“Eu achei que foi uma coisa sem coração. Se eu tivesse uma emissora nunca mandaria embora alguém com 85 anos e com contrato vitalício"
Marina Miranda
Publicado em 21/09/2021 às 16:30:00,
atualizado em 21/09/2021 às 16:34:01
Marina Miranda morreu aos 90 anos na noite da última segunda-feira (20). Ela estava internada desde domingo (19) no hospital público Miguel Couto, zona sul do Rio. A humorista sofria de Alzheimer e estava com uma grave infecção urinária e doença pulmonar. Miranda passava por problemas financeiros que se complicaram, ainda mais, quando seu contrato vitalício com a Record foi encerrado em 2015.
Em 22 de novembro daquele ano, ela foi chamada para ir ao Recnov e foi informada pelo então diretor de elenco do canal, Fernando Rancoleta, que o contrato dela estava encerrado. “Quando eu cheguei na Record, vi que estava tudo revirado e tinham móveis no meio da rua, achei estranho. O Rancoleta foi muito gentil e ficou com medo de me dar a notícia”, contou Marina em entrevista ao jornalista Sandro Nascimento, colunista do NaTelinha.
“Queriam medir até minha pressão. Então, prevendo o que viria, comecei a perguntar o que estava acontecendo. Foi quando ele me disse que a Record no Rio estava fechando e por economia eu estava sendo despedida. O Rancoleta ainda me disse para não ficar zangada porque a Globo iria me ajudar”, completou.
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A entrevista ocorreu em 2016 e a comediante destacou que recebeu documentos da rescisão para assinar. "Na hora eu fui assinando, não tinha advogado. O que poderia fazer? Os papéis estavam todos prontos. Me disseram depois que eu deveria ter lido. Não deu tempo, assinei sem ler”, declarou.
A atriz não escondeu na entrevista que ficou muito chateada com a Record, principalmente pelo fato de não ter tido a oportunidade de levar um advogado ou algum profissional do sindicato para auxiliá-la no rompimento. “Quando eu cheguei em casa eu pensei: 'Meu Deus, eu não era vitalícia? Meu Deus, pra que eu fui assinar se era vitalícia?'", emocionou-se.
“Eu achei que foi uma coisa sem coração. Se eu tivesse uma emissora nunca mandaria embora alguém com 85 anos e com contrato vitalício"
Marina Miranda
“No dia que completei 10 anos de emissora eles me mandaram embora. A Record podia ter me mandando um telegrama ou uma carta me avisando. Mas foi de supetão, me pegaram desprevenida. Era para eu ter um troço mesmo”, acrescentou. Ela estava desempregada. O salário dela na Record era de R$ 4 mil. Depois disso, não trabalhou mais na televisão.
Marina Miranda começou sua carreira no humorístico Balança Mas Não Cai, humorístico que migrou da Rádio Nacional para a Globo em 1968. Nos anos seguintes, engatou participações em Dona Xepa (1977), Dancin' Days (1978), Os Trapalhões (1979-87), A Gata Comeu (1985), dentre outros.
Marina começou a fazer um grande sucesso em todo país a partir dos anos de 1980, quando fez dupla com o ator Tião Macalé (1926 -1993) onde o bordão "Crioula difícil” ganhou o público brasileiro. A partir dali, conquistou o respeito de diversos colegas e foi chamada para outros trabalhos.
Ela também na Escolinha do Professor Raimundo no início dos anos 90. Voltou a interpretar Dona Charanga em 1999 no extinto Zorra Total e na própria Escolinha em 2001. Depois, se transferiu para a Record onde fez Prova de Amor (2005), Caminhos do Coração (2007), Os Mutantes (2008) e Promessas de Amor (2009).
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