Publicado em 23/04/2024 às 20:30:00
O Centro de Articulação das Populações Marginalizadas (CEAP) vai acionar o Ministério Público do Rio de Janeiro para pedir a apuração de suposta intolerância religiosa que teria sido cometida por Ludmilla durante show no Coachella, nos Estados Unidos.
A polêmica teve início na performance da música Rainha da Favela, quando o telão da apresentação da cantora exibiu uma imagem em que se lia a frase "Só Jesus expulsa o Tranca Ruas das Pessoas". O Tranca Ruas é um dos exus, entidades da umbanda, religião de matriz africana.
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Sendo acusada de preconceito, Ludmilla se pronunciou nas redes sociais e negou as denúncias de intolerância religiosa e alegou que "tiraram do contexto uma das imagens do vídeo do telão do show em Rainha da Favela".
De acordo com a artista, seu show "traz diversos registros de espaços e realidades a qual eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado dele, e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha".
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Apesar da explicação de Ludmilla, o CEAP quer que a cantora seja instada a se manifestar, avaliando que, ainda que não tivesse a intenção, a conduta é "juridicamente reprovável".
O advogado Gustavo Proença recorreu à Lei do Racismo (nº 7.716/89) na representação. "Tem que estar sempre contextualizada. Se não tiver uma informação, ela irá, sim, funcionar como propaganda de intolerância religiosa. A suástica, por exemplo, não pode ser usada se não estiver num contexto de reprovação ao nazismo, senão acaba virando propaganda", explicou ele, ao jornal O Globo.
Já o babalawô Ivanir dos Santos, coordenador da CEAP, lamentou que esse episódio seja protagonizado por Ludmilla, uma mulher negra da comunidade LGBTQIA+. "É lamentável ver que ela está cometendo um crime baseado numa lei que protege a comunidade LGBTQIA. Ela viola justamente uma lei que equiparou o crime de homofobia ao de racismo", reclamou.
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