considerá-las abaixo do padrão mínimo aceitável em termos de produção e comparando com o que a própria plataforma faz em outros países.
Para isso, o projeto é que nomes de bastidores também sejam contratados e que tenham experiência na Globo. A ideia da Netflix é melhorar em cenários, maquiagem, figurino, fotografia e em edição. Até a escolha de elenco sofrerá uma alteração para aproximar suas produções da estética da Globo.
Pela cúpula americana, o streaming brasileiro já estaria produzindo novelas, já que há uma identificação clara de que o público está acostumado com o formato e não se enxerga num horizonte imediato que uma série consiga atingir a força de uma telenovela por aqui.
Há, no entanto, dois pontos que impedem a produção de novelas pela Netflix Brasil: a primeira é que a direção não quer algo semelhante ao que se faz na Globo por entender que o público não iria trocar o que já é acostumado por décadas para ver a mesma coisa na internet. Por isso, espera-se uma inovação no formato que ainda não foi proposto. O outro fator impeditivo é a atual diretora de conteúdo da empresa, Maria Ângela de Jesus, que é contra investir em novelas.
Embora ainda não esteja decidida completamente a produzir novelas, o conteúdo da Netflix no Brasil vai sofrer uma grande virada nos próximos anos, já que as próximas séries serão na verdade novelas disfarçadas e buscando atingir o padrão Globo de qualidade.
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