Publicado em 04/05/2020 às 12:03:03
O ator Flávio Migliaccio, de 85 anos, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (4), em Rio Bonito, na região metropolitana do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada primeiramente pelo jornal O Globo.
Flávio estava em seu sítio na Serra do Sambê, que mantinha desde a década de 1970. Segundo a publicação, ele deixou uma carta para os familiares.
A última participação do ator na TV foi no ano passado, na novela Órfãos da Terra, como Mamede Adud. Flávio teria avisado, ainda, que iria para Rio Bonito na semana passada.
Migliaccio ganhou grande notoriedade nos anos 70 em O Primeiro Amor e Shazan Xerife e Cia (1972). Ele ainda atuou na primeira versão de O Astro (1977), Pai Herói (1979), dentre outras produções. Ao todo, foram mais de 40 novelas e 20 filmes no currículo
Um dos seus trabalhos mais recentes pode ser conferido na reprise vespertino da sessão Vale a Pena Ver de Novo, da Globo. Na novela Êta Mundo Bom!, de Walcyr Carrasco, ele interpreta o Dr. Josias da Conceição.
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Um dos maiores prêmios do ator foi em 1972, quando venceu o Troféu Imprensa como Melhor Revelação por O Primeiro Amor. Em 1995, venceu o Troféu APCA como Melhor Coadjuvante em A Próxima Vítima e em 2019, o mesmo prêmio por Órfãos da Terra.
Em uma entrevista ao NaTelinha publicada em 2018, Flávio Migliaccio falou sobre dois de seus personagens mais marcantes na TV: o tio Maneco do seriado infantil As Aventuras do Tio Maneco, produzido pela TVE no início dos anos 80, e Xerife, da série Shazam, Xerife e Cia que fez com Paulo José entre 1972 e 1974 na Globo.
"[Maneco] é um personagem muito atual. Falava da ecologia, dos problemas sociais... Todos os problemas sociais que a gente está vivendo hoje, o Tio Maneco comentava sobre isso. Tanto que ele vivia numa cidadezinha que chamava 'Vila da Agonia', cheia de políticos corruptos. Então, já naquela época o Tio Maneco falava tudo que acontece hoje no Brasil. Não só tio Maneco mas o Xerife também, de 'Shazam, Xerife e Cia' que eu fiz com o Paulo José".
Já questionado sobre o momento mais importante em sua vida, Migliaccio respondeu que foi a capacidade de descobrir o outro lado do realismo, e explica: "Desde criança eu aprendi que não existe apenas uma realidade que se apresenta pra nós normalmente. A realidade tem coisas por trás dela que a gente tem que perceber e sentir. Não é só aquilo que toca aos nossos sentidos. Tem que fazer que nosso intelecto, nossa razão, absorva isso que os sentidos colocaram e passe a fazer outras coisas. Eu sempre fui muito criativo nesse sentido. Não bastava a realidade pra mim. Eu acho que a realidade tinha uma coisa a mais que a gente tinha que descobrir. Eu passei a tentar descobrir essas coisas. O que me deixou mais feliz na vida, foi isso, de descobrir o outro lado do realismo".
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