Publicado em 16/07/2021 às 04:49:00,
atualizado em 16/07/2021 às 10:39:13
Uma das figuras mais irreverentes da história da Band e da TV brasileira, o apresentador Bolinha completaria 85 anos nesta sexta-feira, 16 de julho. Filha dele, Vitória Cury luta para manter viva a memória do comunicador. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, ela relata, pela primeira vez, seus últimos momentos ao lado do pai, vítima de um câncer no aparelho digestivo. “Acabou, não tem mais jeito”, disse o veterano à herdeira pouco antes de morrer.
Bolinha enfrentou a doença por três anos e faleceu em 1º de julho de 1998, aos 61 anos. “No dia 30, ele estava ótimo. Saí do hospital e, assim que cheguei em casa, o médico ligou pedindo que eu voltasse para que pudéssemos nos despedir, porque ele seria intubado. Ele disse: ‘É, filha, não tem mais jeito’. Eu não acreditei que aquela seria a despedida, porque ele estava lúcido”, conta Vitória Cury.
“A imagem que eu guardo do meu pai é exatamente essa. Conversando com alguma dificuldade, ele me disse: ‘Acabou, não tem mais jeito’. Quando fui me afastando, ainda sem acreditar que seria o nosso último encontro, ele acenou para mim, dando tchau. Essa é a cena que tenho na cabeça”, detalha a produtora cultural.
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Vitória conta que os médicos diziam que Bolinha estaria bem até o aniversário, em 16 de julho, quando completaria 62 anos. “Sofri muito com doenças na família, mas não tinha consciência que intubar um paciente muitas vezes se refere a não voltar mais. É o que estamos vendo hoje em dia [com os casos de Covid-19].”
A filha de Bolinha lembra que o apresentador foi para o hospital no princípio de junho. “Ele relutou muito. Dizia ‘Como assim, eu tô ótimo, o que eu vou fazer no hospital?’, mas conseguimos convencê-lo. Na hora de sair do carro, ele disse: ‘Não vou entrar no hospital, porque não saio mais. Tenho que me despedir de São Paulo, essa cidade que tanta coisa boa me deu'”.
“Ficamos andando por vários locais. Eu, em prantos no banco de trás do carro, mas não deixei ele perceber. Só depois demos entrada no hospital. Ele tinha plena consciência de que não sairia mais dali”, recorda. Nos últimos meses do tratamento, o comunicador já havia perdido cerca de 15kg. “Para um homem que era superforte, a gente nem reparava.”
Sempre antenado na TV, o veterano mostrou lucidez até o fim. Em novembro de 1997, quando ainda acreditava estar com diverticulite, previu o diagnóstico de metástase pela rápida duração de um procedimento médico. “Já estou todo tomado”, disse à filha, completando em seguida: “O exame durou menos de 20 minutos, com certeza olharam e viram que não tinha mais jeito”.
O Clube do Bolinha ficou no ar nas tardes de sábado da Band por 20 anos, entre 1974 e 1994, neste período, seguiu como a maior audiência semanal da emissora. Suas bailarinas eram apelidadas de "boletes". Os quadros Eles e Elas, onde transformistas dublavam no palco, e a competição de calouros ficaram como os mais icônicos da atração.
Relembre a abertura do programa:
Mesmo com o avanço da doença, Bolinha e Vitória não falavam em morte. “Em casa, essa palavra era proibida. Às vezes, ele me aconselhava: ‘Papai não é eterno, as pessoas não são tão boas como você julga’. Eu não gostava de falar nesse assunto, mas a minha paixão por ele era tanto que eu também não concebia a ideia de mantê-lo aqui.”
A filha do apresentador não cogitava perder o pai mesmo durante o período de quimioterapia. “Ele voltava das sessões como se tivesse tomado água. Talvez por isso eu não tenha me preparado para perdê-lo e enfrentar as dificuldades financeiras que enfrento até hoje”, avalia.
A verve comunicadora, presente em seu DNA, é mostrada em um novo projeto para a Rede Essência TV, da qual é madrinha. A programação é da Cathedral Films, liderada pelo diretor Bruno Ravignoli, também responsável pelo documentário sobre a história de Bolinha. Ainda em processo de concepção, o programa de Vitória será alto-astral. “Não fosse meu lado místico e espiritual, eu não estaria mais aqui”, afirma.
Hoje, a herdeira de Bolinha paga aluguel e tem contra si uma ordem de despejo, mas negocia um imóvel que integra o inventário do pai. “Sou uma pessoa que não tenho ninguém, sou Deus e eu. Não estou pedindo dinheiro para ninguém, estou negociando. Não consigo chegar até alguns artistas, que com certeza fariam live ou dariam apoio nas redes sociais, por que assessoras não deixam chegar até eles. Pessoas que começaram junto do meu pai. Visualizam minhas mensagens e nem sequer me respondem”, relata, indignada.
“Tenho certeza que Ratinho, Amado Batista, Zezé Di Camargo, Luciano, Chitãozinho, Xororó, Daniel, Leonardo e outros artistas que estiveram tão juntos do meu pai, se soubessem dessa situação, me estenderiam a mão. Não estou falando só da minha pessoa, mas do acervo dele, um homem que fez história na televisão brasileira, que não tenho onde por.”
Em casa, são mais de 4 mil fotos, camisas usadas pelo veterano, além de troféus e outros itens pessoais - alguns foram leiloados recentemente. Ela administra ainda uma lojinha virtual com artigos relacionados à memória do pai. Antes da pandemia, levou às ruas o Bloco do Bolinha, em São Paulo. “O legado dele nunca vai morrer enquanto eu viver”, garante Vitória.
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