Publicado em 10/01/2023 às 10:09:00,
atualizado em 10/01/2023 às 10:39:44
O Procurador-Geral da República Augusto Aras gerou revolta após atacar Miriam Leitão. Citado em coluna da jornalista no último domingo (8), ele disparou contra a funcionária do Grupo Globo no dia seguinte: “Parece que tem fetiche comigo”. A fala causou revolta e gerou notas de repúdio tanto da Globo quanto de um importante órgão de jornalismo.
Em coluna no jornal O Globo do último domingo (8), Miriam Leitão relembrou um ofício assinado pela Procuradoria Geral da República, em novembro de 2022, que acabou com os grupos das procuradorias que combatiam atos antidemocráticos. Segundo a jornalista, Aras criou apenas uma comissão ligada a ele, em substituição a todos os grupos criados no Brasil.
Na entrevista ao programa Fato & Opinião, da BNews TV, nessa segunda-feira (9), Aras rebateu as informações, justificando que tomou a decisão após observar como funcionavam alguns grupos, como no Ministério Público, que, segundo ele, se reuniam para realizar o que nomeou de “vazamento seletivo”, em referência às informações sobre a Operação Lava Jato.
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Após a justificativa, Aras atacou Miriam: "Essa senhora parece que tem um fetiche comigo, talvez porque eu não tenha atendido às matérias seletivas para ela e à família dela. Essa senhora foi cortada da seletividade que tinha na Operação Lava Jato. E, provavelmente, o jornal dela ganhou mais dinheiro do que com a novela das 8".
"Essa vingança é algo que eu lamento, mas é a dura realidade. Não tem vazamento seletivo para nenhum meio de imprensa no Brasil. Na nossa gestão, o que existe é o respeito ao devido processo legal", completou Aras. A fala causou revolta e deu origem a notas da Globo e da Associação Nacional de Jornais (ANJ).
“As ofensas à jornalista Miriam Leitão e ao Jornal O Globo, proferidas pelo Procurador Geral da Republica Augusto Aras, nessa segunda-feira em entrevista à BNews, merecem o mais absoluto repúdio. É assustador que alguém que ocupa o cargo mais elevado do Ministério Público, guardião maior da lei, ofenda a honra de uma das profissionais mais brilhantes e corretas do jornalismo brasileiro. E de um jornal com um extenso histórico de serviços prestados à democracia brasileira. Ninguém é imune a críticas - nem jornalistas nem autoridades. Mas ninguém, no Estado Democrático de Direito, pode ofender de maneira tão vil como fez o Procurador-Geral. A ofensa de Aras certamente diz mais sobre ele do que sobre Miriam e O Globo.”
“A ANJ repudia os ataques desferidos pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, contra a jornalista Miriam Leitão, em entrevista ao site BNews na segunda-feira. O caráter ofensivo das manifestações se torna ainda mais grave quando partem de uma autoridade que deveria zelar pela proteção legal à imprensa e, ao mesmo tempo, defender o respeito à atividade de mulheres jornalistas, que têm sido as mais agredidas nos últimos anos no Brasil. Por fim, a ANJ reafirma sua solidariedade à Miriam Leitão, vencedora do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa em 2017, exatamente em razão de sua postura permanente em defesa dos valores e princípios que norteiam o melhor jornalismo.”
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